Em 1987, o The Cure estava gravando seu sétimo álbum – Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me – no sul da França, no Studio Miraval, no castelo de mesmo nome (isso mesmo, se você acompanha as notícias de Hollywood é o mesmo que hoje pertence à Brad Pitt), que ficou famoso 8 anos antes, quando Pink Floyd criou o clássico The Wall no mesmo local. Robert Smith, líder da banda e seu principal compositor, se obrigou a escrever música durante 15 dias de cada mês para ter material suficiente ao chegar lá. No meio do material estava uma canção – ainda sem letra – que agradou às namoradas dos músicos (incluindo a dele, sua futura esposa, Mary Poole). Ele sabia que era uma das músicas mais românticas de sua autoria e que tinha um sucesso em mãos.


A base da melodia e dos acordes originais, no entanto, lembrava um sucesso de 1979, dos Only Ones, chamada Another Girl, Another Planet, por isso precisaram ser alteradas. Aumentando o ritmo da bateria e dando a idéia, que ficou, de que cada instrumento entrasse individualmente e em sequência. A letra (e depois, o vídeo) foi inspirada em uma viagem que fez com Mary no verão anterior, quando foram à praia e passaram “um dia de sonho” ou melhor, Just Like Heaven.
Sendo The Cure, não seria uma música de amor comum. O viés dark ficou claro na letra: eles brincam, se beijam na beira do precipício e dormem, mas quando ele acorda sozinho não sabe se sonhou ou se perdeu sua garota. Na verdade, o mais provável seria mesmo sua morte, reforçando ainda mais a adequação da escolha para a linda cena de amor de The Last of Us entre Ellie e Riley, mas o vocalista diz que “A música é sobre hiperventilar – beijar e desmaiar no chão”.

A musa de Just Like Heaven é Mary Poole, para quem Robert Smith também escreveu a maravilhosa Lovesong. Ela e o cantor se conheceram com apenas 14 anos, em uma aula de arte, e estão juntos até hoje. É Mary que interpreta a garota do vídeo dirigido por Tim Pope e o músico não teria outra em seu lugar. “Mary dança comigo no vídeo porque ela era a garota, então tinha que ser ela”, ele explicou em uma entrevista.


Sem surpresa, Just Like Heaven foi eleita uma das músicas símbolo dos anos 1980s e uma das mais belas canções românticas de todos os tempos, sendo sempre um dos momentos dos shows do The Cure que a plateia enlouquece. Dizem que é um dos momentos que Robert mais gosta justamente pela reação dos fãs. Segundo disse à Rolling Stone, é sua composição favorita e uma que ele teria dito, “nunca mais escreverei algo tão bom”. Eu discordo (Lovesong é uma prova), mas, certamente é uma das canções mais populares dos últimos 40 anos, sem surpresa entrou em várias séries e filmes. The Last of Us usou apenas a versão instrumental, mas foi mágica. E sempre vale relembrar.
E quando tive o privilégio de ouvir ao vivo.