É preciso ouvir os filmes originais para perceber que há algo em comum entre Malévola e a madrasta de Cinderella, além da crueldade gratuita. A expressão dos olhos, o gestual das mãos e – claramente – a voz.


O que une as duas vilãs, que estrelaram os dois filmes consecutivos após Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderella e A Bela Adormecida, é a atriz de teatro, rádio e televisão, Eleanor Audley. Primeiro veio Malévola e, nove anos depois, a Madrasta-má. As expressões de Eleanor foram captadas e transferidas para as personagens.




Com duas performances icônicas, pode-se argumentar que Eleanor Audley estabeleceu um “padrão” para maldade. Eleanor fez sucesso na TV americana e rádio e tinha uma postura aristocrática usada nos traços dos dois desenhos, ressaltando sua frieza.
A carreira de Eleanor começou no teatro, aos 20 anos, ainda nos anos 1920s. O rádio veio como sustento e foi onde sua leitura – perfeita – ganhou força e destaque nos anos de ouro do meio de comunicação. Na TV, participou de I Love Lucy, onde interpretava a sogra de Lucille Ball, entre outros sitcoms de sucesso. Quando emprestou sua voz à Lady Tremaine, a madrasta de Cinderella, sua imagem também foi imortalizada como a da vilã. Eleanor faleceu há 40 anos, em 1991, depois batalhar por décadas contra tuberculose. Tinha 86 anos.

O tom e postura que Eleanor passou para a madrasta foi essencial para a trama, porém pouco se sabe de sua vida anterior, apenas que era uma viúva com duas filhas. Ever After e Cinderella de 2015 se basearam no mesmo conceito de que Lady Tremaine tinha inveja da enteada. A atriz, adorada e doce nos bastidores, marcou gerações com sua inflexão pausada. Uma lenda dentro do universo da Disney.
