Há quem não tenha apreciado a passagem de tempo em The Last of Us sem que ela tenha impactado tanto a relação entre Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey), mas eu não. Em uma série apocalíptica seria mais estranho ele chegar a Winsconsin em três dias do que três meses à pé. E com uma adolescente irritante como companhia, ele se manteve firme.

Assim como mencionado antes aqui, The Last of Us segue a escola de The Walking Dead, com seus protagonistas esbarrando com pessoas boas e más em sua trajetória. Quando Ellie entrou na vida de Joel, ele estava angustiado por falta de notícias de seu irmão, Tommy, e determinado em encontrá-lo. Acrescentou “entregar” Ellie para os Fireflies que estariam perto de onde ele imaginava estar seu irmão e assim começaram sua viagem.

No caminho perderam Tess, não conseguiram chegar a tempo para se despedir de Frank e Bill, foram impactados pela história de Sam e Henry e aqui, meses depois, finalmente chegam ao local onde está Tommy. E juro, o reencontro dos dois me lembrou esse aqui.

Então descobrimos que em vez de estar em perigo (o código de música dos anos 1980s seria um sinal), Tommy estava feliz em um oásis no meio da desgraça. Uma comunidade pacífica, reconstruída e protegida, se bem que isolada e paranóica sobre quem poderia entrar no grupo. A emoção na voz, no olhar e nos gestos de Joel quando avista Tommy provocam em Ellie um claro ciúme, deixando ainda mais claro que seu guia não abre o coração para ela. Aliás, ciúme e inveja são a tônica do episódio.

Tommy, que sempre apoiou Joel e Sarah, era o que precisava de ajuda, que não tinha uma família. Ao se afastar de Joel, encontrou tudo que ele via e invejava no irmão, encontrando sua paz. Joel, que perdeu tudo e todos que amava, passados os segundos de alívio e felicidade de estar com Tommy, se sente excluído e abandonado, com ciúme e inveja do que Tommy tem e o que Joel perdeu. O conflito logo se estabelece entre eles e nem Ellie ou Maria, a esposa de Tommy, podem interferir.

Embora a série não mostre como a relação de Joel e Tommy se desgastou logo depois que tiveram que sobreviver, estou com Joel que é inaceitável, imperdoável que uma vez no oásis em que se encontrava, Tommy não tenha dado nenhum sinal de vida para o irmão ou tentado trazê-lo para o grupo. Até o sonho de criar cabras estava sendo realizado, a falta de sensibilidade e humanidade de Tommy ressaltam mais uma vez como as relações humanas são complexas na adversidade. Tendo ele mesmo sido aceito após provações, ele não quis arriscar seu conforto por Joel. Não é de se estranhar que agora ele não queira ficar.

Paralelamente, Ellie descobre a razão principal da rejeição de Joel à ela: sua projeção da perda de Sarah. Como ela o lembra, ela não é Sarah e também perdeu muitas pessoas. Ainda pior: não teve amor ou família. Mas Joel tem uma preocupação a mais. Ele tem falhado na segurança, dormido a mais do que deve e com isso pode estar colocando Ellie em perigo. Como eles estão (em tese) à apenas 5 dias de onde ela deve estar, ele pede a Tommy para levá-la (enquanto ele vai embora). Isso parte do coração da adolescente.

Na manhã da partida, um arrependido Joel aparece para dar a Ellie uma escolha e ela nem pestaneja em elegê-lo. Os dois saem, ele com planos de voltar. Final feliz em The Last of Us é como Game of Thrones. Não existe.

Em uma cidade deserta e abandonada pelas pessoas que aguardam Ellie, Joel e a menina sofrem um ataque surpresa, com ele saindo gravemente ferido.

Para quem sabe o que vai acontecer, é de arrepiar o que veremos no próximo episódio. Quem ainda não sabe… prepare-se.

The Last of Us termina com uma versão acústica do que já é oficialmente o tema de Joel e Ellie, Never Let Me Down Again, do Depeche Mode. A letra fala de amigos – melhores amigos – que confiam e dependem um do outro. Nada mais expressivo do que esses dois. E o melhor? O teaser musical. Joel comenta que sempre quis ser cantor. Ah, quando encontrar o violão já sabemos o que ele vai cantar para Ellie… Falta menos!