A entrevista que Diana concedeu à Martin Bashir, em 1995, foi decisiva para história pessoal da princesa e da Monarquia. Embora ela tenha sido “uma resposta” à admissão pública do príncipe Charles sobre seu relacionamento com (na época) a amante, Camilla Parker Bowles, fatos revelados apenas recentemente comprovam que Diana foi manipulada/ induzida a falar. Por que é importante esclarecer tudo isso? Porque Diana foi a principal vítima do processo escuso e sua entrevista acelerou o divórcio e sua saída da Família Real. Uma das consequências foi a de deixar a princesa mais vulnerável na perseguição dos paparazzi, uma vez que sem a estrutura de segurança anterior, eles conseguiram chegar ainda mais perto dela. Sabemos o resultado.
Estima-se que, apenas no Reino Unido, 23 milhões de pessoas assistiram Diana falar abertamente do fracasso de seu casamento, de seu caso extra-conjugal, das tentativas de suicídio e que sua opinião era a de que Charles não deveria ser Rei. Segundo o autor do livro Battle of Brothers, a atual briga entre os príncipes William e Harry também são consequência dessa entrevista, criando traumas para ambos.
O irmão caçula de Diana, Conde Spencer, esteve diretamente envolvido com todo esquema, tendo sido enganado pelo jornalista da BBC e fazendo a ponte entre ele e Diana. Na época, Diana e Charles estavam no auge do litígio que transformou a relação dos dois em ódio mútuo.

Não é segredo, e a biografia de Andrew Morton já tinha revelado isso, que Diana se sentiu perseguida pela “Firma”, como ela chamava a parte estrutural da Família Real, que inclui tanto os membros da família como seus assessores. O ressentimento induziu a princesa quase a uma paranóia e ela passou a ser mais vocal sobre sua opinião sobre todos. Bashir, ciente pontos sensíveis ainda não públicos – como o ciúme que Diana tinha da “babá” de Harry e William, Tiggy Ledge-Bourke – usou mentiras como alegar que a moça estaria em um relacionamento com Charles (teria até feito um aborto) assim como apresentou documentos forjados que comprovariam que pessoas da equipe da princesa receberam pagamento para passar informações privilegiadas sobre ela e até que William inadvertidamente estava com um relógio que gravava suas conversas com a mãe. Segundo o Conde Spencer, quando o jornalista usou o nome de William, ele soube que não era uma pessoa confiável, que estava fantasioso em extremo e que nada do que estava falando fazia sentido. Porém Diana, no auge de sua insegurança, não compartilhou a desconfiança. Cega por sua mágoa com a Família Real, ela acreditou nos papéis apresentados por Bashir e três semanas depois de conhecê-lo, fez a fatídica entrevista.
Se os argumentos soam fantasiosos hoje, há 25 anos, eram plausíveis para Diana. Hoje está confirmado que Bashir criminosamente forjou as provas apenas para alimentar os medos de Diana e conseguir a entrevista. Bashir saiu uma estrela do evento. Então, 25 anos depois, a incógnita do que poderia ter sido se não tivessem feito isso com ela, como teria sido.
É preciso lembrar de outro momento em que os métodos de Bashir foram questionados. Em 2003, ele assumiu ter mentido para Michael Jackson quando trabalhou no documentário Living with Michael Jackson. Na época, Bashir acompanhou a vida pública e privada do cantor por oito meses e se aproximou do cantor justamente usando a entrevista que fez com Diana em 1995 como cartão de apresentação. Segundo amigos, Michael queria ouvir todas as histórias de Diana que Bashir sabia, e caiu na armadilha. Bashir, no entanto, apresentou um Michael Jackson bizarro, pervertido e o documentário foi o primeiro conteúdo usado contra o cantor nos processos de pedofilia que começaram em seguida.

“Eu ouvi de pessoas no Reino Unido que Bashir não era, de forma alguma, amigo de Diana, que ela sentia que ele a havia enganado para que ela contasse sobre seu caso amoroso, e que ela se sentiu usada por ele, como aconteceu com Michael mais tarde. Então eu fiquei preocupado,” disse Dieter Wiesner, ex-empresário de Jackson.
Michael teria a palavra final sobre a edição do documentário, mas Bashir não mostrou a versão final para ele, fazendo ainda uma última entrevista em que fez uma série de perguntas capciosas sobre a sua transformação física do cantor. Quando o programa foi ao ar, Michael Jackson chorou copiosamente. “Parecia que ele ia morrer. Ele não conseguia falar. Ele não conseguia pronunciar uma única palavra,” disse o ex-empresário.
Michael acusou Bashir de sensacionalismo, mas não havia volta. Por causa do material que foi ao ar, o cantor passou a ser investigado por pedofilia e nunca mais se recuperou.
Tanto Michael Jackson como Diana se abriram para Bashir, que ficou famoso por ter conseguido declarações históricas de ambos. Porém, a forma que conseguiu estabelecer a confiança com seus entrevistados foi baseada em mentiras.

Sobre Diana, a BBC disse que investigou o processo de Bashir que existiria uma carta, escrita no próprio punho da princesa, afirmando que o jornalista não apresentou nenhum documento falsificado para conseguir a entrevista, mas a carta, “desapareceu”. É palavra contra palavra.
“É uma rede de mentiras costurada por quem controla a organização [BBC]”, diz o irmão de Diana, que insiste em um pedido de desculpas oficial.
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