Em The Gilded Age, Peggy Scott (Denée Jacobson) tem sido uma silenciosa e discreta observadora das loucuras e luxos das famílias em Manhattan e a personagem, que está escrevendo sobre todos eles, finalmente encontrou alguém que vai publicá-la. Neste episódio, onde sua parte da história começa a ser revelada, vemos uma Peggy que estava se escondendo e estamos felizes por conhecê-la. De quebra,
colocou a rebelde-porque-pode, Marian Brook (Louisa Jacobson) no lugar.
Somente Marian, uma moça pobre com tias ricas que ainda não tinha efetivamente percebido que sua amiga e salvadora é muito mais do que deixa transparecer. Foi Peggy quem pagou a passagem de Marian, depois que ela foi assaltada. Foi Peggy que a ajudou a chegar na casa das tias e também foi Peggy que de cara conquistou a difícil e preconceituosa Agnes van Rhijn (Christine Baranski) que até o momento é a única que vê as pessoas como são (isso me preocupa muito!). Agnes não gosta dos emergentes, mas adora Peggy. Obviamente uma mulher de cor, educada e bem vestida não é uma qualquer, apenas Marion envolvida até a tampa no seu egocentrismo e racismo estrutural não tinha percebido!


Depois de ter sido rejeitada em uma revista por ser negra, Peggy ainda se recusa a voltar para casa ou aceitar a ajuda dos pais. No entanto, ela consegue que seus artigos sejam publicados – em uma gráfica conduzida por pretos – e ganha dois potenciais interesses amorosos. Isso mesmo, Peggy! Como não tem mais como fugir de casa, vai almoçar com os pais e a vemos em uma casa de luxo, com empregados e pais muito bem estabelecidos. O drama com seu pai, ao que parece, não é porque ele a quer bem casada, mas quer que Peggy herde os negócios – uma rede farmaceutica – enquanto ela quer ser escritora e independente. Vai inclusive começar a escrever sobre política, algo que Agnes aceita desde que não tenha que ler. Agnes certamente é uma personagem interessante justamente por essa relação com Peggy, que é a única que tem seu irrestrito apoio.
Em meio ao drama de menina rica, Marian – sempre ela – vem dar vexame e envergonhar a todos. Não apenas aparece sem ser convidada, como traz sapatos velhos como presente. Mais cedo já tinha exposto Peggy à humilhação que nem percebe, quando Peggy é acompanhada de longe por seguranças em uma loja de departamento (a futura Bloomingdales), porque desconfiam que ela possa ser uma ladra. Quando aparece na casa, surpresa que Peggy seja mais rica que ela própria e que achou que um sapato velho seria um bom presente, faz com que Peggy perca a paciência. O gesto revela o racismo estrutural de Marian, provocando a frase mais forte do episódio: “não finja algo que não somos: amigas”, desabafa com Marian.


A dificuldade de Marian de pescar as coisas é irritante. Não importam as vezes que expliquem as regras, as desobedece apenas para ser diferente. Receio que sua trajetória romântica com Tom Raikes (Thomas Cocquerel) possa ser a que Henry James contou tão bem em A Herdeira. No clássico que virou filme e peça, uma solteirona feiosa é vítima do golpe de um admirador interesseiro. Foi o que Agnes avisou no episódio passado. Tom foi o advogado do pai de Marian, veio para Nova York supostamente atrás dela, já se declarou mas não força a mão. Como vimos, em meses já está bem relacionado e frequentando a ópera. Até Bertha Russell (Carrie Coon) comentou sobre ele… vamos ficar de olho em Tom!
Entre os Russell, a casa anda uma zona por baixo mas o casal parece ignorar. Bertha despede a dama de companhia da filha depois que descobre de sua saída escondida, mas nem desconfia que sua camareira foi parar nua na cama de George Russel (Morgan Spector). Sorte que o marido é fiel e gosta disso. Depois de ter provocado o suicídio de um inimigo, George parece estar suavizando, porém insiste e consegue que Bertha seja convidada por uma das famílias aceitas. É a longa escada que dá nome ao episódio. Pela primeira vez a nova rica ouve falar da lista dos 400, feita por Ward McAllister (Nathan Lane), com a aprovação da Sra. Astor (Donna Murphy). Vem mais por aí.
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