O talento de Michelle Fairley em Rainha Charlotte

A atriz Michelle Fairley é a mãe/ madrasta de plantão, alternando comando e docilidade com grande facilidade. Alguns lembram dela como a mãe de Hermione Granger em Harry Potter, estrela internacional: a inesquecível Catelyn Stark, de Game of Thrones. Para mim, Michelle é a Rainha mãe de plantão, tendo feito uma forte Margaret Beaufort em The White Princess e agora, mais recentemente, roubando a cena em Rainha Charlotte, da Netflix, mais uma vez interpretando uma mãe e Rainha, dessa vez a Princesa Augusta, mãe do Rei George III. Se você tiver visto tudo, como eu, percebe que embora os papéis das séries da HBO, LionsgatePlus e Netflix têm algo em comum, mas que para cada uma, Michelle traz uma sutileza emocionante.

Nascida e criada na Irlanda, mudando ainda jovem para Inglaterra, Michelle sempre foi apaixonada por teatro, estrelando desde jovem em várias produções de peso e ganhando prêmios. No cinema fez papéis menores em Os Outros, O Nosso Segredo (The Invisible Woman), Philomena, Harry Potter, entre outras produções. É muito presente na TV britânica desde os anos 1990s, estando no elenco de Safe and Sound, Game of Thrones, Suits, The White Princess e Gangs of London. A virada profissional veio com o sucesso da peça The Weir, em 1997 que a colocou com maior visibilidade por estrelá-la em Londres e na Broadway.

Para quem não quis ser mãe é curioso que seja sua figura maternal que leia tão bem em papéis complexos como Catelyn Stark, Margaret Beaufort e agora, da Princesa Augusta. Todas têm o lado passional, protetor e duro de Lady Stark, um papel que Michelle só ganhou depois que a atriz Jenniffer Ehle desistiu dele. E que atuação que ela nos deu! Se falamos até hoje do Casamento Vermelho é graças à sua atuação e grito icônico que marcou a História da TV.

A importância de uma atriz do calibre de Michelle e dar humanidade à mulheres difíceis. Catelyn Stark era uma feroz protetora de seus filhos, mas tinha uma preferência por Robb e Bran, quase negligenciando os demais: Sansa, Arya e Rickon. Mesmo sabendo da inocência de Jon Snow, seu ciúme e curiosidade para saber quem era a mãe do herói a destruiu por dentro e, como admite, também sua família. Em The White Princess a vibração de Margaret Beaufort é parecida, mas é distinta pois se trata de uma mulher que existiu e que a atriz defende.

Há narrativas que colocam Margaret como uma vilã, uma mulher religiosa mas hipócrita. Sua verdadeira ambição, que alcançou, foi colocar e manter seu filho, Henrique VII, no trono da Inglaterra, vencendo ninguém menos do que Ricardo III. “Você não pode interpretar um vilão como um vilão. Não é uma comédia. Não é uma paródia. Essas são pessoas reais, e suas convicções, suas crenças são o que as impulsionam. E Margaret acredita que seu filho é o herdeiro legítimo do trono, e que Deus guiou reis e rainhas, e Deus estava, portanto, do lado dela, e isso justificou qualquer coisa que ela fizesse, a fim de obter isso”, ela explicou em uma entrevista em 2015, para Elle.

É algo que reflete o que vemos na Princesa Augusta, sogra da Rainha Charlotte. Assim como na série da Netflix, Augusta de Saxe-Gotha-Altenburg foi Princesa de Gales por casamento com Frederick, filho mais velho e herdeiro do rei George II. Com a morte do marido antes de ascender ao trono, ela nunca se tornou rainha consorte, mas ajudou a criar seu filho, George III, como sucessor, sendo então a regente até que ele chegou à maioridade, em 1756.

Augusta não era popular, mas cuidou de seu filho com mão firme. Um ano depois que ele ascendeu ao trono, se casou com Charlotte de Mecklenburg-Strelitz, mas as duas mulheres não se davam bem, muito porque Augusta não facilitou a adaptação da nora aos costumes ingleses. Para piorar, ela escondeu de Charlotte os problemas de saúde de George. Michelle traz para o papel o tom perfeito de uma mãe da nobreza que precisa ter política e relações pessoais alinhadas, mesmo quando se trata de herdeiros. A Rainha Charlotte não mostra, mas George III tinha irmãos e irmãs, uma delas virou Rainha da Dinamarca, Caroline, e sua vida rendeu o filme O Amante da Rainha (The Royal Affair), com Alicia Vikander interpretando a irmã e George III. Mas isso é outra pauta.

Se emocionou com a série? Aposto que sim, e agora fico com medo de qual mãe / Rainha veremos Michelle Fairley. Na verdade, ela está no elenco do filme de sua grande amiga fora das telas, Lena Headey, The Trap, a versão revisada do curta de 2019 que as duas fizeram juntas. Cersei Lannister e Catelyn Stark reunidas de novo? Isso mesmo. The Trap é sobre “Uma mulher que se isolou do mundo, mas lentamente é trazida de volta à vida por meio de sua amizade com um jovem danificado”. Claro que vamos acompanhar!

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