As chances de Michelle Yeoh fazer história no Oscar 2023 como a primeira atriz asiática a ser premiada pela Academia crescem a cada semana, e faltam apenas 2 até a festa. Ela tem a forte concorrência de Cate Blanchett por uma atuação incrível em Tár, mas Cate sempre tem atuações incríveis. Michelle, aos 61 anos, sempre foi uma estrela em seu país, ganhou reconhecimento internacional quando foi escolhida como “Bond Girl” em 1997, ao lado de Pierce Brosnan em Tomorrow Never Dies. Há 23 anos, quando estrelou o fenômeno cultural que foi O Tigre e o Dragão, sua contida atuação foi um dos elementos mais forte do filme, mas depois disso ficou em papéis secundários, até o novo fenômeno: Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo, onde é a principal estrela e interpreta vários papéis em um só, confirmando a versatilidade que ainda não tinha sido explorada. E para quem tem o signo do Tigre como Michelle, o ano de 2023 – do Coelho – será um ano positivo, de recuperação depois de fases difíceis. Escrito nas estrelas?

Michelle vem de uma rica família da Malásia, filha de um advogado e uma dona de casa. Com muita energia e natureza competitiva, aprendeu a tocar piano, nadar e jogar tanto basquete como rugby, chegando a ser Campeã Junior de Squash, mas queria mesmo ser bailarina clássica. Tanto que, com apenas 15 anos, se mudou para Londres onde seguiu seu curso na tradicional Royal Academy of Dance. Naqueles tempos, o Royal Ballet não era inclusivo e praticamente não havia estrangeiros em seu corpo-de-baile, por isso o objetivo de Michelle era o de abrir uma academia quando voltasse para Malásia. Uma lesão nas costas deu fim na carreira que planejou tão cuidadosamente.
Quando voltou para casa, em 1983, participou do concurso de Miss Malasia e foi coroada como a mais bonita de seu país. Foi por isso que surgiu a oportunidade de fazer um comercial que tinha como co-estrela ninguém menos do Jackie Chan. Nascia assim uma parceria lendária no cinema de Hong Kong.
Michelle, cujo nome verdadeiro é Yeoh Chu-Kheng, adotou um nome ocidental de Michelle Khan para desenvolver sua nova carreira: atriz de filmes de ação. Jackie Chan já era uma estrela e ao fazer par com ele, rapidamente passou a ser famosa também. Estreou em 1984, em The Owl vs Bumbo, mas fez o tradicional papel da mocinha em perigo. Curiosa pelas sequências de luta, Michelle investiu no estudo das Artes Marciais e seu segundo filme, Yes, Madam!, em 1985, já a trazia lutando de igual com os homens. Foi o primeiro de vários sucessos.
Assim como Jackie, Michelle fazia suas próprias lutas sem o apoio de dublês e em 12 anos, como consequência de tantas acrobacias perigosas, saiu do set de The Stunt Woman, em 1996, com uma vértebra fraturada e costelas quebradas. Foi nessa época que a selecionaram para entrar para a franquia de James Bond, trocando mais uma vez o nome artístico. Agora ela era Michelle Yeoh.


Como asiática, Michelle Yeoh está abrindo caminho para várias estrelas mesmo em Hollywood. Foi a primeira “Bond Girl” asiática e igualmente uma das primeiras parceiras de 007 que lutava mais do que ele, participando de igual nas cenas de ação. E foi apenas o teaser porque as sequências de Artes Marciais da atriz em O Tigre e o Dragão estão entre as melhores do cinema. E olha que estava com os ligamentos do joelho rompidos quando gravou parte delas!
Nos Estados Unidos, Michelle se viu presa nos papéis etnicos, como o que fez em Memórias de uma Gueixa, em 2005, ou a Múmia (ao lado do também indicado esse ano, Brendan Fraser) por isso tentou ficar no universo sci-fi onde sua origem tinha menos peso, estrelando Sunshine- Alerta Solar e Far North, antes de retornar aos filmes de luta como Reino dos Assassinos, em 2010. Sem esquecer que poderia se provar como atriz dramática, sua atuação no filme biográfico, The Lady, de 2011, como a vencedora do Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.
Como muitas atrizes, Michelle teve dificuldades de papéis depois dos 40 anos, mas piorou quando chegou aos 50, sendo mais frequente como a coadjuvante e mãe dos principais. Sua atuação como a dura matriarca em Podres de Ricos foi elogiada, mas mesmo com o sucesso de bilheteria, não mudou muito a oferta. Esteve em um pequeno papel na comédia romântica Uma Segunda Chance Para Amar, uma participação nas séries Marco Polo, Strike Back e Star Trek: Discovery , além de aparecer em The Witcher: Origem do Sangue assim como no universo Marvel por conta de Shang-Chi e a Lenda dos Déis Anéis. Mas é com o pequeno Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo que finalmente Michelle Yeoh recebeu o reconhecimento por mais de 30 anos de carreira.


Estrela essencial de uma trama complexa, de multiversos, na qual Michelle transita em diferentes personalidades, ela é a alma e o coração do filme, escrito especialmente para ela. Com sua elogiada interpretação EVelyn Wang, a frustrada dona de uma lavanderia em apuros, ela tem tudo para fazer História na noite de 12 de março.
Ativista, premiada e empoderada, Michelle está em uma relação estável com Jean Todt, Presidente da FIA – Federação Internacional de Automobilismo, há 21 anos. Na noite do Oscar, se for mesmo a escolhida como Melhor Atriz, a Academia pode acabar com qualquer esperança de que ela vá subir e agradecer em apenas 45 segundos. No Globo de Ouro, quando o maestro começou a tocar a música para forçá-la encerrar, ela interrompeu o discurso e avisou: “Pode parar senão bato em você e você sabe que sei lutar”. Imagem a cena no Oscar?