Depois de ganhar estrelato mundial dando vida à jovem Rhaenyra Targaryen de House of the Dragon, Milly Alcock encara um desafio que muitas jovens atrizes também enfrentaram, o de estrear no teatro e o de dar vida ao difícil e controverso papel de Abigail Williams na peça As Bruxas de Salém (The Crucible). No caso de Milly, o risco é ainda maior pois quem a antecedeu foi outra “princesa”, mas dessa vez da série The Crown, Erin Doherty, que conhecemos e adoramos na pele da Princesa Anne nas temporadas 3 e 4 da série da Netflix.
A substituição do elenco foi anunciada no início de 2023 e a estreia se aproxima, agora em junho. A montagem do texto que completou 70 anos em fevereiro, escrita por Arthur Miller em 1953, usa como base um processo jurídico verdadeiro, de fatos que aconteceram em Salem, Massachussets, em 1682 e onde pelo menos 19 pessoas foram enforcadas por falsas acusações de bruxaria.

Assim como na vida real, a peça coloca no coração das fake news a jovem Abigail Williams (Milly Alcock) que ao ser flagrada na floresta participando de uma cerimônia pagã, alega estar “possuída” e ter sido vítima de bruxaria. Ela e as meninas que a acompanhavam formam uma unidade cujas palavras ganham poder onipotente, gerando medo, vingança e calúnias. Ninguém está a salvo de julgamento, nem mesmo o ex-amante de Abigail, John Protor (Brendan Cowell), ou sua esposa (Caitlin FitzGerald).
A montagem moderna de Lyndsey Turner tem sido extremamente elogiada e retoma as apresentações por um curto período, a partir de 7 de junho. Ela usa um set minimalista, com uma parede de chuva artificial que colabora para um clima soturno.

Originalmente proposto como uma revisão da paranóica do macarthismo nos Estados Unidos, se torna atual em tempos de fale news e radicalismo. As execuções baseadas em acusações absurdas de meninas assustadas porque os homens no comando se aproveitam para outros objetivos. Há um problema recente para aceitar a narrativa da história de Abigail Williams. O discurso patriarcal coloca meninas inconsequentes usadas para criticar homens poderosos, mas John Proctor é idealizado e Abigail é reduzida ao papel de vilã enciumada e simplificada, uma visão que nós mulheres não mais aceitamos. Ainda assim, é um papel complexo e interessante, uma oportunidade que atrizes ainda jovens têm para trazer dualidade e maturidade. No cinema, Winona Ryder imortalizou Abigail (foi indicada ao Oscar), e recentemente Saoirse Ronan brilhou na Broadway em uma remontagem. Milly tem a idade e talento ideais para o papel. É para os sortudos que estiverem em Londres!
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