A perfeição da trilha de Game of Thrones

Eu perdi o primeiro episódio de Game of Thrones, assisti na reprise. Mas assim que entraram os créditos, minha irmã me ligou. “Você ouviu a trilha sonora? Entraram com o pé na porta. É linda”, me disse empolgada. Há 11 anos, não era mais comum uma série ter orquestra e temas tão marcantes. Não é exagero dizer hoje que a música de Ramin Djawadi é um dos elementos essenciais do sucesso da série e a garantia para os fãs da continuidade e qualidade de House of the Dragon.

Ramin criou os temas para cada casa enterligados ao tema geral, do trono e casa linha melódica é completamente emocionante. Ouvir o que vai criar para os Targaryens me dá tanta ansiedade quanto ver a série por si só.

A trilha sonora de Game of Thrones é, com justiça, apontada como divisor de águas na história do entretenimento e rendeu prêmios (e adoração) para o compositor alemão, de ascendência iraniana, um dos discípulos do genial Hans Zimmer. Ramin trabalhou com o mentor orquestrando Os Piratas do Caribe, antes de partir solo para suas próprias trilhas.

Para cada tema, Ramin tentou usar instrumentos que fossem condizentes com a ação. A única orientação que recebeu foi a de “não usar flautas”. E entendeu perfeitamente as personagens.
A melancolia do Norte é traduzida no tema dos Starks, que está em Winterfell e Goodbye Brother, entre outras. “Meu trabalho é destacar a jornada nas personagens com a minha música”, explicou o compositor em uma entrevista. “Todos os Starks ficaram separados. Goodbye Brother foi escrita para quando Jon se despede de Bran e esse Adeus dá o tom, um tom de tristeza. Por isso sempre achei que o tema dos Starks deveria ser emocionante, triste”, explicou.

Os Lannisters tem uma valsa poderosa, que é a melodia de The Rains of Castamere, a canção citada nos livros de George R. R. Martin e que, pela criatividade do compositor, passou a ser um dos temas mais poderosos da série, uma espécie de aviso de perigo e lágrimas. Afinal, segundo o escritor, a letra reconta um dos momentos mais violentos da história de Westeros, quando Tywin Lannister eliminou a casa Reyne, que tinha desafiado o poder de Tytos, pai de Tywin, matando todos sem piedade. A canção virou hino dos Lannisters, tanto que ao ouvi-la, Catelyn Stark pressente o perigo que a cerca a a seu filho, mas tarde demais. Foi a noite do “Casamento Vermelho”.

O tema dos Targaryens, em Game of Thrones mais ligado à Daenerys, é grandioso e evoca os vôos dos dragões. Com instrumentos mais orientais, que refletem a localização da grande personagem feminina dessa saga, geralmente inclui corais e algumas notas do tema central. É só ouvir Mhysa ou Winds of Winter ou Blood of my Blood.

E mesclando os tema dos Starks com os Targaryens temos o lindo tema de amor de Daenerys e Jon Snow, em Truth e – principalmente – A Thousand Years. “Antes que Jon morresse, seu tema era o dos Starks. Quando voltou pensamos que já era hora de ter seu próprio tema, na temporada seis’, Ramin comentou na mesma entrevista, “mas quando o relacionamento dele com Daenery começou, sentimos que eles precisavam de uma trilha deles, então compus outro tema para ele e os dois. É como é o trabalho”, explicou, citando que Arya também passou a ter uma melodia que a identificasse também com a série já bem avançada.

A faixa mais tocada e admirada de toda série é no entanto o que depois ficou indiretamente como o “tema de Cersei”, a Light of the Seven. Com quase 10 minutos, começa com um piano e vai no mesmo crescendo que acompanhamos na ação, sufocante, tenso e antecipando a grande virada de Cersei para recuperar o poder e eliminar seus inimigos. Não é à toa que o tema do Night King ganhe tratamento semelhante no episódio da Batalha de Winterfell. Para Ramin, escrever para esse episódio foi como compor para um filme de terror. São faixas interligadas pela frieza (literalmente) das duas personagens.

Há duas canções na trilha, precisamos mencionar, fora da curva. The Bear and the Maiden Fair assim como Power is Power, que são estranhas no ninho. The Bear and the Maiden Fair é cantada de outra forma na série, quando Brienne é exposta – literalmente – em uma luta com um urso, mas é salva por Jamie.

Porém, a mais bela das canções foi uma surpresa da temporada final: Jenny of Oldstones. Podrick a canta, em um momento em que todos estavam diante da morte certa. É uma canção que aparece várias vezes nos livros, recontando a tristeza de Jenny de Oldstones, o grande amor de Duncan Targaryen, um dos ancestrais de Jon e Daenerys. Duncan deixou a mulher por Jenny, cuja vida parece estar relacionada com a profecia de Azor Ahai, o Príncipe que foi Prometido, assim como, depois, lembra um pouco a história de Lyanna Stark, mãe de Jon. Jenny era amiga de uma anã que morava no bosque e tinha características semelhantes as dos Filhos da Floresta e dançava entre fantasmas dos que amou e perdeu. Nos créditos do episódio ouvimos a gravação na voz de Florence and the Machine.

Ouça todos os temas aqui.

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3 comentários Adicione o seu

  1. Aliás, a história por trás de Rains of Castamere é maravilhosa, a gente até falou sobre ela no nosso site. Tywin realmente mostrou o poder da Casa Lannister. E na série, ser interpretado por Charles Dance não poderia ter caído tão bem.
    https://guarientoportal.com/curiosidades/rains-of-castamere

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    1. Vou acrescentar o link!!!

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