No dia 21 de março de 2021 o ator galês Timothy Dalton completa 75 anos. Premiado no teatro, estrela do cinema e da TV, Timothy às vezes é esquecido como James Bond, porém sua contribuição para a franquia é inegável, mesmo que nem sempre vista com os melhores olhos. Timothy insistiu em trazer um perfil mais humano e realista a 007, que estaria mais condizente com os livros de Ian Fleming. Só fez dois filmes e deixou uma longa lista de trivias.


Timothy, neto de uma atriz inglesa de teatro, decidiu entrar para carreira artística aos 16 anos, após ver uma montagem de Macbeth. Sua formação shakesperiana abriu portas para clássicos como O Morro dos Ventos Uivantes e O Leão no Inverno, que deram notoriedade no cinema.


Embora tenha rejeitado James Bond, sua carreira será sempre ligada ao espião inglês. A primeira oferta para o papel chegou quando tinha apenas 25 anos e Sean Connery comunicou que deixaria o papel. Timothy recusou fazer A Serviço de Sua Majestade, na época, dizem, porque não queria se arriscar substituir a icônica e unânime contribuição de Sean para personagem. Além disso, se considerou jovem demais para a empreitada. Entraram George Lanzeby e depois, Roger Moore, até que no final dos anos 1980s finalmente aceitou o desafio. Com condições, claro.
Depois de uma década de leveza trazida pela veia cômica de Roger Moore, a seriedade e concentração de Timothy trouxeram estranheza aos fãs. Basicamente, tudo que foi elogiado em Daniel Craig quase 20 anos depois foi rejeitado quando ele viveu James Bond. Foram apenas dois filmes antes que Pierce Brosnan, outro que também teve um começo tumultuado com a franquia (foi escolhido para o papel, mas não pôde fazê-lo até que Dalton desistisse da posição), encarnasse Bond. A longevidade da marca e sua sobrevivência por novas gerações.

Os filmes de James Bond foram gravados fora da ordem e quando o conhecemos, já estava assegurado em sua posição como 007. Timothy, quando ainda tinha 25 anos, teria pensado que se entrasse teria que mostrar a dificuldade de James de se adaptar ao universo de espião. Quando aceitou fazer The Living Daylights insistiu em outras mudanças, como mostrar dramas de consciência da personagem, sua viuvez voltou a ter peso e o número de mulheres para sexo casual – em tempos de AIDs – foi reduzido. Sim, passou a ser de uma mulher só (por filme ao menos). Ainda assim, foi um filme de ação próximo do tradicional da época, com tiros e explosões.



Quando chegou a vez de Licença para Matar, o ator é creditado a ter insistido nos aspectos que – na época – chocaram alguns fãs. Seu James agora era rancoroso, vingativo e violento, transformando a missão em algo extremamente pessoal. O mais perto disso teria sido a cena de abertura de Diamantes São Eternos, quando Sean Connery volta e mata (?) Blofeld logo na primeira cena, depois que o vilão assassinou sua esposa, Tracy, na cena final do filme anterior, A Serviço de Sua Majestade. Em Licença para Matar, Bond busca (e consegue) uma violenta vingança pelo assassinato brutal de seu amigo, Felix Leiter. Depois de três rápidas menções da morte de Tracy em filmes anteriores (Roger Moore visita seu túmulo em Somente para Seus Olhos e reage seriamente quando a citam em Viva e Deixe Morrer e O Espião que me Amava), poucos poderiam imaginar o trauma de Bond. Timothy fez desse evento um gatilho importante para as decisões de Bond. Nem todos gostaram.
Timothy Dalton saiu da franquia com apenas dois filmes. Ele disse anos mais tarde, que chegou a ser convidado para fazer Goldeneye, mas a razão para recusar foi mais do que incompatibilidade artística. É que logo após Licença para Matar foi lançado começou uma briga pelos direitos autorais da franquia, que levaram uns 5 anos para ser concluída. O ator, depois de um descanso, disse que encararia fazer mais um filme, mas os produtores queriam um compromisso de 5 filmes. Era algo que não estava nos planos de carreira de Timothy e ele, respeitosamente, desistiu.
Entrou Pierce Brosnan, que manteve um espião com classe, alguma sensibilidade mas, em geral, profissional. Pierce seguiu a deixa de Sean Connery e foi um dos melhores da história da série. Até que Daniel Craig entrou seguindo a visão de Timothy e transformou James Bond no fenômeno que é hoje.


Mesmo deixando o universo do espião inglês, Timothy Dalton é um dos que mais tem “lendas” sobre sua participação. Há alguns anos, foi revelado que havia três projetos em desenvolvimento para ele como 007. Todos com vertentes “sérias”, mas que não viraram realidade. Um deles, que seria uma das exigências do ator, contaria os anos da juventude de James – órfão e milionário – sendo recrutado por M, que seria sua/seu mentor (a) até virar, de fato, 007. Com a saída de Daniel Craig e a atual busca pelo próximo James Bond… quem sabe?
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Lembro bem na época. A imprensa ficou dividida e o público não curtiu muito. Bond estava desgastado, o estilo do Dalton era muito diferente e era o tempo dos heróis parrudos, como o Stallone. Permissão para Matar foi lançado em um dos anos mais concorridos no cinema. Apanhou feio. Pobre Dalton, merecia mais reconhecimento. Definitivamente foi um Bond a frente do seu tempo, além de um grande ator. Adoro Roger Moore, mas compare uma cena de raiva dele, com uma cena do Roger. Pois é.
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