Como mencionei no post anterior, And Just Like That completou sua 1ª temporada depois de vencer uma maratona de desafios de bastidores. O resultado final pode ser encarado como sucesso, mesmo que tenha sido menos unanimidade do que quando lançaram o 1º filme de Sex and The City, em 2008. Ainda não oficializaram a 2ª temporada, mas ninguém duvida que teremos. E o discurso de Sarah Jessica Parker e Michael Patrick King mudou completamente agora que concluíram os trabalhos.

Para showrunners, Samantha não é mais necessária
O maior dos desafios para a revisitação de Sex and The City foi a briga entre Kim Cattrall e Sarah Jessica Parker, com a atriz acusando a colega de assédio moral e hipocrisia. A troca de farpas veio depois que o terceiro filme foi engavetado por conta da recusa de Kim de voltar ao papel de Samantha Jones. Ela se sentiu ofendida quando vazou para a imprensa que o projeto não seria realizado porque sua lista de exigências para o retorno foi considerada abusiva.
A agressividade, até recentemente, era unilateral. E ficou claro, pela escolha de não “matar” Samantha, mas exilá-la em Londres, que na dúvida que And Just Like That fosse sentir muito sua falta, tanto Sarah Jessica quanto Michael Patrick deram declarações de que a porta estaria aberta para uma volta. Cumpriram a palavra com a explicação de que Carrie e Samantha se desentenderam, mas as duas trocaram mensagens ao logo da temporada e terminaram se encontrando (fora das câmeras) em Paris. Algo deve ter se passado, além do sucesso da série mesmo sem Kim, porque tanto o showrunner como a estrela da franquia foram à Variety falar claramente que não há mais volta para Kim Cattrall em And Just Like That. Reparem que a Variety é uma revista de negócios em Hollywood, jamais de fofoca. A sinceridade dos dois sobre a decisão de excluir para sempre a atriz é muito séria. E não buscaram meias palavras: não volta porque depois de tudo que Kim falou em entrevistas e redes sociais, não há mais lugar para ela no elenco.
O mesmo, segundo Michael Patrick King, não se aplica à personagem. Ele vê Samantha como “sua” (na verdade é de Candance Bushnell, mas na série é mesmo dele como showrunner) e, como lembra, podendo seguir escrevendo para a personagem via mensagens ou redes sociais cobre o buraco dela na trama e os alivia de ter que correr atrás de Kim.
Eu senti falta de Samantha e estava feliz com a porta aberta da ficção, fiquei triste com a realidade oposta, mesmo que entenda perfeitamente a posição de Sarah Jessica Parker. Assim como Kim alegou que não tem mais idade para se submeter a trabalhos que a fazem infeliz, a atriz e produtora executiva da série não precisa dessa dor de cabeça extra. “And Just Like That” perdemos Samantha Jones. Para sempre.



A saída de Mr. Big e as cenas deletadas da série
Matar Mr. Big no primeiro episódio foi uma sorte da equipe. As acusações de estupro contra o ator Chris Noth vieram à tona, com o ator sendo cancelado e a equipe da série apoiando as vítimas. O tema foi evitado na entrevista da Variety, mas o arco de Carrie sentiu a decisão artística de tirar todas as cenas gravadas com o ator que entrariam como flashback e/ou sonhos da personagem.
Chris foi visto gravando com Sarah Jessica em Paris e depois no Central Park, reeditando momentos românticos importantes dos dois. Mesmo com a alegação que algumas cenas foram gravadas para despistar os paparazzi, claramente não foi o caso. A cena em que Carrie “ouve” Big a liberando do luto em Paris, era para ser ainda mais emocionante. E eles se despediriam de mãos dadas. Carrie inclusive estava com o mesmo vestido que usou quando se reencontraram na cidade Luz. Porém, a versão que vimos foi a dela sozinha. Ficou bonito? Sem dúvida. Mas como ela sofreu por toda a temporada, teria sido bonito rever sua despedida do amor de sua vida…
Seja como for, Mr. Big está morto e enterrrado. Carrie já tem dois novos pretendentes para próxima temporada.



Willie Garson e a despedida de Stanford Blatch
A doença e morte inesperada do ator Willie Garson, que estava com destaque e tinha um arco desenhado para 10 episódios, foi sentida também. Os autores não quiseram incorporar mais uma morte na trama e com isso – quase que repetindo o término por post-it – Stanford se mudou para o Japão e deixou apenas uma carta de despedida para sua amiga. Péssima e inconsistente escolha, a meu ver.


Diversidade e a verdadeira substituta de Samantha Jones
A reclamação da falta de diversidade no elenco foi resolvida com a entrada de pelo menos oito novas personagens, mas as que roubaram cena mesmo foram Sara Ramirez como Che e Sarita Choudhury como Seema Patel. Che inicialmente não teria o mesmo destaque porque não seria o interesse romântico de Miranda, mas Cynthia Nixon fez a acertada escolha de sugerir que a podcaster fosse a catalizadora das mudanças em Miranda.
Sarita ficou como par de Sarah Jessica, a amiga mais velha e aberta que a ajuda e apóia, exatamente no lugar deixado por Kim Cattrall. E foi esse acerto que cimentou a chance de volta de Samantha Jones. Sim, minha observação é a de que Seema Patel será a nova Samantha Jones. Se você não concorda comigo repare que ela foi a única nova personagem a ocupar o lugar vago na mesa dos cafés e almoços de Carrie, Charlotte e Miranda. Anthony também entrou, como Standford antes dele, mas a vaga está com Seema.


Nada de Covid-19, And Just Like That vive em outro universo
A pandemia foi citada na cena de abertura como algo de um passado longíquo. Em apenas uma outra referência de Carrie usando luvas é que o tema Covid-19 entrou na trama e, honestamente, acho que perderam uma senhora oportunidade criativa e atual. Primeiro, em vez de exilar duas personagens, pelo menos uma delas poderia ter sido vítima do vírus, o que traria para a trama uma ligação com o que as pessoas estão de fato vivendo. Uma Nova York sem máscaras, sem vírus ficou mais do que utópica, ficou surreal!