Se há uma coisa que todo fã de House of the Dragon concorda é que a atuação gloriosa de Paddy Considine trouxe peso e outra visão de uma personagem apática nos livros de George R. R. Martin. Viserys I, nas páginas, é um rei fraco, alheio às consequências de suas escolhas e cuja falta de pulso acelerou o processo da guerra civil que dizimou dragões e parte da Casa Targaryen quando morreu. Na série, no entanto, vimos um homem bom tentando prevalecer em um universo corrupto e tóxico, um rei que morreu por dentro quando privilegiou a sucessão à vida de sua esposa amada, de um líder que se manteve firme em sua decisão de nomear sua filha (uma mulher, ó!) como futura rainha e ainda um irmão que sofria com a instabilidade emocional e inconstância de quem mais amava. Isso tudo graças à Paddy, que defendeu Viserys I visceralmente e conquistou um reinado de fãs apaixonados e fiéis.

No Reino Unido, Paddy é premiado e idolatrado, mas ainda não tinha um público internacional forte. House of the Dragon mudou isso, no entanto, tem sido ignorado em todas as premiações até agora, mesmo que elas reconheçam outros nomes do elenco e a série. Uma injustiça já tradicional do universo de Game of Thrones.

Quando a série original estreou, sua primeira grande estrela, Peter Dinklage, começou a colecionar prêmios e elogios, todos mais do que justificados. Foi indicado oito vezes por sua atuação icônica como Tyrion Lannister. Ganhou três.

Sem desmerecer nenhuma de suas vitórias que foram celebradas por mim, cada uma. Enquanto Peter recebia o reconhecimento por um grande trabalho, outros demoraram a inclusive ganhar alguma indicação, dois inclusive também defendendo a Casa Lannister. Ao longo dos 10 anos de produção, Lena Headey – que arrebentou como Cersei – foi indicada nada menos do que cinco vezes. Não levou nenhuma, nem mesmo por conta de uma arrasadora virada depois da Caminhada da Vergonha. Pior ainda foi Nikolaj Coster-Waldau, que me lembra muito o caso de Paddy Considine.

Nikolaj fez de Jamie Lannister um antagonista-herói-amado-odioado e universalmente admirado. Sua interpretação do angustiado personagem merecia ter sido indicada desde a segunda temporada, mas só começou a entrar na lista em 2018, a duas temporadas do fim. Competindo com Peter, perdeu as duas vezes, criando uma injustiça de alguma maneira.

Não foi diferente com outros. Emilia Clarke foi indicada quatro vezes, três como coadjuvante, enquanto Kit Harington recebeu apenas duas indicações, uma como coadjuvante e, no final, como Principal.

Mas a história mais impressionante foi a de Alfie Allen. O ator, que acabou com nossos corações com a trajetória de Theon Greyjoy em uma atuação lendária, foi virtualmente ignorado ano após ano. Quando a série acabou, ele mesmo pagou do bolso sua inscrição para ser considerado. Opa, é pago?

Pois é, há uma taxa de inscrição para poder estar em consideração para a indicação, custa 225 dólares e o ator, que sabia que tinha chance e merecia, decidiu agir sozinho. Foi indicado. Vamos ressaltar novamente que estar apto a ser indicado pode ter um custo, mas o que colocou Alfie na seleta lista final foi seu trabalho.

Me parece difícil que o caso de Paddy Considine seja o mesmo de Alfie, nos bastidores, mas infelizmente é o mesmo que Nicolaj, certamente. As indicações ao Emmy ainda não foram anunciadas, mas ele não entrou na lista do SAG Awards, que é sempre o termômetro. Uma injustiça, mas como sabemos, Rei Viserys é amado e icônico graças a ele, jamais esqueceremos seu breve reinado.