A apavorante e verdadeira história que inspirou Vozes e Vultos (com spoilers)

Se você ainda não viu Vozes e Vultos e não pescou o maior spoiler no título, então não vale ficar aqui para ler o resto. O filme da Netflix, estrelado por Amanda Seyfried e James Norton tem gerado discussão e negatividade, mas, o que poucos fora dos Estados Unidos sabiam é que é parcialmente inspirado em uma história real. O que? Isso mesmo.

O crime brutal que tirou a vida de Cathy Schlosser, em fevereiro de 1982, chocou o país pela violência e falta de explicação. No fim do dia do dia 19, seu marido, James Krauseneck chegou em casa e encontrou a porta da garagem aberta assim como a que dava para a casa. Ao entrar, ele relatou ter visto vidro quebrado e correu para os quartos. Encontrou o corpo de Cathy, na cama, com um machado ainda preso à sua cabeça. A única filha do casal estava toda vestida para sair, no quarto ao lado, sem nenhum ferimento.

Segundo ele, pegou a filha no colo e saiu correndo para pedir ajuda. Testemunhas a seu favor relataram o pânico no rosto ao descrever a cena.

O problema começou imediatamente: não havia sinal de luta, não houve arrombamento e em um tempo em que testes de DNA só identificavam impressão digital, só havia a do casal e da filha na casa. ninguém mais. O caso foi arquivado sem encontrar o culpado. Apenas 37 anos depois, em 2019, que James foi preso como assassino de sua própria esposa. Ele mantém sua inocência, no entanto.

Para a promotoria, o casamento aparentemente feliz de James e Cathy escondia uma união onde mentiras desgastaram a relação. Os dois se conheceram na escola e casaram quando se reencontraram na faculdade. Eles se mudaram para a casa dos sonhos, em Brighton, com a pequena filha, Sarah. James

James trabalhava na Kodak e era orgulhoso de ter doutorado, porém o título acadêmico acabaria provocando a tragédia. É que – na verdade – ele nunca passou nas provas e mentia sobre o diploma, tanto para os chefes como para a esposa. Segundo a família dela, ao confrontá-lo, Cathy não esperava que ele fosse “perder a razão” e matá-la.

Apenas com o avanço da ciência é que novos exames de DNA colocaram James como o único suspeito. Antes dele, a polícia trabalhou com a possibilidade dela ter sido vítima de outro criminoso, Edward Laraby, que em 2014 teria confessado ter matado a dona-de-casa assim como uma professora de música, 11 anos depois. Porém a confissão, cheia de falhas, não convenceu a polícia.

Segundo a perícia, o assassinato de Cathy aconteceu ainda no início da manhã, por volta das 6h30, onde James alega já ter saído para trabalhar. Não havia digitais no machado e apenas o vidro quebrado da janela indicava a presença de intruso ou violência. O maior choque da notícia foi o fato da filha de três anos ter passado o dia sozinha, em casa, com o corpo da mãe, até que o pai voltasse no final do dia.

A polícia suspeitava de James, além da falta de provas de uma terceira pessoa na casa, por conta de sua mudança imediata da cidade, antes mesmo que as investigações tivessem chegado ao fim. Ele também não permitiu que a filha testemunhasse ou conversasse com psicólogos.

Em 2016, a autora Elizabeth Brundage lançou o livro All Things Cease to Appear, que virou um dos best-sellers do ano e é a base do filme Vozes e Vultos. Ela usou fatos do “crime do machado”, mas diz que a parte de experiências sobrenaturais da trama foram vividos por ela e sua família, com as filhas vendo fantasmas e ela sentindo a presença deles. Elizabeth acompanhou as investigações e nunca se esqueceu da imagem da filha estando sozinha na casa com o corpo da mãe até que o pai a resgatasse.

Enquanto isso, o julgamento de James Krauseneck continua nos Estados Unidos, com a defesa ainda argumentando sua inocência. A pandemia atrasou os procedimentos e ainda não há uma conclusão para o caso. Pelo menos o filme, e o livro, determinaram o destino do marido. Ele não se safou com o assassinato.

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