Margot, a assoluta do Royal Ballet

Margot Fonteyn é uma das lendas do ballet clássico e seu look exótico contribuiu muito para seu estrelato. Neta de brasileiros com ingleses, nasceu na Inglaterra, mas cresceu na China. Sua mãe a colocou para aprender a dançar e a conduziu para a carreira profissional. Em 1933 entrou para o Vic-Wells Ballet at Sadler Well’s, hoje Royal Ballet. Logo se destacou por seu carisma e talento, virando estrela da companhia.

Em 2019 celebramos o centenário do seu nascimento e, em janeiro de 2021, estaremos sem ela há três décadas. Margot foi a figura mais clássica das bailarinas e mais uma com história marcada por dor e glória. Vale lembrar sua história.

A jovem Margot, que afrancesou o Fontes de sua família para o nome de palco, era pouco mais do que uma adolescente quando a grande Alicia Markova se aposentou, em 1935. A bailarina herdou todos os papéis dançados por Alicia, assim como a parceria com Robert Helpmann. Com apenas 17 anos dançou Giselle pela primeira vez.

Muitos diziam que ela tinha “pés fracos”, tampouco sua extensão era grandiosa, mas Margot tinha lirismo, graça e beleza. Teve a sorte também de que logo no início se transformou na musa de Frederick Ashton, que criou inúmeros balés especialmente para ela.

Foi durante uma turnê pelos Estados Unidos, onde dançou A Bela Adormecida, que Margot virou uma estrela internacional. Aurora virou, como Cinderella, um dos seus papéis mais reconhecidos.

Aos 40 anos, já considerada bailarina assoluta, contemplou a aposentadoria. Porém sua lenda estava apenas começando. Organizando uma apresentação beneficente, ela convidou o jovem Rudolf Nureyev para participar e ele não abriu mão de dançar com ela. Ele tinha apenas 23 anos.

A princípio, Margot resistiu, mas quem testemunhou os ensaios percebeu a química que ficou histórica. Os dois dançaram Giselle e transformaram a parceria em um fenômeno pop que saiu dos palcos e entrou para o universo das celebridades. Seguiram juntos por mais 17 anos, até que Margot parou, em 1979.

Margot era crítica e realista. Por exemplo, dizia que Giselle, tecnicamente, não era seu melhor papel. “Acho muito difícil e alguns passos não faço nada bem”, ela disse ao The Guardian, em 1962. “Qualquer um que conheça ballet, concordaria”, comentou ela antes de contar que não era uma artista dedicada. “Nunca tive talento para ser dedicada porque era muito facilmente persuadida a ir a uma festa”, ela riu lembrando que passou a véspera de sua estréia em Giselle em uma desta, ficando acordada até três da manhã. “As pessoas ficaram chocadas e me perguntavam, ‘o que você está fazendo aqui, você deveria estar descansando’ e eu respondia ‘e perder a diversão?”, riu.

Se no palco foram glórias, na vida pessoal Margot enfrentou desafios. Seu casamento com o político panamense, Roberto Arias gerou muitas críticas entre os amigos e admiradores. Ela o apoiou na tentativa de golpe no Panamá e era amiga de figuras como Imelda Marcos. Quando Roberto ficou paraplégico após levar um tiro em um atentado (oficialmente político, mas com a possibilidade de ter sido vítima de vingança de um marido traído), Margot deixou tudo para cuidar dele e de sua fazenda, no Panamá.

Em seus últimos anos de vida, Margot esteve bastante isolada, no Panamá, lutando contra um câncer que tirou sua vida, em 1991.

A suavidade de Margot foi registrada em vários vídeos que sempre valem ser revistos.

Margot e Nureyev, em 1962

Margot em A Bela Adormecida, em 1959

Nureyev e Margot, em Romeu e Julieta, em 1967

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