Se você nunca cantou Ain’t No Mountain High Enough a todo pulmão ou está mentindo ou não sabe o que está perdendo. A canção escrita em 1966 é um hino de encorajamento e amor incondicional, perfeitamente e iconicamente registrada por Tami Terrell e Marvin Gaye, depois regravada por Diana Ross e até hoje um clássico adorado por gerações. Por isso é sempre efeitva quando aparece no cinema ou em séries, sem falha, em The Morning Show.

Escrita por Nickolas Ashford e Valerie Simpson, quase foi gravada por Dusty Springfield, mas fez sucesso pela primeira vez em 1967, na versão gravada por Marvin Gaye e Tammi Terrell, três anos antes da versão de Diana Ross colocá-la no primeiro lugar da Billboard e ser indicada ao Grammy de Melhor Performance Vocal Pop Feminina. Ain’t No Mountain High Enough nasceu de um momento de forte emoção para Nickolas, se sentindo oprimido pelos prédios de Nova York e determinado a subir na vida: Ain’t No Mountain High Enough, Ain’t not Valley Low Enough, To Keep me From Getting to You.
Talvez por serem casados e comporem em duetos, mas o material dos dois era perfeito para a dupla principal da Motown, Marvin e Tammi, portanto o quarteto trabalhou junto com vários sucessos até a morte prematura da cantora, em 1970. A versão original de 1967 foi um imediato hit top 20 e marcou para sempre uma já inesquecível dupla musical. Transformada em uma canção de amor despreocupada, dançante e romântica, ela abriu caminho para os outros clássicos como You’re All I Need to Get By, Ain’t Nothing Like the Real Thing e Your Precious Love. O que faz dela perfeitamente pop é a junção de o que parece ser uma paixão física, mas em um contexto gospel, um reflexo de como Valerie e Nickolas se conheceram: em uma igreja do Harlem.
A dupla já tinha composto um sucesso para Ray Charles em 1966, e estava de olho em um contrato com a Motown, naquela época cantores raramente eram os compositores, e tinham fé que Ain’t No Mountain High Enough seria, o quele chamava, “o ovo de ouro”. Tanto que a estrela Dusty Springfield gostou da canção (quem não?) e queria gravá-la, mas a dupla recusou quando soube que tinha um potencial maior na voz de Tammi. Já escrevi sobre ela aqui em Miscelana, uma história emocionante. Ela que foi a terceira parceira feminina de dueto de Marvin Gaye na Motown foi sem dúvida a mais marcante de todas, muito mais do que Mary Wells e Kim Weston. Tammi estava sendo preparada para ser uma das maiores estrelas da gravadora, começando justamente com Ain’t No Mountain High Enough.


Estar entre as 20 melhores, mas não ser número 1 não foi o esperado, mas mostrava o potencial. Foi Marvin, que já era um astro, que identificou nela sua contraparte vocal perfeita, e como eram bonitos, a Motown os comercializou como casal, mesmo que fossem apenas amigos. O tumor cerebral identificado ainda em 1967 cortou um sonho em pedaços, e ela veio a falecer aos 24 anos, sendo uma promessa jamais realizada completamente. Sem surpresa, sua morte impactou Marvin Gaye que lançou o sua obra-prima no ano da morte dela, nada menos do que o álbum What’s Going On.
Hoje a versão original de Ain’t No Mountain High Enough é ainda maior do que a versão de Diana Ross, embora ambas sejam clássicas e usadas no cinema. Amy Winehouse a sampleou para sua espetacular Tears Dry On Their Own, que confirma seu poder de influência. Em The Morning Show, Corey (Billy Crudup) a canta de surpresa, no piano, em um momento emocionante com sua mãe (Lindsay Duncan), revelando um lado para Bradley (Reese Witherspoon) que a emociona. Como a nós. Até que a mãe dele avisa: “é tudo pensado, a canção, tudo. é ele manipulando você”. Uau, funcionou porque ele me tem no bolso. E graças à um dos maiores clássicos de todos os tempos. Uma canção que nos faz cantar e dançar sempre. E acreditar no impossível.
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