Há 5 anos discutimos a “virada” de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) em Game of Thrones, que passou duas temporadas tentando recuperar o Iron Throne sem usar violência. Ou muita violência. Ela aguentou traições e perdas incríveis, porém uma foi determinante para ela: a execução de Missandei (Nathalie Emmanuel). E foi a ex-escravizada que determina o futuro de King’s Landing com uma única palavra.
Daenerys conhece Missandei escravizada como a intérprete para Kraznys mo Nakloz de Astapor. Poliglota e original de Naath, a jovem Missandei conquista a Mãe dos Dragões por sua doçura e tranquilidade, acima de tudo por um pequeno detalhe. Como o escravizador não sabia que Danny falava valeriano, a ofende, mas Missandei omite as palavras em sua tradução, algo que a khaleesi percebeu e gostou. Afinal, era uma insubordinação da parte dela alterar uma traudção e sinalizava uma ousadia apesar da aparência submissa. A admiração é mútua, para a tradudora, Danny já era uma mulher forte, líder e empoderada. As duas se apoiam mutuamente e mesmo liberada, Missandei escolhe seguir Daenerys, passando a ser sua conselheira de confiança, uma de seus subordinados mais leais.
Na negociação pelos Unsullied, Missandei entra como “um bônus”, mas, na verdade, já era sua liberdade, algo que ela só descobre quando Daenerys pergunta à jovem seu nome e se ela tem família viva, ao que ela diz que não. É quando ouve o convite de acompanhar a mãe dos dragões para a guerra, mas ciente de que pode ser mortal. “Valar morghulis”, Missandei responde. “Todos os homens devem morrer, mas não somos homens”, retruca Daenery, conquistando de vez a jovem.
Ter uma amiga e parceira é essencial para saúde mental de Daenerys, isolada e lutando em um mundo de homens. Como ela dominava 19 idiomas, incluindo High Valyrian e Dothraki, Missandei tinha também um papel importante como intérprete para Rainha.

O envolvimento romântico de Missandei com o líder dos Unsullied, Grey Worm, foi uma das mais belas (e tristes) histórias de amor de Game of Thrones e Daenerys se sentia próxima dos dois. O que era comum, com calma e firmeza, era que Missandei conhecia as emoções da Rainha e que quando a política contrariava suas intenções, ela se sentia muito solitária. O conselho da intérprete era simples: siga seu coração e esse pensamento foi determinante na última temporada.
Apesar de próxima, Missandei não via nas atitudes de Daenerys uma crescente paranóia ou insegurança, a única imagem que mantinha como a verdadeira era a de uma libertadora. Por isso, uma vez chegando em Westeros, quando ela mesmo sentiu na pele o racismo e a xenofobia do Norte, Missandei começou a se ressentir pela maneira que rejeitavam Daenerys.

Em especial, ouviu de primeira mão uma resistente e desconfiada Sansa Stark (Sophie Turner) expressar seu desprezo e ingratidão, o que foi alimentando sua própria rejeição a Westeros, tanto que planejou voltar para Naath com Grey Worm quando Daenerys assumisse o trono. Não deu tempo.
Pega em uma emboscada, ela é capturada por Cersei Lannister (Lena Headly). Cersei que estava consistentemente minando a estratégia diplomática capitaneada por Tyrion, conseguiu matar um dos dragões (o outro foi eliminado pelo Night King) e deixou uma Daenerys já insegura, mais vulnerável. A crueldade de Cersei foi coroada com as condições que apresentou para libertar Missandei: Daenerys desistiria do Trono de Ferro. Antes da resposta executou friamente a conselheira, a permitindo as últimas palavras. A resposta foi simples e direta para Daenerys: “Dracarys”. Khaleesi sabia o que ela queria dizer, mas ficou sem chão da mesma maneira. Ela queria atacar desde o início, mas ouviu Tyrion. Ao recomendar queimar tudo, era o conselho final que ouvisse seu coração. E foi o que Daenerys fez.
A tragédia poderia ter sido evitada sem a morte de Missandei? Cersei “ganhou” a batalha, mas perdeu a guerra. Daenerys destruiu sem piedade as pessoas que fizeram mal a ela à sua melhor e única amiga. Infelizmente, foi tarde demais. Para ambas.