O cancelamento de Gossip Girl 2.0

O reboot de Gossip Girl antecipou a mesma tentativa de outra marca importante da HBO, a de Sex and the City, e ambas foram recebidas com a mesma desconfiança. Porém enquanto SATC trouxe as mesmas personagens mais velhas e inclusive mudou seu nome para And Just Like That, exatamente para marcar sua nova proposta, GG se propôs a manter o nome, cenário e estrutura da juventude milionária de Manhattan, com novos rostos e atualização tecnológica para o blog que causou sensação no início dos anos 2000.

Fez sentido trazer as duas séries novamente juntas porque ambas foram sensação com gerações de mulheres de diferentes idades, encontrando um ponto em comum na moda e lugares descolados de Nova York. E ambas se revelaram… datadas.

And Just Like That ainda está terminando as gravações da segunda temporada e com tantos cancelamentos na HBO, periga que seja a última. Embora tenha ido bem na 1ª, a recepção pode ser medida como apenas morna. Rever as personagens em seus quase 60, ainda se adaptando com as mudanças culturais e lidando com o luto foi estranho e não convenceu 100% do público ainda. No caso de Gossip Girl foi pior, a recepção foi o suficiente para garantir a renovação.

Em ambas as séries o elenco teve que endereçar e compensar a falta de inclusão de suas versões originais e GG conseguiu abrir bastante o escopo, melhor do que AJLT. Cheia de auto referências, também foi menos careta, incluindo um trisal (algo que em 2000 ainda era tabu), mas sentiu que a sombra de personagens infinitamente menos interessantes.

Quando surgiu em 1998, Gossip Girl, vivíamos em tempos recém digitais, mas sem o impacto das redes sociais. A série se passa na mesma escola e cita o tempo todo as personagens prévias, meio que espelhando suas versões atualizadas. Não funcionou.

A começar por Serena e Dan. Julien não conseguiu nos conquistar como Serena, nem Otto tinha o cinismo interessante de Dan. Audrey definitivamente tinha a vibe de Blair, Max é mesmo o mais próximo de Chuck e Aki o novo Nate. Vamos concordar que sair da sombra de Chuck e Blair era uma missão ingrata?

Claro que não colou. Mas dentre os vários problemas da série o pior foi o de colocar em uma professora o revival tóxico de Gossip Girl, agora uma conta no Instagram. Ter uma adulta fazendo fofocas de adolescentes, jogando as pessoas uma contra as outras é tão complicado como ter dado a Dan a responsabilidade do blog original. Pelo menos não sabíamos quem era que estava por trás do blog enquanto agora tivemos que lidar com os absurdos criminosos de uma adulta assediando os jovens para os quais deveria ser protetora. Nem a volta de Georgina Sparks inverteu as expectativas.

A série se esforçou – muito – para engajar, mas o melodrama caiu no vazio e repetições, sem um elenco carismático para compensar. Parte da curiosidade estava na eterna pergunta “Quem é Gossip Girl?” e reverter para que soubéssemos a autora fez da história algo vazio. O trisal de Audrey, Max e Aki também parou na dificuldade de superarem suas superficialidades e admitirem amor genuíno entre eles, restando portanto as festas e glamour com um grupo desinteressante.

A esperança da equipe de produção é de ainda conseguir seguir com a história, mas em outra plataforma, o que é por óbvias razões, improvável. Com a prisão de Kate, a professora obcecada pelo trabalho em Gossip Girl, resta a seu parceiro a transformar GG em um app. E de todos, Max sozinho e sofrendo, foi desanimador.

“No momento, estamos procurando outra casa, mas neste clima, isso pode ser uma batalha difícil e, se este for o fim, pelo menos saímos no mais alto dos pontos altos”, disse o criador Joshua Safran. Há controvérsias…

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