A mulher sem nome e a inesquecível Rebecca

Este é um post cheio de SPOILERS. Vamos falar de Rebecca, e, quem não sabe da trama, não deveria ler nada até conhecê-la. Aviso dado.

Rebecca tem vários fatos interessantes. A começar pela grande sacada da história de Daphne DuMarier: Rebecca nunca aparece na história. Nem em flashback. Nós a conhecemos pelos relatos da obcecada e suspeita governanta, Sra Danvers, que faz questão de manter a memória dela viva. E por quadros, fotos e outros testemunhos. O “fantasma” – literal ou não – ronda a jovem segunda mulher do viúvo Maxim de Winter, ex-de Rebecca. E aí vem outro fato importante. O nome da jovem nunca é revelado. É uma mocinha sem nome. Só a conhecemos, depois do casamento, como a “nova senhora de Winter”. A falta de identidade é importante para a trama.

A segunda senhora de Winter conhece Maxim em uma viagem à França, quando ela trabalhava para uma nobre rica. Sua beleza, sua inocência e pouca vivência, são fascinantes para Maxim. Eles se apaixonam.

A parte idílica da história nunca é mostrada no clássico de 1940, filmado por Alfred Hitchcock. Ele já começa direto no segundo ato, que é a volta de Maxim, com sua segunda mulher, para o fatídico castelo de Manderley, onde viveu com sua primeira mulher, Rebecca.

Em dias atuais não faz nenhum sentido o fato de Max não apenas omitir a forma aparentemente suspeita da morte de Rebecca (opa, SPOILER), mas também concordar em manter seu quarto intacto com a soturna governanta atazanando a segunda mulher com histórias e hábitos da anterior. Mas é esse detalhe que faz de Rebecca um filme de suspense. O que aconteceu com ela? Qual o envolvimento de Maxim com a morte dela? Ela morreu mesmo? Nós embarcamos com a mocinha sem nome em um espiral de suspeitas, meias verdades, mentiras e manipulação psicológica.

Os críticos foram duros com a refilmagem da Netflix. Mas ela não foi a primeira. Rebecca é um dos livros mais famosos de Daphne DuMarier um possível plágio de uma obra brasileira) e a versão de Hitchcock, laureada com um Oscar, é considerada perfeita.

Em 1997, a TV britânica recuperou a obra em uma minissérie, com a recém falecida Diana Rigg (Game of Thrones) como a Sra Danvers, Charles Dance (também de Game of Thrones) como Max de Winter e Emilia Fox como a segunda senhora de Winter. A versão de 2020 traz Kirstin Scott-Thomas, Lily James e Armie Hammer nos papéis que foram originados por Judith Anderson, Joan Fontaine e Laurence Olivier.

As histórias dos bastidores das filmagens de 1940, com uma desconhecida Joan Fontaine no papel da mocinha sem nome, foram igualmente dramáticas.

Joan conta que foi convincente porque estava lidando com o drama verdadeiro de estar à sombra de uma mulher fascinante. No caso, de Vivien Leigh, na época a maior estrela do cinema por conta de E O Vento Levou e namorada de Laurence Olivier. Olivier topou fazer Rebecca para estar nos Estados Unidos e brigou por Vivien no papel que foi para Joan. Ao não emplacar, maltratou a iniciante Joan Fontaine como se fosse ele a Sra Danvers. Lendas do cinema!

Em 2020, a vida pessoal da então discreta Lily James entrou no caminho da divulgação da refilmagem, mas isso é outra história.

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