Barry é uma série que tem personagens complexos como Succession, viradas surpreendentes como Game of Thrones e um humor como Veep. Ou melhor ainda, esqueça qualquer comparação pois sua originalidade é tanta que não tem referência no ar no momento. Tudo graças à mão firme de sua estrela, criador e diretor, Bill Hader. A volta para fechar a história do sociopata Barry Berkman, o assassino mercenário que decide se tornar um ator em poucos episódios, com dois deles já disponíveis na plataforma do Max.
Hader está determinado em eliminar qualquer conexão nossa com Barry: ele é mau, ele é cruel e completamente desconectado com o mundo, porém ao cercá-lo de narcisistas ainda piores, não consegue. É impossível não torcer por ele, mesmo sendo um frio e poderoso assassino como ele é. A falta da figura paterna é um dos pontos fracos dele. Foi explorado por anos por Monroe Fuches (Stephen Root) que também é o responsável pela derrocada e prisão de Barry, até por que usou o seu substituto como mentor do assassino, o egoísta e presunçoso professor Gene Cousineau (Henry Wrinkler), como executor de seu plano de vingança. Agora Fuches destruiu Barry, mas nem assim encontra sua Paz. Só tem um destino para ambos e não é animador.

Barry ainda não entendeu que Fuches foi quem conseguiu destruir sua vida, ele ainda está chocado por ter sido descartado por Cousineau e Sally (Sarah Goldberg) uma segunda vez. Sally – ela mesma uma assassina agora – é uma prova de como Barry tem tão baixa auto estima e como é fácil manipulá-lo. Mas embora esteja sofrendo com as traições, ele quer ser punido, ele quer inclusive… morrer, portanto é o instinto infalível de defesa e ataque que colocam Barry com uma “proteção divina” que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo.
Em uma trama já esticada ao máximo – foi incrível que ele tenha escapado da Justiça por tanto tempo – mesmo na prisão Barry é alvo de mal entendidos. Um ainda traumatizado Novo Hank (Anthony Carrigan), mesmo afetado e menos histriônico, coloca Barry em sua lista por acreditar que ele colabora com o FBI (na verdade é Fuches) e o drama já está desenrolando.
Bill Hader já explicou mais de uma vez que Barry não é anti herói e que suas ações precisam ter consequências, em especial as que são tão sombrias como assassinar pessoas por dinheiro. Esse clima pesado sombreia os episódios finais. Não tenho esperança por ele, só quero que os demais sejam igualmente punidos. Menos Cristobal e Novo Hank. Por hora!