Harald Hardrada: o último Rei Viking

A série Vikings: Valhalla não conseguiu se aproximar da qualidade de sua fonte original, a excelente Vikings, embora possamos argumentar que tivesse em mãos um material ainda mais rico. Podemos lamentar, mas ao mesmo tempo cumpriu seu papel de um conteúdo entretido que traz as verdadeiras histórias de personagens fascinantes: Rei Canute, Rainha Emma, Godwin e, claro, dos vikings também, incluindo Harald Hardrada, o último rei Viking.

Bisneto de Harald que aprendemos a detestar em Vikings, que na série não teve filhos, temos que levar em conta que na série de Michael Hirst Harald morre sem descendentes, algo alinhado com a maioria dos estudiosos modernos, que acredita que a genealogia que une os dois faz parte das lendas da época, e não a realidade histórica, citada para dar legitimidade à reivindicação ao trono norueguês. Em Vikings: Valhalla, Harald é um dos grandes heróis, um papel perfeito para o carismático (e belo) ator Leo Sutter.

Leo já tinha feito algumas séries e filmes, mas aqui ganhou pela primeira vez o protagonismo, segundo perfeitamente o desafio e para sempre um dos meus favoritos para entrar no universo de House of the Dragon. Dito isso, na despedida da série da Netflix, que na terceira temporada avisou que vai parar por aqui, vamos rever a trajetória do verdadeiro Harald Hardrada, também conhecido como Harald III da Noruega.

Harald reinou na Noruega entre 1046 até sua morte em 1066 e é uma figura fascinante na história medieval, muitas vezes lembrado por suas aventuras e feitos tanto como guerreiro quanto como líder, como vemos em Vikings:Valhalla.

Na série, e na História, um homem fascinante

Harald nasceu por volta de 1015 e era meio-irmão do rei Olaf II da Noruega. Após a derrota de Olaf na Batalha de Stiklestad em 1030, Harald fugiu da Noruega e passou muitos anos em exílio, cerca de 15, servindo como mercenário e comandante militar. Ele se destacou particularmente ao serviço do Império Bizantino, onde ganhou fama e fortuna. Basicamente essa jornada é a espinha dorsal de Vikings: Valhalla.

Em 1046, Harald retornou à Noruega e, eventualmente, tornou-se rei, governando junto com Magnus, o Bom, até a morte de Magnus em 1047. Durante seu reinado, Harald trabalhou para consolidar o poder real e expandir a influência norueguesa. Ele também é conhecido por suas tentativas de conquistar a Dinamarca, embora essas campanhas não tenham sido bem-sucedidas.

A parte mais famosa da vida de Harald Hardrada talvez seja sua tentativa de conquistar a Inglaterra. Em 1066, ele invadiu a Inglaterra, mas foi derrotado e morto na Batalha de Stamford Bridge por Harold Godwinson, o então rei da Inglaterra. Essa batalha é muitas vezes vista como o fim da era viking, marcando um ponto de transição significativo na história europeia.

A terceira e última temporada da série reconta a verdadeira parte de sua trajetória por Constantinopla e Sicília, incluindo seu romance com a Imperatriz Zoe. Quando deixou a Turquia, Harald se casou com Elisabeth (ou Ellisif), neta do rei sueco Olof Skötkonung, voltando para Noruega no início de 1046.

Na sua ausência, o trono tinha sido restaurado a Magnus, o Bom, filho ilegítimo de Olaf, enquanto os filhos de Canute estavam lutando pelo trono inglês. Como Harold Harefoot e Harthacnut morreram jovens, a posição de Magnus como rei foi garantida sem ameaças. Aliás, quando Harthacnut morreu deixando o trono dinamarquês vago e Magnus também herdeou essa Coroa, derrotando Sweyn Estridsson.

Quando chegou à Noruega, Harald e o sobrinho fizeram um acordo, no qual Harald governaria a Noruega (não a Dinamarca) juntamente com Magnus (embora Magnus tivesse precedência), e dividira sua fortuna. Os dois se mantiveram isolados um do outro porque, em geral, suas reuniões acabavam em briga.

“Casualmente”, um ano depois, Magnus morreu sem herdeiro, deixando o trono da Dinamarca com para Sweyn e a Noruega para o tio, mas Harald foi mais rápido e ignorou os desejos dele, e se declarou rei da Noruega e também da Dinamarca.

Os últimos dias de Harald

Ao longo dos anos na Noruega, dominar a Dinamarca foi mais desafiador e Harald nunca realmente a conquistou, mudando de objetivo e voltando a atenção para a Inglaterra. Sua reivindicação foi baseada em um acordo entre Magnus e Harthacnut, que morreu sem filhos e estabeleceu que se um deles morresse, o outro herdaria suas terras, assim sendo, a Inglaterra estaria dentro dos direitos de Harald também.

O problema é que o próprio Harthacnut preferia seu meio-irmão, Edward, o Confessor, que se tornou rei com o apoio do conde Godwin, pai de Harold Godwinson. Antes de morrer, também sem sucessores, Edward alimentou as esperanças de Sweyn e William, duque da Normandia pelo trono, que foi ocupado pelo filho de Godwin, Harold Godwinson.

Harald invadiu a Inglaterra em 1066 pelo Norte, enquanto William (mais tarde o Conquistador), pelo Sul, mas foi morto na Batalha de Stamford Bridge, derrotado pelas forças de Godwinson. Harald foi atingido na garganta por uma flecha e morto no início da batalha, porque lutava sem armadura.

A vitória de Harold Godwinson teve vida curta: logo foi por William na Batalha de Hastings, se tornando o primeiro rei normando da Inglaterra.

Uma despedida morna

A terceira temporada de Vikings: Valhalla teve que correr a história, mas as partes mais incríveis são as verdadeiras. Para os fãs de Game of Thrones é divertido revisitar cenários que tínhamos como sendo King’s Landing (a cidade de Dubrovnik entre outras), mas é uma produção que perde o potencial de um material riquíssimo com uma entrega superficial, cheia de clichês.

Poderia ter ido até uns cinco ou mais anos, mas, por outro lado, já deu, se despediu na hora certa. Skull!


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