Ghosted: inversão de papéis tira mistério

Tudo que é formulaico sem sutileza é ruim. Porque funciona quando a combinação é perfeita, mesmo que siga um padrão. Inverter por inverter e usar clichês não é a mesma coisa que “usar a fórmula”. Está aqui um dos problemas primordiais de Ghosted, da Apple Tv Plus.

Vi o filme quando lançou, em abril, e fui empurrando com a barriga a oportunidade de falar sobre ele, sim, porque é ruim mesmo. Só o reconsiderei porque depois de Citadel, pelo menos Ghosted é abertamente uma ação entre amigos querendo rir, sem intenção de criar um universo de segredos e reviravoltas pretensiosas. Ghosted é uma comédia romântica de ação, veículos perfeitos para Meg Ryans da vida, mas que é subestimado como algo fácil de fazer.

Ghosted parece uma refilmagem do ruim de Encontro Explosivo (Knight and Day), que já foi péssimo quando lançado em 2010. Nem Tom Cruise e Cameron Diaz salvaram a bobagem que era o filme, assim como Ana de Armas e Chris Evans passam pelo mesmo constrangimento. Chris é o “namorado em perigo”, neurótico e alívio cômico. Ana é a super espiã que se apaixona pela inocência dele, tendo que salvar o mundo e o seu amor ao mesmo tempo, nem sempre na mesma ordem. Adrien Brody é o vilão caricato de plantão, faz o mesmo papel em Peaky Blinders ou Ghosted com a mesma preguiça. e cafonice, o que não ajuda em nada a produção. Não é por nada que tanta gente reclamou do filme.

Dirigidos por Dexter Fletcher, de Rocketman, acompanhamos como o sensível Cole (Chris Evans), que trabalha na fazenda de sua família, conhece e se apaixona pela misteriosa Sadie (Ana de Armas). Quando ela não responde às mensagens dele – e ninguém pode culpá-la quando ele passa de interessado à grudento – Cole decide ir atrás dela em Londres. Rapidamente percebe que a namorada é uma agente a CIA e agora ele foi tragado para uma aventura onde uma arma biológica pode colocar o mundo em risco.

Há sequências divertidas, graças ao carisma do casal principal e, em especial, por conta de aparições não creditadas e divertidas de amigos do universo Marvel. Mas isso quer dizer no máximo uns 10 minutos de leves risadas, o mais é uma sequência de non sense e clichês de filmes de ação, de espionagem e de romance. O que fica ainda mais surpreendente para o mal é que os roteiristas – Rhett Reese , Chris McKenna, Erik Sommers e Paul Wernick – assinaram Deadpool e Homem-Aranha: No Way Home, talvez tenham escrito esse aqui só para ganhar um dinheiro extra mesmo. Como podemos ver, mesmo ruim, estão acima dos outros. Ao final do filme, você não fica exatamente irritada, apenas sem ter muito o que dizer. A deixa para uma continuaÇào será, se Deus permitir, ignorada.

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