A ‘volta’ de Samantha Jones em And Just Like That

A notícia confirmada pela HBO (Max) está ainda quente e movimentando a base de fãs das séries Sex and the City (que completa 25 anos em junho de 2023) e And Just Like That (que volta em uma segunda temporada no final do mês): teremos Samantha Jones (Kim Cattrall) de volta. Antes que os ânimos sejam levados mais à frente, será apenas uma aparição rápida, como um gancho para algo futuro e maior, portanto pela descrição fica implícito que só será uma cena no final da temporada.

Não há grandes informações de como será a interação de Samantha com as amigas, aparentemente será uma cena sozinha. O que faz sentido, afinal, Kim rompeu publicamente com Sarah Jessica Parker e dividiu equipe e elenco entre os que apoiavam as duas.

Há muito avaliei aqui em MiscelAna a importância de Samantha Jones no cenário da franquia e como sua ausência seria – e foi – sentida na volta da série, no formato de And Just Like That. A alternativa usada foi esperta, afinal, com a tecnologia encurtando distâncias e substituindo em muitos casos a presença física, a alternativa mais obvia de “matar” Samantha, que já tinha sobrevivido ao câncer, pôde ser descartada sem sofrimento. A alternativa foi incluir a briga entre as duas atrizes para a ficção, colocando um ‘rompimento’ entre Carrie e Samantha sobre questões profissionais e com a transferência da promoter para Inglaterra, se afastando fisicamente das antgas amigas.

Funcionou bem porque a decisão criativa de eliminar Mr. Big (Chris Noth) definitivamente da vida de Carrie (Carrie Bradshaw) e ter perdido tragicamente o ator Willie Garson, o querido Stanford Blatch, no meio das gravações, fizeram dessa volta algo complexo. Se TODOS morressem assim, a temporada seria ainda mais triste do que foi, mesmo que houvesse um gancho perfeito que era a pandemia da Covid-19. Eu teria não apenas usado isso porque teria aproximado mais as personagens à realidade que estávamos vivendo em 2021, com restrições sanitárias e muito pânico, além de que, sim, termos perdido muitas pessoas para o vírus. Mas os roteiristas optaram por se despedir de Big com um infarto e mudar Stanford repentinamente de país.

A proposta da volta das mulheres de Sex and The City, agora na faixa dos 50 anos, foi vista com cinismo pelos fãs porque houve dois filmes que deram continuação à série, sendo que o segundo já sinalizava desgastes da narrativa. Sem surpresa, como And Just Like That precisava tirar Big do caminho para que Carrie voltasse à circular na vida de solteira em Nova York, haveria um luto e foi a maior marca dessa volta, trazendo o estranhamento de uma tristeza tão profunda e complexa de superar como a da viuvez.

O retorno também permitiu aos criadores de resolver a questão da falta de diversidade no elenco, embora tenha tido um certo problema ao inserir o desafio na narrativa – Charlotte (Kristin Davis) abertamente tenta abrir suas amizades à pessoas mais diversas, o que soa como tudo da personagem: preconceituosa, calculada e tediosa, mesmo que bem intencionada.

Do lado de Miranda (Cynthia Nixon) foi pior, especialmente depois que ela foi o ponto central do drama entre Carrie e Big no filme, ao ter sido traída por Steve (David Eigenberg) e não perdoá-lo. A proposta que é interessante, coloca em Miranda e Steve um dos problemas existentes de um casamento longo onde a amizade e companheirismo eliminam a paixão e o sexo da relação, com Miranda reencontrando sua feminilidade em uma união homoafetiva com Che (Sarah Ramirez). Os fãs mais aficcionados apontaram vários problemas nessa trama: o fato de que Miranda já tinha considerado se relacionar com uma mulher e descartado a atração; o fato de que Miranda foi uma das maiores críticas de Samantha quando ela namorou Maria (Sonia Braga) e o fato de que ela que tinha perdido a atração sexual por Steve no filme, mas agora a ‘culpa’ de tudo caiu apenas nos ombros dele, como o encostado e sem a sintonia que os uniu antes. O fato de Steve ter sido saco de pancada de Miranda por anos em Sex and The City foi também um dos elementos reativos dos fãs, porque ele simplesmente é um cara legal e Miranda poderia se apaixonar por outra pessoa sem precisar justificar o que alguns vêem como ‘falha de caráter’ na bondade (até exagerada) de Steve. Seja como for, Miranda e Che são um casal e estarão de volta na segunda temporada.

Com isso tudo, ter Samantha em Londres e mandando ocasionalmente mensagens para Carrie, deixava uma porta aberta enquanto vimos o desfile de personagens testadas na cadeira da icônica personagem. Isso mesmo, o café entre amigas que deixou a quarta cadeira vaga, foi ocupada por diferentes personagens ao longo da série e aparentemente quem foi coroada como “a nova Samantha Jones’ foi a incrível Seema Patel (Sarita Choudhury), a nova amiga de Carrie e que tem a mesma postura e independência de sua antecessora.

Pelo que tem sido reportado, e faz sentido, é que a única cena gravada por Kim Cattrall é de um telefonema entre Samantha e Carrie, que foi filmada em 22 de março, em Nova York, sem ver ou falar com as estrelas da série. Agora fica mais contextualizada as imagens de bastidores da figurinista Patricia Field, lendária em suas criações de Sex and the City, mas que não trabalhou em And Just Like That. Patricia é muito próxima de Kim e foi ela que “vestiu Samantha para sua cena”.

Quem mais uma vez furou a surpresa da série foi o NY Post, que forçou a confirmação oficial da HBO (Max) e assim, provavelmente estragando a maior surpresa que encerraria a série. Como os números de And Just Like That não foram fenomenais, não há nada acertado de uma terceira temporada e pode ser que seja efetivamente a despedida da franquia. Afinal, Carrie vai se unir à Aidan (John Corbett) e só faltaria mesmo a imagem de Samantha para ter uma sensação de conclusão. Mesmo com o spoiler, já achei fabuloso!


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