Emmys 2021, poucas surpresas, nenhuma inclusão

A volta de um evento onde as estrelas estavam presentes, depois de um ano e meio entrando na casa delas ou nos quartos de hotéis, garantiu um clima feliz e animado. Ainda por questões de segurança e distanciamento, o cenário do Emmy 2021 foi bem diferente dessa vez, mas particularmente, funcionou. Trouxe um ar mais intimista à festa. Se quiser rever ou palpitar sobre os looks, clique aqui.

O mestre de cerimônias foi Cedric, the Entertainer, que fez um bom trabalho, moderado e sem incômodo para os convidados.

Como era de se esperar, Ted Lasso e The Crown foram os grandes vencedores da noite. Levaram melhores atores e melhores séries (drama e comédia) e a festa foi sem grandes surpresas. Ou melhor, quase.

Tobias Menzies foi uma novidade e um reconhecimento por seu trabalho em outras séries até aqui, como Outlander, Roma e até uma ponta em Game of Thrones. Sua visão de príncipe Philip na casa dos 50 anos é bem distinta da que Matt Smith tinha apresentado nas duas primeiras temporadas de The Crown. Havia uma expectativa que nessa categoria o ator Michael K. Williams, que faleceu há poucas semanas, fosse o vencedor por Lovecraft Country. Eu particularmente gostei mais de Giancarlo Esposito em The Mandalorian. Ambas opções teriam balanceado o que já está sendo chamado de #emmyssowhite e teriam sido mais justificadas. Mas era a noite de The Crown, ninguém tinha dúvida.

A vitória de um emocionado Josh O’Connor foi fofa de testemunhar. Josh tinha um desafio, trazer simpatia e humanidade à uma personalidade conhecida, viva e impopular como príncipe Charles. Na terceira temporada, absorvendo com perfeição os maneirismos e fala do príncipe, Josh conseguiu fazer com que o público até se emocionasse com Charles, mas era uma armadilha. Na 4ª temporada, adotando a narrativa de Diana, em que ele é um homem insensível e inseguro, Josh conseguiu transformá-lo em uma figura mais próxima da que era que conhecíamos e até pior, pois após no solidarizarmos com sua dor, foi mais difícil ver sua evolução. Em outras palavras, Josh mereceu o reconhecimento. Por outro lado, havia uma expectativa de que nessa categoria Billy Porter (Pose) ou Jonathan Majors (Lovecraft Country) equilibrassem o #emmysowhite. Sterling K. Brown já tinha levado por This is Us, mas também era uma aposta ainda maior que Josh. É assim que a gente, que gosta de prêmios, se frustra quando a festa acaba porque mesmo com um Josh O’Connor incrível, Billy e Jonathan também estão espetaculares em suas séries. Difícil!

Outra surpresa da noite, que até a própria atriz ficou genuinamente chocada, foi a escolha de Olivia Colman (Rainha Elizabeth II) em vez de Emma Corrin (princesa Diana). Olivia é uma atriz espetacular e uma estrela na Inglaterra há décadas, mas desde que o resto do mundo a descobriu por seu Oscar em A Favorita, passou a ser, bem “favorita” em tudo que aparece. Emma tinha levado todos os prêmios até aqui, justamente porque raramente estava na mesma categoria que a veterana. Achei injusto pois a atuação de Olivia em The Crown não é unanimidade. Ela não consegue errar, mas me pareceu um pouco exagerado premiá-la aqui. Se era para evitar o óbvio, a história poderia ter sido feita com o reconhecimento de MJ Rodriguez, a primeira atriz trans indicada e que merecia o prêmio por sua sensível e emocionante atuação em Pose.

Ewan McGregor ter levado o prêmio por Halston não foi surpresa. A categoria tinha forte representantes britânicos, como Hugh Grant por The Undoing e Paul Bettany por WandaVision, mas dois atores concorrendo por Hamilton (Leslie Odom Jr e Lin-Manuel Miranda), o que dificultava a escolha. A atuação de Ewan não foi unanimidade de crítica ou amigos do estilista, mas ele captou bem as características de fala e gestuais de Halston, então não foi uma “zebra”. E Gillian Anderson, como Margaret Tatcher em The Crown, era uma vitória anunciada desde que a série foi liberada na Netflix.

Ted Lasso, por outro lado, não há o que dizer. As vitórias foram merecidas. Todas. O desafio agora é sobreviver à febre que colocou a série no patamar de fenômeno porque com a popularidade vem também rejeição. Até o momento todo hype está justificado e a série foge do obvio em toda narrativa, mantendo a positividade e um clima alegre, inspirador e emocionante. Agora que já falaram da terceira temporada, terá a grande prova.

Nas minisséries, a HBO mantém seu favoritismo sobre Netflix. As vitórias de Hacks e Mare of Easttown solidificam a marca da plataforma. Hacks é uma pérola escondida no HBO Max com uma genial Jean Smart em um papel difícil, de uma comediante septagenária tendo que se adaptar aos millenials. É sagaz, é inteligente e mereceu os prêmios que levou. Mare of Easttown era a grande favorita, mas The Queen’s Gambit deu o cheque-mate na categoria de Melhor Minissérie, para fechar a noite em suspense. Embora seja uma grande série, com ótimas atuações e viradas, nenhuma das duas está no patamar de WandaVision, que saiu sem nenhum prêmio quando merecia pelo menos esse. A Disney ainda não virou o jogo no Emmy, perdendo com The Mandalorian também, mas emplacando com Hamilton.

Mesmo com os “poréns”, dentro do possível, a premiação foi justa em reconhecer os grandes sucessos de 2020, um ano difícil para todos. A discussão da falta de inclusão nos resultados se mantém a cada festa. Insecure, de Issa Rae, por exemplo, passou batido com o atropelo de Ted Lasso. Talvez seja indicada em 2022, pela temporada final que está para estrear. Seria lindo ver vencedores de todas as raças e cores, mas o mundo ainda não está lá. O que de fato fica claro é que “a invasão britânica” – reforçada com Ted Lasso e The Crown, é uma realidade nas plataformas atualmente. Mas não é algo ruim, é que não se consegue premiar a todos.

O Emmy é o último prêmio do ano, meio fora da temporada. A partir de agora, começa a discussão de Oscar, SAG, BAFTA e Golden Globes, entre outros. E isso significa que será sobre 2022. Uau, mais um ano que se encerra!

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