Hoje, 16 de janeiro de 2022, completam 80 anos da trágica morte da atriz Carole Lombard. Uma das maiores estrelas da comédia em Hollywood nos anos 1940s e 30s, Carole estava voando em um avião fretado para voltar mais cedo para casa, depois de ter ido participar de uma ação voluntária de Guerra para animar as tropas americanas. A poucos metros de seu destino, o avião bateu no topo de uma montanha. Ninguém sobreviveu. Ela tinha apenas 33 anos.
Nascinda em outubro de 1908 em uma família de posses, Jane Alice Peters cresceu com dois irmãos mais velhos, de quem herdou o jeito brincalhão e gosto por atividades físicas. Quando seus pais se separaram, quando ela ainda não tinha nem 12 anos, sua mãe se mudou para Los Angeles e a beleza perfeita de Jane – futura Carole – não passou desapercebida pelos “caça-talentos”. Em 1921 já estreava em um pequeno filme, A Perfet Crime.
A experiência encorajou mãe e filha a insistirem em novas e a jovem começou a fazer testes chegando a ser cogitada a estrelar The Golden Rush, ao lado de Charles Chaplin. Aos 15 anos, mudou o nome de Jane Peters para Carole Lombard, para ter maior chance de conseguir um papel. Aos 16, conseguiu seu primeiro contrato na Fox e abandonou os estudos.


Depois de uma série de pontas em westerns e filmes menores, ela passou a gostar de fazer fotos como modelo. Sua simpatia era enebriante e logo ficou muito popular nos bastidores, mas apenas em 1925 conseguiu o primeiro destaque, em Marriage in Transit e a falta de sucesso significou a não renovação do contrato. Um acidente de carro, dois anos depois, mudaria tudo.
Carole quebrou o vidro dianteiro com seu rosto e passou por dolorosas cirurgias plásticas para recuperá-lo. Ainda assim ficou com uma grande cicatriz na bochecha, que aprendeu a disfarçar com maquiagem. Na época, já tinha um contrato com Michael Sennet e a atriz achou que jamais conseguiria um emprego. Estava errada. O produtor passou a escalá-la em comédias e ninguém mais prestava atenção às suas cicatrizes. Foi ganhando público e experiência, assinando um contrato com a Paramount em seguida.
Aos 22 anos, se casou com o astro, William Powell, o que trouxe projeção para sua carreira. Ao longo dos anos seguintes, foi colecionando boas críticas e aumentando o trabalho, até que, em 1932, foi escalada para trabalhar com Clark Gable, na época, já um dos maiores astros do Cinema. Os dois ficaram amigos e jamais imaginariam que em poucos anos estariam completamente apaixonados. A união com Powell foi desfeita em 1933, sem drama, apenas reconhecendo que as agendas de ambos os impedia de estarem juntos.
A carreira de Carole pegou fôlego quando estrelou uma série de screwball comedies, comédias sem pé nem cabeça. Seu timing cômigo era incrível e imcomparável. Recusou o papel que foi para Claudette Colbert em Aconteceu Aquela Noite (com Clark Gable), mas nem a falta do Oscar freiou seu sucesso. Era uma estrela por mérito próprio, adorada por homens e mulheres.
Seu maior sucesso então, Ma Man Godfrey, ao lado do ex-marido, a rendeu uma indicação ao Oscar e é considerada icônica.


Em 1936, reencontrou Clark Gable em uma festa e desta vez o romance engrenou. As duas maiores estrelas do cinema da época, apaixonadas, vendia revistas, mas sem o divorcio de sua primeira mulher, Clark não podia se casar novamente. Precisou desembolsar meio milhão de dólares (na época, bilhões hoje) para que – em 1939 – Carole virasse oficialmente sua esposa.
Neste período, a atriz começou a sonhar com o respeito de uma carreira dramática e passou a se afastar das comédias, mas mesmo com elogios das críticas, as bilheterias não responderam tão bem. Sua obsessão por ganhar um Oscar era conhecida e depois de muito insistir, decidiu voltar para comédias, mas reduzindo o ritmo para se dedicar mais ao casamento. Em 1942, filmou o clássico To Be or Not Be, que viria a ser seu último trabalho.
Wm 1941, após o ataque a Pearl Harbour, os Estados Unidos entraram na 2ª Guerra Mundial e muitas estrelas faziam shows beneficentes para dar apoio aos soldados. Em uma dessas viagens, Carole conseguiu doações significativas e era uma das mais requisitadas, naturalmente. Foi convidada a ir ao estado de Indiana para um dos eventos, mas se recusou a ir de trem, preferindo o avião para poder voltar mais rápido para casa.
Na manhã de 16 de janeiro de 1942, acompanhada por sua mãe e outras pessoas, Carole embarcou a caminho da Califórnia. Pararam para abastecimento em Las Vegas, mas, para grande desespero, o avião perdeu contato apenas a 51 km do aeroporto, perto das montanhas de Potosi. Todos os 22 passageiros morreram na queda. O acidente foi creditado ao erro do piloto, que voava baixo. Com as luzes de segurança apagadas por medo de novos ataques japoneses, ele teria calculado errado a altura das montanhas.


Clark Gable foi pessoalmente participar das buscas pelos sobreviventes. Em todas biografias ressaltam que, após a morte de Carole, nunca mais foi a mesma pessoa. Ele imediatamente se alistou ao Exército e lutou na Guerra ( que alguns julgaram ser uma ação suicida), mas voltou ao cinema quando o conflito mundil acabou. A história de amor dos dois, especialmente pela conclusão trágica, é considerada uma das maiores do Cinema.
O funeral para Carole Lombard aconteceu dias depois do acidente, em Glendale, California. Seu último filme, To Be or Not To Be, é uma sátira ao nazismo e considerada uma das melhores comédias já produzidas. Por suas atitudes consideradas progressistas na época , como usar calças, viver abertamente com um homem sem ser casada e falar de politica, entre outras, muitos apontam Carole como um símbolo feminista. “Mulheres trabalhadoras são mulheres interessantes”, teria dito em uma entrevista. E Carole Lombard, certamente, era uma estrela das mais interessantes e brilhantes. Aqui fica nossa homenagem a ela.

