Moira Shearer era solista do Royal Ballet (na época, Sadler’s Wells) e contemporânea de Margot Fonteyn, a grande estrela da companhia. No entanto, enquanto Margot é a maior lenda no universo do balé, para várias gerações, foi Moira que está no imaginário da bailarina perfeita, inspirando várias gerações a seguirem seus passos. Tudo graças ao primeiro filme que estrelou, Os Sapatinhos Vermelhos.

Nascida na Escócia, mas criada na Rodésia do Norte, na África, Moira começou seus estudos ainda com seis anos e, quando voltou para Inglaterra, já adolescente, foi aceita na escola do Sadler’s Well. Em apenas um ano já fazia parte da companhia, chamando a atenção pela beleza dos gestos e técnica apurada. A cor de seu cabelo – vermelho – também a ajudava se destacar. Rapidamente começou a dançar solos criados especialmente para ela, por Frederick Ashton e Ninette de Valois. Em 1944, em apenas 3 anos, já era uma das artistas principais, atrás apenas de Margot Fonteyn.
Moira se destacava em clássicos por sua agilidade, abraçando clássico e contemporâneo. Em 1946, na temporada de A Bela Adormecida que fez de Margot a estrela, Moira se destacou. Dançou O Lago dos Cisnes e Giselle, assim como Symphonic Variations.



Quando a Margot Fonteyn se machucou dançando Cinderella, em 1948, e não pode terminar a temporada, foi Moira que a substituiu, com aprovação do público e críticos. Tinha apenas 23 anos.


Foi mais ou menos essa época que os diretores Michael Powell e Emeric Pressburger – já envolvidos com a produção de Os Sapatinhos Vermelhos – decidiram que tinham encontrado sua Victoria Page. Mas, assim como a personagem que a imortalizou, Moira só queria dançar. Achou o roteiro “bobo” e descartou fazer o filme. Precisou da interferência de Ninette De Valois, que a aconselhou aceitar o desafio, “nem que seja para ele parar de te perseguir”. A vida de Moira Shearer nunca mais foi a mesma.

O Sapatinho Vermelho foi indicado a cinco Oscars, venceu dois, incluindo Melhor Trilha Sonora e Direção de Arte. Moira virou estrela internacional, dividindo a atenção com Margot Fonteyn na turnê americana da companhia, logo depois do lançamento do filme. Foi um divisor de águas.
Segundo ela, houve ciúme no Sadler’s Wells do grande sucesso Moira como atriz. “O filme destruiu minha carreira no balé, meus companheiros nunca mais confiaram em mim”, ela disse em uma entrevista em 1994. Com apenas 28 anos, ela pendurou as sapatilhas e seguiu apenas como atriz e escrito. Moira se casou com o jornalista Ludovic Kennedy, com quem teve quatro filhos. Ela faleceu aos 80 anos, há 15 anos, de causas naturais. Ficou, para sempre, um símbolo pop da dança.


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