Os bastidores de uma montagem lendária de Hamlet com Richard Burton

Marquem minhas palavras: The Motive and the Cue ( O Motivo e a Sugestão) a peça hoje em cartaz em Londres, dirigida por Sam Mendes, ainda vai virar filme. A proposta é de revisitar os bastidores da montagem de Hamlet, em 1964, quando o lendário ator John Gielgud dirigiu Richard Burton em uma motagem histórica na Broadway. Na época, Burton estava no auge de sua paixão por Elizabeth Taylor, tanto que se casaram (pela primeira vez) durante a montagem da peça. Naturalmente a turbulência da produção e da vida pessoal do astro renderiam um conteúdo fascinante e o texto do autor Jack Thorne capta tudo isso e mais.

Throne usou como base dois livros, Letters from an Actor, de William Redfield e John Gielgud Directs Richard Burton in Hamlet, de Richard L. Stern, partindo da premissa de questionar a motivação do ator mais famoso do mundo (na época) decidir fazer uma peça tão conhecida e um papel que ele tinha feito com sucesso 10 anos antes.

A montagem de 1964 era experimental, assinada pelo ator mais reverenciado por todos justamente no papel de Hamlet e as duas coisas já desafiariam Burton em qualquer momento. E duas estrelas juntas são destinadas para conflito, ainda mais com a febre mundial que estava no auge justamente por conta do romance de Burton com Taylor. Era o Dickenliz, a prévia de Brangelina. Para Thorne e Mendes, The Motive and the Cue é um veículo perfeito para discutir a relação entre arte e celebridade justamente por isso.

Entre os mais elogiados da montagem da peça está o ator Johnny Flynn como Burton, uma atuação que ele certamente deve repetir na Broadway (e aviso, no cinema). Mark Gatiss é John Gielgud e Tuppence Middleton vive a inesquecível Elizabeth Taylor. Johnny, que esteve ótimo em Emma, é hoje um dos mais aclamados atores em atuação e está igual a Burton.

Hamlet estreou em 1964, e por muitos anos foi a produção mais longa e mais lucrativa da peça em Nova York. Na noite da estreia, Richard Burton recebeu seis chamadas ao palco e Elizabeth Taylor estava na plateia, alias, elas assitou a todas as apresentações, causando comoção na entrada, na saída e até nos bastidores. A temporada teve todas as apresentações lotadas todas as noites, que se casaram oficialmente quando Hamlet ainda estava em cartaz.

A atuação de Richard Burton que já era lendária antes passou a ser material de estudo com a temporada de Hamlet em 1964, o que naturalmente provocou ciúme em John Gieguld, o ator dos atores e tido como o melhor de todos no papel. Mas Richard, que já bebia assustadoramente nessa época, conseguiu inovar todas as noites, jamais fazendo o mesmo príncipe da Dinamarca duas noites seguidas. Uma noite, declamou o monólogo “ser ou não ser” em alemão, porque queria impressionar as autoridades alemãs que estavam analisando a adoção da filha dele com Elizabeth. Eu ficaria irritada se o astro passasse a falar em um idioma estrangeiro porque estava entediado ou adulando alguém, mas tudo bem, fica a história.

É possível ver montagem de 1964 completa (abaixo).

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