De Maria Callas a Adele, o canto das medidas

Atualmente se fala muito dos 45kg que Adele perdeu, apenas mudando seus hábitos alimentares e fazendo exercício. Sua participação no Saturday Night Live, sábado (24), será sua primeira aparição oficial com a nova estética. Está LINDA. E, certamente, saudável.

A polêmica em torno da aparência de Adele remete à de Maria Callas. Em 1955, o soprano ressurgiu – de um ano para outro – como uma Audrey Hepburn dos palcos, depois de meses de dieta estrita que ajudaram a perder 40kg. Lindíssima, elegante e perfeita para os papéis que desempenhava nos palcos. Alguns críticos disseram que ela perdeu a potência vocal, mas Callas nunca se arrependeu. Disciplinada com sua arte, também passou a ser com sua alimentação. Nunca mais voltou a engordar.

Não há problema algum de uma mulher querer ser magra. A saúde deve sempre superar a estética, mas é uma escolha pessoal que não pode ser traduzida como crítica às escolhas de outros. Maria Callas achou que, como atriz, sua aparência deveria estar de acordo para interpretar heroínas belas e sofridas como Tosca ou La Traviatta. Desde nova era plus size, chegou a pesar quase 108 kg, gostava de comer doces e colecionar receitas, mas trocou as guloseimas por uma dieta de verduras e grelhados, que a permitiram ficar mais saudável e magra.

Maria Callas como Norma, antes e depois da dieta

A lenda de que para acelerar o processo de emagrecimento ela ingeriu uma “tênia”, um parasita que come todo o alimento que a pessoa consome, perdura até hoje, mas é falsa. Todas biografias creditam apenas ao sacrifício pessoal de Callas para alcançar seu objetivo. Segundo amigos, ela desenvolveu um hábito de comer pouquíssimas quantidades, mas “beliscava pequenas garfadas” dos pratos dos outros para saciar a gula.

Adele em 2015 e em 2020

Adele chegou à fama com 19 anos. Pesava perto, ou mais, de 100kg. Virou fenômeno com seu segundo álbum, 23. Se casou, teve filhos, rodou o mundo e é, sem dúvida, uma das cantoras mais importantes dos últimos anos no cenário pop. Seu último álbum, 25, de 2015, trazia uma Adele casada, mãe de um menino e morando nos Estados Unidos.

Jovem, famosa e bem sucedida, Adele tirou os quatro últimos anos para si mesma e foi quando decidiu mudar tudo. Solteira, feliz e dona de si, a cantora deixou o cigarro e o sedentarismo para trás. Apostou em uma mudança radical de alimentação, com a dieta Stirfood. A proposta foi de balancear vegetais, frutas, oleaginosas e chocolate amargo com uma rotina de exercícios físicos. Ao restringir calorias e quantidade, a dieta estimula as sirtuínas, grupo de enzimas que melhoram o metabolismo, incluindo da glicose e do tecido adiposo. Aparentemente, funcionou.

Adele está linda e feliz com sua nova versão. É isso que importa. Lembrar que, em 2012, ela respondeu às críticas de Karl Lagerfeld à sua aparência (“Ela está muito gorda, mas tem um rosto lindo e canta muito bem”, ele disse) com o argumento que ela nunca quis ser modelo e era como a maioria das mulheres, é injusto. Ela continua sendo como muitas mulheres, as que se propõe a alcançar um objetivo e se dedica a ele. Como ela mesma disse no seu Instagram, “antes eu chorava, agora suo”.

Cada um com seu corpo, com sua dieta, com sua alegria. Ninguém tem que ser a mesma coisa a vida toda apenas para agradar a Gregos e Troianos. Parabéns, Adele.

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