A virada dramática de Ted Lasso: vamos falar de Nate

Essa será uma crítica com spoilers. São impossíveis de evitar.
Depois de meia temporada positiva, Ted Lasso fez a curva há alguns episódios e no penúltimo da temporada nos coloca em cheque com personagens que aprendemos a amar. E tipicamente Lasso, de uma forma doce que faz a realidade ser ainda mais cruel.

Os desejos e frustrações de um tímido assistente

Como tudo em Ted Lasso, há uma referência pop. Ted começa o episódio ainda sem notar o cada vez mais obviamente impaciente, arrogante e frustrado Nate e segue para ensaiar uma coreografia com os jogadores. A essa altura, todos menos Nate amam Ted, e dá para entender. Por isso o fato de que o grupo está fora de sincronia (a brincadeira com o N’Sync) é curta, mas importante.

Nate tem sido a personagem mais densa e destoante da temporada. O tímido e frequentemente humilhado assistente foi “descoberto” por Ted na 1ª temporada, ascendendo profissionalmente e ganhando respeito de todos, menos de seu pai. Pais tóxicos foram uma questão importante nessa temporada, justamente para dar a perspectiva do impacto negativo na vida das pessoas. Jamie, por exemplo, virou um abusador. Ou era. Nate, era um apagado. Ted, secretamente lida com a síndrome do pânico. Rebecca escolhe homens errados como seu pai e evita bons, como Sam. Assim segue.

No caso de Nate, havia a esperança de que – como em todos os filmes – ele fosse ganhar confiança para enfrentar seu abusador, não se transformar em um. E aqui, mais uma vez entra o brilhantismo dos roteiristas. Boas pessoas podem virar más.

Para um Nate envolvido com seus problemas, Ted parece ter as coisas fácil demais. Eu entendo que ele se ressinta que já no segundo ano como técnico, Ted ainda não tenha se dado ao trabalho de aprender o básico. E honestamente até o momento não vimos uma decisão sua de jogo que tenha ajudado o Richmond FC. Ted é um técnico motivacional, mas não de esporte, ao que podemos ver até o momento. Pensa em brincadeiras, argumentos para melhorar a vida de todos, mas não pensa no jogo. Portanto quando Nate planeja as jogadas, consegue fazer os milagres, ele quer o reconhecimento que é ele quem tem feito tudo ali. Só que ele escolheu uma facada nas costas em vez de uma conversa franca. Ted costuma ser bondoso, foi inclusive com Jaime e Rebecca, a quem perdoou sem ressentimentos por suas traições. Será que vai perdoar Nate? E mais importante, será que Nate quer seu perdão?

A confusão mental de Nate está tão grande que até ensaiar beijar Keeley pareceu uma tentativa válida. O papo estava estranho e próximo, mas ela é a namorada de outro amigo que sempre o defendeu, Roy, mas Nate quer fama, mulheres, dinheiro, etc. Desejos válidos e alcançáveis, mas porque Nate lida com a falta de amor paterno não acredita em si mesmo, caindo na armadilha da inveja, do egocentrismo e agressividade. Aquele sussurro do Rupert ainda vai ser revelado, talvez na conclusão da temporada.

O silêncio encorajador dos que já sacaram o “novo” Nate

Como falei, Ted tem passado por tantos problemas que é fácil ver que sua cabeça não está no trabalho. Se ele não vê nem o jogo, imagine se iria reparar em Nate. Ou até percebeu, mas torce pelo melhor do amigo, está incerto. No entanto, Beard, Roy e Higgings já viram o “verdadeiro” Nate. Não é como se ele estivesse se escondendo. Seus mal-tratos no pobre Will não poderiam ser apenas observados por Beard sem alguma interferência. Beard está acima de Nate, não? Sua decisão de não interferir estão contribuindo para o monstro. A ver como será resolvida da questão.

Toda vez que Trent Crimm, The Independent, aparece é para se segurar o fôlego e dito e feito, é ele que manda a bomba da temporada: escreveu um artigo sobre os ataques de pânico de Ted. É uma história que vende e verdadeira. Como ele sabe? Porque a fonte de Trent é confiável. Porém, como Trent é fã de Ted (mas péssimo jornalista?), sabe que há uma outra história a ser escrita e dá a chance à Ted primeiro: revela que a fonte do artigo é Nate, portanto o assistente é alguém em quem o técnico não deve mais confiar. Ted não cai na armadilha, mas nós acabamos o episódio com o Karma Police, de Radiohead, aludindo que Nate terá seu retorno. Será?

O drama de Rebecca e Sam não empolga. Ele é maravilhoso, mas é antiético como dona do time ter um relacionamento com seu principal jogador. Sinuca de bico. E o triângulo, quadrilátero romântico de Keeley, Roy, Jaime e agora a professora de Phoebe… para que? As pessoas podem ser felizes em um relacionamento em que se completam. Keeley e Roy devem curtir a felicidade que merecem. Chato o caminho que arriscam entrar ali.

A ver o episódio final. Nervosa!

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