Os 60 anos do filme que quase quebrou a Fox: Cleopatra

Quase tudo que ficou famoso no filme Cleopatra é sobre caos ou a vida pessoal de Elizabeth Taylor, ou ambos. Ao receber um milhão de dólares para fazer a Rainha do Egito, ela passou a ser a atriz mais bem paga em Hollywood na época. Foi a primeira a quebrar a barreira do milhão e isso, há sessenta anos. Liz não é lenda à toda, meus caros. Dizem que ela não tinha interesse no papel e pediu o valor astronômico para educadamente declinar, mas valeu cada centavo.

Em 12 de junho de 2023 completou o aniversário de lançamento do filme nos cinemas, mas são os bastidores de como a obra chegou aos cinemas que criou o mito. Nos números atualizados no Instagram oficial da atriz, consta: “44 milhões de dólares (mais de 426 milhões hoje), 65 trocas de figurino (para Elizabeth!) E 251 minutos de duração depois – Cleópatra foi sem dúvida um dos filmes mais comentados de todos os tempos. Lançado há 60 anos, o filme dirigido por Joseph L. Mankiewicz foi uma produção lendária que uniu Elizabeth Taylor e Richard Burton, iniciando um dos casos de amor mais intensos e notórios de todos os tempos”. ⁠ E estão certos.

A história de Cleopatra não era nenhuma novidade nas telas, mas o produtor Walter Wanger sempre foi fascinado por sua história e acreditava que ninguém a tinha contado propriamente, incluindo a atriz que representasse feminilidade e força. Quando viu Liz Taylor em Um Lugar ao Sol (1951) diz ter acabado sua busca (e criado a polêmica que se arrasta até hoje sobre a brancura de Cleopatra).

Pausa para um momento true crime.

No meio disso tudo, Walter, que era casado com a atriz Joan Bennett, descobriu que ela o estava traindo com seu agente, Jennings Lang e no desespero, quando viu os dois conversando em um carro em um estacionamento, o produtor atirou duas vezes no rival. Lang sobreviveu e Wanger, alegou insanidade temporária, cumprindo quatro meses de prisão. Escutem o podcast sobre isso porque é fascinante!

Como Hollywood é terra de Malboro, Wanger retomou a carreira produzindo filmes de sucesso (Invasion of the Body Snatchers e I Want to Live!, que rendeu o Oscar a Susan Hayward), chegando ao final da década mais do que pronto para realizar o sonho do filme biográfico de Cleópatra.

Quando retomou o projeto, Liz ainda era casada com Mike Todd (que morreria em um acidente de avião logo depois). A Fox considerou primeiro fazer o remake de Cleópatra de Theda Bara, lançado em 1917, mas Wanger conseguiu reverter ao comprar os direitos da biografia de Carlo Mario Franzero, The Life and Times of Cleopatra, assim como trechos das peças de Shakespeare e Shaw. O elenco que parece incrível hoje não foi tão certo de cara, nem mesmo a principal. Com o valor pedido por Liz, outros nomes foram considerados e testados, de Joan Collins a Audrey Hepburn. Para por mais lenha na fogueira, o papel de Cleopatra chegou a ser ofercido a Dorothy Dandridge, que acertou quando riu avisando que jamais deixariam uma atriz negra interpretar a Rainha do Egito. O papel ficou mesmo com Liz pir um milhão de dólares e mais 10% da receita bruta das bilheterias.

As gravações foram marcadas por brigas, prblemas de saúde da atriz, o romance entre ela e Richard Burton, separações, paparazzi e um sem fim de obstáculos. No final das contas, quando foi lançado, foi um enorme sucesso do ano mas os lucros mal cobriram o investimento. As nove indicações ao Oscar garantiram seu lugar de prestígio.

A opulência da produção é de tirar o fôlego e a cópia atual nas plataformas é a que foi restaurada em 2013, quando o filme foi reexibido no Festival de Cannes. Clássico que alimenta a lenda de Hollywood e suas estrelas. E clássico que eterniza o mistério de uma rainha que mais de mil anos depois, fascina gerações.




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