Disclaimer: esse é um texto escrito 100% por uma humana, com 3% de ajuda de IA quando quis conferir algumas traduções. A culpa de erros e opiniões questionáveis não podem ser atribuídas a ninguém mais além de quem digita e assina a autoria do post.
Passamos por uma nova fase da transformação digital, previsível, porém incômoda porque realçou a realidade de algumas áreas até então consideradas 100% “humanas” sejam obsoletas. Dentre elas? A criação. Afinal, usamos cada vez mais alternativas de inteligência artificial e se considerávamos que seríamos insubstituíveis por máquinas quando se tratasse de empatia e criatividade, nos enganamos. Se você está informado, mesmo que minimamente, já percebeu que o ChatGPT é o “bicho” do momento e que para escritores e criativos gerou mais um mercado “ameaçado” se não abrirmos a cabeça.
ChatGPT é a sigla inglesa para chat generative pre-trained transformer, que nada mais é do que conteúdo criado por Inteligência Artificial capaz de manter conversas detalhadas, articuladas e criativas e o resultado tem sido ao mesmo tempo elogiado e temido desde que foi lançado no final de 2022. Efetivamente é o “robô” que pensa, reage e cria. Até então, “a inteligência artificial podia ler e escrever, mas não conseguia entender o conteúdo”. Tudo mudou há pouco mais de seis meses. Está acompanhando?
Então, com o “poder de raciocínio” tão avançado, com o ChatGPT os computadores fazem mais do que “imitar uma conversa humana”, podem escrever roteiros, relatórios, música. Já teve gente que testou como eles teriam feito a temporada final de Game Of Thrones porque a assinada por humanos é até hoje criticada. Ou seja, roteiros de filmes e séries não precisariam de redatores, talvez apenas um executivo – nem mesmo um showrunner – que estabelecesse os parâmetros que quisesse alcançar. Fake news ou fato?
Com essa realidade precisando ser endereçada, nos Estados Unidos os roteiristas já se uniram para buscar blindagem na lei, uma questão que está sendo tratada no Sindicato dos Roteiristas, o WGA- Writers Guild of America. Já que é inevitável, que as regras sejam estabelecidas desde já. A proposta é a de permitir que a inteligência artificial escreva roteiros, “desde que não afete os créditos ou resíduos dos escritores”. Acho dúbio, afinal de quem é mesmo a criação?
Há uma facção mais conservadora – que teme perder empregos – e que defende e proibição total do uso da tecnologia de IA. A surpresa é que o WGA está buscando algo intermediário que permita a um autor de usar o ChatGPT, mas que o serviço será visto algo como um “apoio tecnológico” no desenvolvimento de um roteiro, o que não tira o crédito criativo do autor (humano) e não influi na remuneração, sem precisar compartilhá-la com fabricantes do software. Isso gente, é sobre dinheiro mais do que o assinatura criativa. O conteúdo gerado por IA não será “material literário” ou “material de origem”, tanto que por hora não será permitido submeter um script que seja 100% escrito por um programa de IA.
O campo cinzento não será resolvido em sua totalidade, mas já estar “protegendo” a categoria sinaliza alguns pontos. Primeiro, quando define que o Literary material, o literário, é o conteúdo original que apenas o “escritor” produz, a lei está limitando de alguma forma o avanço tecnológico, o restringindo a um papel de assistente. Ainda não fica claro – pelo menos para mim – se, após o input do IA, se as alterações significativas do material possam ser efetivamente consideradas apenas do escritor. Quando se tratar de source material, o de origem/fonte, que são os materiais adaptados de livros, peças de teatro ou artigos de revistas, não serão considerados “roteiro originais” e o escritor só será crédito como de “roteiro de”, em vez de um crédito de “escrito por”.
Sutil, mas diferente. Sabe por que? Porque “escrito por” gera direito residual e “roteiro por” recebe 75%. A proposta neste detalhe é antecipar os questionamentos de divisão de receita porque vai proibir que ChatGPT assine “material de origem”, mas um autor que assine um conto escrito por IA, ou seja, que seja o “escrito por”, ganha os 75%. Se já pensar em ficção atrapalha, imaginemos o trabalho de roteiristas de programas de entretenimento? Em um quadro de perguntas e respostas, a IA pode perfeitamente preparar o material com precisão e agilidade, e de quem seria o crédito?
Tudo ainda passa por mais perguntas do que respostas, que incluem controle imagem, voz e aparência, mas por hora os roteiristas ameaçam greve se a questão não for resolvida. Não acho que seria boa alternativa criar uma oportunidade para comprovar planos B. Em poucas semanas saberemos a direção que deve ser tomada!
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