Verde, em geral, é associado a esperança e liberdade, mas também é ciúme e dinheiro. No universo de George R. R. Martin é a cor da guerra da Casa Hightower, com um dos momentos mais marcantes em House of the Dragon quando Alicent, a rainha consorte, se atrasa para o banquete de casamento de sua amiga e enteada, Rhaenyra Targaryen. A caminhada foi poderosa.
O verde dos Hightowers é uma referência ao Farol de Hightower, que só é aceso para chamar os vassalos da família para a guerra e sua luz é um verde brilhante. Por isso, ao eleger usar verde a partir dessa ocasião, Alicent está declarando sua posição e ao mesmo tempo acenando que travará uma guerra para manter sua Casa no poder. Contra Rhaenyra, que veste preto ou vermelho.
São inúmeros os momentos da TV e do cinema nos quais o verde ganhou destaque. Alfonso Cuarón é um fã do tom, que foi determinante na narrativa de sua versão de Grandes Esperanças, no final dos anos 1990s. Verde é a “cor assinatura” de Ana Bolena em A Outra, marcou a virada de Scarlett O’Hara em … E o Vento Levou e era o que marcava o guarda-roupa da Madrasta (de Cate Blanchett) em Cinderella, entre muitos outros.

“Verde é a cor que ajuda a promover o equilíbrio interno e a diminuir o estresse”, comenta a especialista em cromoterapia, Camilla Mundell. “Ela possui uma ação refrescante e calmante, ajudando a promover o bem-estar físico e mental”, diz.
Verde também é uma cor cruel, nem todos fotografam bem no tom. Nos filmes de Hitchcock, ele usava a cor para várias mensagens. Em Um Corpo que Cai (Vertigo), ressalta a obessão de Scottie (James Stewart) por Judy (Kim Novak). Verde também aparece em Janela Indiscreta (The Rear Window) e obviamente, Os Pássaros.
Há lindos vestidos verdes em The Great, Cleopatra, Sissi e outros clássicos, como A Casa das Adagas Voadoras.


O uso do verde na narrativa de Grandes Esperanças de 1997 parecem ser uma alusão ao oposto do que acontece no clássico de Charles Dickens, onde toda e qualquer expectativa de felicidade é destruída pela vida de alguma maneira. Ainda assim, nos anos 1990s, o figurino de Gwyneth Paltrow causou grande impacto. Assinado por Donna Karam é até hoje citado como um dos momentos mais marcantes da atriz quando ela virou um ícone fashion.
Depois do conjunto que ela usou nas telas, outro modelo em verde que ficou lendário foi o vestido de Keira Knightley em Desejo e Reparação (Atonement), criado especialmente para o filme pela figurinista Jacqueline Durran.


Além de Alicent Hightower destacando o lado ‘negativo’ do verde, como não mencionar o ultra clássico vestido da cortina de Scarlett O’Hara (Vivien Leigh), em E O Vento Levou, que simbolizava sua obsessão por dinheiro?
Ou a cruel Lady Tremaine (Cate Blanchett) de Cinderella, cuja inveja e raiva da enteada não poderiam ficar ainda mais claras nos tons esverdeados? Algo que Camilla confirma como a associação perfeita. “Verde pode ser mesmo associada à ganância, imaturidade e poder”, explica.
“Você definitivamente recebe a direção de Sandy Powell [figurinista]”, disse Cate Blanchett na época do lançamento do filme. “Ela é um gênio. Se você está vestindo verde, não precisa fingir ciúmes porque as roupas, de certa forma, estão fazendo isso por você”.


Mas certamente nada tira o prestígio do vestido criado por Jacqueline Durran, com alças finas, saia vaporosa esvoaçante e um decote profundo nas costas. Ela já tinha trabalhado com Joe Wright em Orgulho e Preconceito e tinha como referência alguns critérios básicos pedidos pelo diretor: a cor (verde), a leveza, o comprimento longo e um look que fosse revelador, mas delicado e sutil. Para o diretor a cor verde simbolizava a tanto a paixão de Cecilia (Keira Knightley) como o ciúme de Brionny (Saoirse Ronan).

Em House of the Dragon o verde estará ainda mais presente na segunda temporada, uma vez que assim como sua mãe, Alicent, Aegon Targaryen vai abraçar seu lado Hightower. “Sim, as cores são essenciais para diferenciar as Casas, assim como foi em Harry Potter, por exemplo”, a figurinista Jany Tamime conversou comigo no ano passado. “Agora os dragões estão por toda parte em House of the Dragon, são fonte de detalhes, das estampas, das bijuterias etc. Fogo e caudas. Desenhei os bordados, usei muitas escamas em couro, em tecidos. Para as armaduras… Não há traje Targaryen sem uma associação de dragão. Tentar encontrar os dragões deve ser o desafio! Deixo para os fãs se divertirem os identificando!”, completou.

Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
