Para leitores dos livros de George R.R. Martin havia pouca dúvida que Bran Stark teria um papel relevante no Jogo dos Tronos. A história abre com ele, é sua queda e consequente paralisia que desencadeia a partida fatídica entre Starks e Lannisters. Ele ‘desapareceu’ por uma temporada completa, porém nunca deixou de ser o grande jogador de Game of Thrones.
A ascensão de Bran ao trono (não mais de ferro) teria satisfeito muitos, porém a personagem também pareceu relativamente mal desenvolvida justamente nas temporadas finais. Há quem diga que o final da história, com Bran, o Quebrado como Rei, é o conto de um golpe de gênio que sacrificou o verdadeiro herdeiro (Jon Snow) em uma virada de mestre.

Bran Stark não nasceu para ser líder, mas certamente teria um destino especial. Liderar a Casa Stark era o futuro era do seu irmão, Robb. Bran sonhava com batalhas, vitórias, História. Era o irmão favorito de todos, se dava bem com o meio-irmão bastardo, Jon, assim como com Arya, a irmã rebelde. Protegido abertamente por Catelyn, sua mãe, foi um grande choque quando ele despencou de uma torre ficando em coma por semanas, apenas para despertar paraplégico. Mas vamos devagar. No primeiro episódio está todo o fundamento da saga e sempre ao redor de Bran.
Primeiro, Bran é visto sem aptidão de luta, algo que sinaliza que seu sonho de ser um soldado jamais se realizará. Em seguida, ainda jovem, é forçado a assistir a uma execução de um traidor. No caso, um patrulheiro que alerta para a existência dos Night Walkers, os “zumbis” que há 3 mil anos estariam mortos ou desaparecidos, mas que estão de volta. Para Bran a existência do perigo é fato, mas todos tratam como fantasia e o homem é morto. Começa a saga de Bran, o quebrado, ainda que ninguém o saiba.


Ainda no mesmo episódio, sem querer, ele vira testemunha do principal segredo de Westeros: o caso extra conjugal e incestuoso da Rainha, Cersei Lannister, com o gêmeo, Jamie. Uma palavra sua pode levar a derrocada das Casas Lannister e Baratheon. Jamie o joga da torre, Bran entra em coma, perde a memória e acorda paraplégico. Mesmo silenciado, se inicia a partida pelo Poder, com consequências trágicas para sua família.
Bran era um menino doce, firme e íntegro. O acompanhamos em uma jornada por conhecimento e fuga para sobreviver, frequentemente o colocando em risco e sacrificando inocentes que o ajudam. Não apenas Bran descobre que há sim Night Walkers, como ele deve buscar o Three Eyed-Raven, um ser sábio milenar que parece cercá-lo em vários momentos. Um dos momentos mais emocionantes de toda a série é quando Bran vê Jon Snow em uma batalha, mas opta por seu destino em um universo desconhecido e abandona o irmão sem que ele o veja. A partir dessa decisão, cada momento de perigo vemos Bran perdendo sua humanidade e se transformando em um ser à parte, poderoso e misterioso.

Quando o reencontramos depois de ter desaparecido em uma temporada completa, Bran Stark está obcecado com o Three Eyed-Raven. Com ele, Bran viaja – literalmente – no tempo, testemunhando vários outros fatos conectados e omitidos. Ele é avisado repetidamente para evitar essas viagens pois aos poucos perderá sua empatia e humanidade. E Bran ouve alguém? Ha!
Nessas viagens, Bran testemunha os momentos aparentemente desconexos, mas críticos para toda história. Ele vê o casamento de sua tia, Lyanna Stark, com o príncipe Rhaegar Targaryen. Os dois são, secretamente, os pais de Jon Snow, o verdadeiro herdeiro do trono. Ele também vê que os dragões de Daenerys Targaeryen irão sobrevoar King’s Landing. Ou seja, os Targaryen vão reivindicar o Iron Throne. Somando o fato de que Bran é a principal testemunha de que os filhos de Cersei são bastardos, toda a História de Westeros está à sua mercê. Para piorar, a essa altura o líder dos Night Walkers, o Night King, está atrás dele também para matá-lo. E sim, Bran é o único que testemunhou como começou a guerra entre vivos e mortos.


Infelizmente, com todos esse potencial dramático nas mãos, nas últimas temporadas vimos um Bran Stark robótico, falando em charadas, observando e manipulando pessoas e momentos sem muita lógica. Só descobrimos a razão nos minutos finais: ele será o novo Rei, responsável pela extinção dos Targaryens e fim da guerra civil entre Starks e Lannisters. É um final amargo, rejeitado por muitos fãs, mas que prova que Bran sempre foi o principal jogador e soube cavar seu destino, muito maior do que ele sonhava quando era apenas um menino em Winterfell.
Veja o seu trailer, do Iron Anniversary.