A “brincadeira” está indo longe demais, pelo menos para grandes gravadoras como Universal Music. Enquanto alguns vêem a Inteligência Artificial mostrando criatividade e apuro na recriação, ou criação, de música, textos, imagens e pessoas como ‘divertido’, mas ‘assustador’, outros estão sendo sucintos: é FRAUDE. Por definição “uma ação ilícita e desonesta, caracterizada pela falsificação de produtos, documentos, ou marcas, e cujo objetivo é o de enganar outras pessoas para garantir benefício próprio ou de terceiros”. Mas estão mesmo querendo “enganar”?
Até explicar intenções o problema ganha vida e para as gravadoras nem deve sequer discutido. Tanto que a Universal Music Group, que representa astros como Sting, The Weeknd, Nicki Minaj e Ariana Grande pediu às plataformas de streaming, incluindo Spotify e Apple Music, que conteúdo criado por IA fosse bloqueado, assim como o treinamento de plataformas de inteligência artificial para elaborar melodias e letras de músicas fosse interrompido. Obras como o álbum do AIsis são pela visão jurídica, uso não autorizado pelos artistas, mesmo que o caso sejam músicas escritas por humanos, a voz de Liam Gallagher é um uso questionável, por exemplo, mesmo que a transparência de admitir como AIsis foi criado e etc tenha coberto a parte de “querer enganar as pessoas”. Querer ou não, engana.
Obviamente não foi esse álbum que criou a discussão, a versão de Ariana Grande cantando em português uma música da Pablo Vittar é outro exemplo de violação. “A Universal Music Group tem uma responsabilidade moral e comercial com nossos artistas de trabalhar para impedir o uso não autorizado de suas músicas e impedir que as plataformas ingiram conteúdo que viole os direitos de artistas e outros criadores. Esperamos que nossos parceiros de plataforma desejem impedir que seus serviços sejam usados de maneira que prejudique os artistas,” disse o porta-voz da gravadora. Tanto a Apple como o Spotify acataram o pedido.


Há uma base jurídica que argumenta infração dos Direitos Autorais uma vez que a inteligência artificial depende sempre de input externo para poder formar algo “original”. No caso da música, depende de um acervo de obras já existentes para criar uma nova. Como sempre, o problema não é tanto sobre a moral da criação, mas sobre como fica a divisão de receitas. Para a gravadora, ao usar material já existente, a nova música também geraria direitos autorais para quem fez o conteúdo que foi usado como base. Mais ainda, não se esquece que não é tão claro se os direitos autorais são da empresa da IA ou dos técnicos que imputaram os dados para gerar o material. Uma confusão!
Há especialistas que consideram o esforço da Universal Music Group inútil porque como os serviços de IA ainda não estão regulados, não há como definir o que pode ser usado ou não para “treinar” e de uma maneira ou de outra, terão como acessar materiais protegidos por direitos autorais de uma forma ou de outra. A questão para os que defendem a IA, é a questão de deixar claro o quanto a contribuição para o conteúdo final é mecânico ou humano, com cada caso sendo avaliado individualmente.
Como tudo em universo binário, o mundo está se dividindo em prós e contra. Quando se trata de ética, que é a alma do dilema da IA, de que lado estaremos? A ética – para alguns – é impedir o avanço, mas com o conhecimento difundido, é possível voltar atrás?