Por muitos séculos, o nome Anna Pavlova foi sinônimo da dança clássica. Ela foi uma das bailarinas mais famosas e reverenciadas da História do ballet. O New York Times a definiu como a melhor bailarina de sua época. No dia 23 de janeiro de 2021 completamos 90 anos de sua morte.
Anna morreu de Pleurisia, a inflamação dos tecidos que revestem os pulmões e a parede do peito. Tudo começou com um resfriado forte que rapidamente evoluiu para a inflamação. Com a pleurisia o atrito entre os tecidos causa dor, que piora durante a respiração. Depois de três dias onde seu quadro piorou, a bailarina morreu subitamente, mesmo com todo os esforços da equipe médica de salvá-la. Anna tinha 49 anos, em oito dias seria seu aniversário de 50 anos.

Anna Pavlova nasceu em São Petersburgo e teve uma infância muito pobre. Aos 9 anos viu pela primeira vez uma apresentação de balé – A Bela Adormecida, de Marius Petipa – e ficou determinada em virar artista. Um ano depois entrou para a escola do Balé Imperial, onde se formou aos 18 anos.
Seu extremo sucesso não estava tão claro para os primeiros professores pois ela não tinha o biotipo das dançarinas da época. Magra e com pés arqueados, ela mudou o perfil das bailarinas, mas quando era estudante era atormentada por ter um aspecto que achavam “doentio”. Os alunos a apelidaram de “vassoura” e “selvagem” e faziam piadas sobre ela. Estreou nos palcos ainda na escola, no balé Un conte de fées (A Fairly Tale), do próprio Petipa.
Determinada em ser a melhor, treinava incessantemente. Logo virou uma das favoritas de Petipa, que a ensinou pessoalmente muitos de seus balés. Reza a lenda que quando estava grávida e não poderia dançar, Mathilde Kschessinska a treinou no papel principal de La Bayadère porque achou que Anna fosse inferior tecnicamente e que jamais a superaria. Não apenas conquistou o público, como foi considerada uma das melhores a jamais terem dançado o balé.

Anna era contemporânea de Tamara Karsavina e Vaslav Ninjinky. Com eles, fez parte do Ballets Russes, de Sergei Diaghliev. Porém não apenas discordava do empresário como, extremamente musical e ligada à melodia, detestou a partitura de Igor Stravinsky para O Pássaro Vermelho, um balé que teria sido criado para ela e que ela abandonou antes da estréia. Tamara Karsavina ficou com o papel.
Anna estava determinada a rodar o mundo com sua Arte e logo criou sua própria companhia de dança. Ela dançou literalmente nos quatro cantos do mundo, incluindo a América do Sul.
Sua técnica e carisma fizeram de Anna uma superestrela. Antes de deixar a Rússia de vez, a bailarina foi recebida pelo Czar Nicolau II, em 1910, que a elogiou como a melhor intérprete de cisne que tivesse visto. De fato, o famoso Morte do Cisne foi coreografado por Michel Fokine para ela e virou sua peça de assinatura. Ela gostava tanto de cisnes que criava alguns em seu jardim na Inglaterra.

Depois da Revolução Russa, em 1917, Anna se empenhou em ajudar bailarinos em necessidade. Enviou dinheiro para a Rússia, para sustentar amigos, mas o sistema comunista confiscou os valores e a impediu de continuar ajudando. Ela se casou em 1924 com Victor d’Andre, o pianista que a acompanhava sempre. Os dois viviam em Londres e Anna colaborou diretamente para o desenvolvimento do balé na Inglaterra.
Em 1931, durante uma turnê pela Europa pegou um resfriado que evoluiu para pneumonia. A recomendação médica era de que operasse e abandonasse os palcos. Ela teria se recusado e dito “se não posso dançar então prefiro morrer”. Outra lenda. Segundo sua biografia, sua últimas palavras teriam sido “preparem minha roupa de cisne”. Sua morte impediu o último solo, mas ela entrou para a História.

Veja Anna dançando a peça que eternizou como sua, A Morte do Cisne.
Algumas pessoas nascem para brilhar, outras para tentarem ofuscar essas estrelas.
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