The Last of Us conclui 1ª temporada com aprovação dos fãs

Dependendo do público, a coincidência da conclusão de The Last of Us na noite do Oscar “esconde” um episódio que não apenas conclui a 1ª temporada, como – para quem sabe dos spoilers – define a trajetória da história. E já dá um aperto no coração.

A abertura do episódio, com outra homenagem à atriz que deu vida a Ellie nos jogos, Ashley Johnson, interpretando a mãe da personagem, Anna. A encontramos fugindo de infectados, já em trabalho de parto, mas tendo que se defender e dar luz ao mesmo tempo. Assim é contextualizada a imunidade da menina: sua mãe foi infectada quando ainda estava com o cordão umbilical ligando ambas e mesmo o cortando o mais rápido possível, de alguma forma o fungo passou para Ellie, que criou anticorpos. Anna obviamente tem que ser morta e entrega a criança para sua amiga Marlene (Merle Dandridge) a mesma que no início da temporada coloca nos ombros de Tess (Anna Torv) e Joel (Pedro Pascal), a missão de transportar Ellie adolescente para um centro médico, onde será estudada para encontrar a vacina para o Cordyceps.

Parece tão distante, não é? Cortamos para os tempos atuais, onde uma traumatizada Ellie está anestesiada e quieta e um totalmente dedicado Joel já a tem como filha. Quem sabe o roteiro do jogo se emocionou com o momento da girafa, que consegue despertar em Ellie um sorriso e que em seguida as coisas tomariam outro rumo rapidamente.

Uma vez surpreendidos pelos Fireflies, Joel acorda cercado por guardas e Marlene explica que ele nem terá tempo de se despedir de Ellie, pois ela já está na mesa de cirurgia. Fosse um Joel de oito episódios atrás, ele se levantaria e iria embora, mas agora ele está emocionalmente envolvido, tendo salvo Ellie e sido salvo por ela, agora a substituta de Sarah em seu coração. Se afastar dela já seria um novo desafio para ele, mas rapidamente ele estranha e entende o procedimento: como o fungo ataca o cérebro, vão matar Ellie em busca de uma possível cura. Mesmo que fosse garantido ele não permitiria isso, ainda mais sendo apenas uma probabilidade. Resta a ele uma resposta violenta e ela será determinante para seu futuro. No rastro de sangue, onde qualquer resistência ou questionamento é respondido com tiro, Joel consegue ‘salvar’ Ellie, em um paradoxo que sua atitude visceral é provocada por sua humanidade.

Ellie tem como propósito de vida ser a cura, a essa altura ela mesma não tem muito apelo à vida, mas o fato é que ela não sabia que teria que se sacrificar. Todas as decisões são tomadas à sua revelia: sua morte e sua sobrevivência e mais à frente, em vez de aproximá-la de Joel, vai afastá-la. No momento, sem conhecimento de nada, ela só descobre que passou por tudo para nada, Joel mente que desistiram de buscar a cura e que há outros como ela. E assim eles voltam para o Wyoming viver a vida de fazendeiro que ele tanto queria. Será que conseguem?

Ao fim da temporada, Pedro Pascal alcança a unanimidade com uma interpretação crescente, crível e empática como Joel. Bella Ramsey enfrentou uma resistência maior, mas praticamente curvou seus piores críticos quando Ellie passou a ter maior protagonismo. A partir da segunda fase, ela será essencial para manter a conexão com o público e demonstrou ter habilidade para o desafio.

The Last of Us confirmou o sucesso esperado, em especial entre os fãs do jogo. Diálogos e ângulos tirados do original emocionaram o público cativo, mas há ainda um dilema para ganhar popularidade. The Last of Us tem concorrência histórica que tirou da série muito do propósito. Falar de um universo apocalíptico, que gera conflitos para conexões em tempos caóticos e sempre gera conflito nas escolhas de sobrevivência já estavam recentemente exploradas com louvor em The Walking Dead. O que pode apresentar de diferente? Até o momento, muito pouco.

Os melhores episódios da série foram os que tomaram liberdade e focaram na emoção, sem exagerar nem na menção como a exposição dos perigos da vida apocalíptica: o encontro entre Frank e Bill, o primeiro amor de Ellie e Riley… pequenos momentos que engrandeceram The Last of Us, porém eles não devem se multiplicar mais à frente. E a trilha sonora também foi inteligente, o que só nos faz ansiar ainda mais quando entrar Future Days e Take on Me.

No jogo, se a violência é essencial para passar de fase, no storytelling da série ficou em grande parte gratuita. A série da HBO conseguiu ser respeitosa e inteligente com a narrativa original, mas mesmo dividindo a próxima e complexa etapa em mais de uma temporada, tem muito mais a provar. A ver com o que vai estar concorrendo!

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