O termo gaslighting se refere a um tipo de manipulação psicológica no qual uma pessoa ou grupo conseguem convencer suas vítimas a questionar sua própria sanidade, memória ou percepções das coisas. E tem esse nome graças à uma peça londrina, escrita há 83 anos e ainda extremamente atual no que se refere às relações humanas.
Gaslight tem uma explicação mais técnica. Em tempos de pré eletricidade, a luz era à gás portanto falha. Nos Estados Unidos, onde Vincent Price esteve no elenco, a peça mudou o nome para Angel Street, mas as duas versões para o cinema mantiveram o original.
O filme britânico, estrelado por um espetacular Anton Walbrook (que também brilhou em Sapatinhos Vermelhos), é fiel ao texto teatral. Foi dirigido por Thorold Dickinson e coestrelado por Diana Wynyard.



O sucesso da obra inspirou a MGM a comprar os direitos para realizar a versão americana, praticamente suspendendo a circulação do original britânico por muitos anos. A versão de 1944 faz algumas adaptações da história, mas mantém a premissa original. Dirigido por George Cukor, o suspense foi estrelado por Charles Boyer, Ingrid Bergman e Joseph Cotten e chegou a ser indicado a 8 Oscars, rendendo o primeiro para Ingrid como Melhor Atriz. Muitos consideram Gaslight um dos melhores filmes do diretor e com maior riqueza psicológica do que seu original.


Vale muito a pena ver ambos os filmes para traças as comparações. Aí sim, vai entender o verdadeiro significado de “don’t gaslight me”, que quer dizer “não me enlouqueça”. Em tempos de saúde mental, os clássicos nos ensinam muita coisa.