O episódio pode ser chamado de “A Grande Semana”, mas o que mais uma vez os roteiristas genialmente nos mostraram é que Ted Lasso gosta de mexer com a nossa cabeça. E sim, super cientes da “positividade tóxica” do técnico é questionada e confrontada até pelos que mais o amam. Vamos ao que rolou em campo e fora de campo.
A regra numero 1 do jogo aqui é estar ciente de que a série mexe com as nossas percepções o tempo todo. Queremos Tedbecca? Eles exploram a possibilidade abertamente, são nossos “Ruperts” ao expor o quanto são perfeitos um para o outro e prontos para se apaixonarem, mas não acontece. Sério, estou resistindo o quanto posso a não me submeter!
O mesmo se aplica com Nate. Eu o-deio Nate Shelley e claro que quando chegou ao ápice dessa aversão eles vêm para humanizá-lo novamente. Não vou aceitar! A fraqueza de caráter de Nate pode ter suas explicações, mas o que ele fez e está fazendo é imperdoável e estou com Beard e Roy nessa jogada. Tem que responder por suas escolhas!
Mas então vem Ted, o bufão, o cara que todos subestimam e que está na partida sozinho. Ted está uma bagunça, como Sassy explica com simplicidade. Quem já passou por separação (e acompanha as fofocas da vida pessoal de Jason Sudeikis) identifica todas as situações e gatilhos colocadas na série. Sassy está ainda no seu próprio processo de superação pessoal, mas “a três anos à frente” de Ted. Rebecca a uns seis meses. Ted ainda está desorientado por ter sido deixado por Michelle e trocado pelo analista do casal. Ex-casal. Mas finalmente, quer seguir em frente.

A traição de Nate foi sentida e o magoou, mas Ted se recusa a permitir o estágio da raiva decidir por ele. É lindo e manipulador colocá-lo superior aos outros, mas Beard, Roy e Rebecca o confrontaram várias vezes que é preciso reagir. Assertivamente, mas Ted não quer. Como vai sair dessa?
Nate, que eu me controlo aqui para não xingar, mereceu o desprezo e ódio do time que descobriu que sua saída foi pior do que imaginavam. Obrigada Trent Crimm! Dessa vez você aparenta estar guardando o segredo de Colin, a ver por quanto tempo, mas expôs Nate pelo ser desprezível que ele é. Também obrigada Jade! Sei que você segue sendo uma racista esnobe, mas hoje ainda tratar Nate como se não fosse alguém famoso foi nossa melhor vingança em todo episódio. Tem toda a cara de que vai mudar e sair com ele, mas aguardaremos.
Nate está sofrendo em ser o que ele sabe ser uma pessoa má, mas lamento, tem que ter consequências. Ted pode perdoá-lo, mas espero que os outros não.
E nossa querida Keely? Tadinha! Também odeio a Barbara, uma funcionária agressiva que eu queria tanto ver demitida! Pelo visto separar Keeley de Roy deu ruim pra ela. Tanto que caiu no papo da falsiane Shandy, que confirmou para gente que é “a nova Nate”. A energia passiva agressiva de Barbara, que despreza Keeley, está fazendo com que ela volte a ficar uma mulher insegura, algo que tinha superado com um ótimo trabalho com Rebecca e Shandy está se aproveitando disso. Shandy sempre foi clara: ela inveja o que Keeley alcançou e está roubando dela tudo (inclusive Jaime). A ver se Jack Sanders, que tem uma vibe bem romântica para Keeley, vai cair nessa. Ela observou tudo assim como a gente. Aliás, entrar no campo das relações femininas é perigoso para um time de roteiristas masculino. Até aqui eles foram óbvios, mas inteligentes, ao mostrar a sororidade entre Keeley e Rebecca. Mostrar falsianes em ação pode ser uma armadilha!
Rupert… que nojo, que homem mais perfeitamente simbolizado como todos os héteros brancos que dominaram o mundo. No caso dele, com dinheiro, ainda por cima. Rebecca não supera sua mágoa de ter sido trocada e ele ama atormentá-la. O jogo dele é destruí-la e não deixá-la seguir em frente. Essa relação merece outro post, mas por hora, vamos ressaltar que ele segue implacável. O único imune a ele é Ted Lasso. Rupert está fazendo com Nate o que Rebecca comentou que ele faz: seduz, apoia mas desestabiliza para criar a dependência emocional da aprovação. Ele é podre e muito real. Mesmo derrotado, não perde. A ver se Richmond vence a Champions League.
Zava tem toda pinta de que vai embora em breve. Ele está em outro universo, não tem conexão com ninguém e meio que já fez o que tinha que fazer – salvar o time – portanto sua figura divisiva foi espertamente reduzida nesse episódio. Mas eu queria Zava ficando… ele é Deus!
E terminamos com Ted seguindo com sua saúde mental como prioridade. Ele deixou Nate no canto dele, aguardando o momento no qual eles terão que ter uma boa conversa, mas que tem que ser no tempo certo. Negar usar o vídeo de Nate destruindo o cartaz de BELIEVE, o momento em que perdeu a fé nas boas ações, foi esperto porque só jogar com raiva e o ódio em campo provoca mais perdas do que vitórias, como o Richmond demonstrou. E por isso ele assumiu sua raiva pela traição de Michelle e abriu o jogo com ela, brilhantemente com o clássico de Bob Dylan “Don’t Think Twice, It’s Alright” como fundo.
Não sei se isolar a raiva é a resposta de tudo, mas Ted tem muito mais como surpreender os que o subestimam. E nós acreditamos em Ted Lasso.
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