Há 30 anos chegava ao cinema a adaptação do best seller de Thomas Harris, O Silêncio dos Inocentes. O filme – apavorante – trouxe o merecido reconhecimento artístico de Anthony Hopkins e o segundo Oscar para Jodie Foster.
Falamos tanto de Hannibal Lecter, que já tinha aparecido em outro filme (Brian Cox, em Caçador de Assassinos, de 1986), teve as sequências (Dragão Vermelho, de 2002 (refilmagem de Caçador de Assassinos) e Hannibal, a Origem do Mal, com Hopkins repetindo o papel icônico) e por último uma série, Hannibal (com Mads Mikkelsen), mas a agente federal Clarice Starling, xodó do serial killer, ficou relativamente esquecida. Pois ela finalmente ganhou sua própria série, Clarice, que estreou nos Estados Unidos, na CBS. Nas palavras de Dr. Lecter, “Hello, Clarice”.
Clarice M. Starling é a protagonista dos livros O Silêncio dos Inocentes e Hannibal. É uma mulher atormentada e dedicada ao trabalho que, embora recém formada, é destacada para prender o serial killer Buffalo Bill.
Clarice teve uma vida difícil. Órfã de mãe, ela viveu com o pai, um policial, até os 10 anos de vida, quando ele morto durante um assalto e ela foi enviada para viver com os tios em uma fazenda em Montana. A vida rural foi ainda mais traumática e foi lá que testemunhou o processo de sacrifício de carneiros, que a marcou sempre (a referência de O Silêncio dos Inocentes, inocentes sendo a tradução para os carneiros). Clarice fugiu da casa dos tios e acabou crescendo em um orfanato. Na faculdade, estudou psicologia e criminologia e sonhou entrar para o FBI. Conseguiu se formar como uma das melhores de sua turma e de cara foi colocada no difícil caso de Buffalo Bill, que solucionou.
Foi na investigação de Buffalo Bill que Clarice começou o anticonvencional e arriscado relacionamento com Dr Hannibal Lecter. A série da CBS vai começar a história seis meses depois de onde o filme O Silêncio dos Inocentes paro, mas antes de Hannibal, acompanhando as investigações de Clarice de outros crimes. Os críticos não gostaram dos primeiros episódios, o que é uma pena pois Clarice é uma das maiores heroínas do cinema.
A história de como chegamos à Clarice Starling é curiosa. A original, Jodie Foster, teve que brigar pelo papel, mesmo já tendo um Oscar no bolso. É que o diretor Jonathan Demme queria Michelle Pfeiffer, mas a atriz recusou por ter ficado, como disse, “nervosa com o assunto do filme”. Meg Ryan, a segunda opção, recusou igualmente pela mesma razão. Laura Dern topou o desafio, mas o estúdio (MGM) a descartou por achar que ela não teria apelo de bilheteria. Restou à Demme a finalmente falar com Jodie, que era apaixonada pela personagem e aceitou na hora. Ganhou seu segundo Oscar por isso.
A paixão da atriz, no entanto, não se sustentou o interesse em repetir a personagem. Mais do que isso, Jodie não gostou do final original da história (com SPOILER ALERT Clarice se tornando amante de Hannibal) e pulou fora do filme Hannibal. Para seu lugar, Anthony Hopkins sugeriu Julianne Moore, que topou a aventura. O diretor Ridley Scott, assim como Jodie, não gostou da versão de Thomas Harris e mudou o final da história. O filme teve recepção morna.
Por questões de direitos autorais, será difícil promover o reencontro de Clarice e Dr. Lecter. Os dois estão de posse de estúdios diferentes e por essa razão ela não teve participação na série Hannibal e ele não deverá surgir em Clarice. A série ficou em discussão de 2012 e apenas em 2021 chegou às telas, mas não se sabe se terá uma vida longa. Hoje a agente é defendida pela australiana Rebecca Breeds, que teve participações nas séries The Originals e Pretty Little Liars. Não é um papel fácil. Especialmente com a sombra de um clássico do cinema sobre ela, mas ainda há esperança. Não há ainda anúncio de estreia para Brasil.

Se gostou do trailer com o clássico de John Denver, saiba mais sobre a história de Take Me Home Country Roads aqui.
Sinto muito, mas Jodie Foster é insubstituível.
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