Depois de segurar três temporadas, You encerra (?) sem graça

Há uma coisa com a multiplicação de plataformas e distribuição de conteúdo: é mais difícil entregar um conteúdo que mantenha a promessa de surpreender. Melhor, eu diria, focar na parte interessante da narrativa e esquecer viradas e novidades. Mesmo saindo de um livro de suucesso, Você (You) segurou com louvor uma trama que mal se sustentaria após a primeira e aqui estamos na quarta.

A história do stalker e serial killer Joe Goldberg (Penn Badgley) começou assustadoramente plausível – quando era a parte de um cara insuspeito que em dois segundos online desscobria toda a vida de suas vítimas, mas já acabando meio fantasioso (ter alguém preso no porão da loja sem ninguém desconfiar?). Tendo feito sua estadia em Nova York ficar impossível, ele se muda para California onde se apaixona por uma Chef viúva, Love Quinn (Victoria Pedretti) enquanto passa a ser perseguido ele mesmo por um serial killer. A virada é interessante, Love é realmente alma gêmea de Joe, uma psicopata ainda mais perigosa do que ele.

A terceira parte, já foi mais incrível, mesmo tendo deixado um rastro de morte para trás, os dois – agora com um bebê para cuidar – estão livres em outra cidade. Joe se cansa de Love, ela perde o controle e numa virada surpreendente ele a mata e foge. Mais uma vez impune.

Chegamos à Europa onde Joe consegue o emprego de professor, passa a circular em meio aos milionários britânicos enquanto é “perseguido por um psicopata”. Ele tem rosto e nome, mas juro que a essa altura já me esforcei para me interessar. Os fãs sacaram a fórmula da virada desde o primeiro episódio e quando veio, bem, todos estavam certos. A alternativa? Usar o segredo de Clube da Luta, a da dupla personalidade. Pior do que um Joe mágico é ter dois Joes em caras diferentes e fazendo a mesma coisa.

Clipado, sem um elenco que sustente interesse (nem Gregg Kinnear salva ou as participações “surpresas” das namoradas do passado), Você (You) sentiu a falta do carisma de Victoria Pedretti, que conseguiu fazer frases como “Eu lato para você (I wolff you)” ficar fofa. Penn Badgley para mim pode ser para sempre o psicopata de plantão, sua narração e interpretações são perfeitas e sem ele, a série seria um vexame. Mas com Joe DE NOVO escapando e voltando para Nova York, com uma mulher no mesmo lugar que Love um dia ocupou, foi um final aquém do aceitável.

Haverá uma 5ª vez? Depende dos algoritmos dessa. Não descarto, mas dispenso. E você?

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