Quem foi Sissi, a imperatriz da Áustria

A beleza da imperatriz Elizabeth da Áustria foi tamanha que é redundante falar dela, porém inevitável. Quadros, poemas, livros, balé, óperas e filmes foram feitos em sua homenagem. Sissi, como era apelidada, parece ter nascido mesmo direto para a imaginação popular. Nos anos 1950s a trilogia sobre sua juventude fez de Romy Schneider uma estrela. A Netflix está trabalhando em uma nova série sobre ela para 2022. Você sabe quem foi Sissi, a imperatriz? Bem diferente dos filmes que a popularizaram no cinema.

Criada desde cedo com liberdade e amor pela natureza, Sissi não tinha – em tese – um grande papel a desempenhar na História. Por isso cresceu no campo, sem se dedicar aos costumes da nobreza.

Sua irmã, Helena, foi a escolhida para se casar com o futuro Imperador da Áustria, seu primo, Franz Joseph. A mãe dele, a duríssima e ambiciosa imperatriz Sofia da Bavária, chamada de “o único homem da Corte”, tinha planos grandiosos para seu primogênito e escolheu pessoalmente a noiva, uma que ela pensava em controlar. Só que o destino quis criar adaptações: Sissi, que estava apenas acompanhando a irmã, chamou a atenção do jovem imperador, que se apaixonou por ela e se recusou a obedecer à mãe. Dessa forma, com apenas 16 anos, a jovem duquesa se viu não apenas casada oito meses também, mas também liderando o mais poderoso império europeu da época. Ela não estava preparada para o desafio e sua saúde pagou duramente por isso.

Em menos de um ano, Sissi se viu não apenas longe do campo, mas isolada na corte austríaco. Sua timidez e natureza introvertida não a ajudaram na adaptação em um universo formal de um protocolo rígido. Passou a ter crises de ansiedade, enxaquecas e tosse. Ao se descobrir grávida, se apegou à filha, Sofia (que a sogra decidiu que teria seu próprio nome), mas a felicidade foi breve. A pequena Sofia foi logo tirada de seus braços para ser educada para a monarquia. A mesma coisa aconteceu no ano seguinte, com a filha, Gisela.

O embate entre Sissi e Sofia incluía questões sobre o poder sobre Franz Joseph. Sissi era liberal, influenciando o marido a ter decisões mais humanistas, para grande irritação da severa Sofia. Sissi se sentia particularmente à vontade na Hungria, onde estava longe do controle da sogra. Acabou se envolvendo com política e sendo adorada pelo povo. Infelizmente foi nesse país que suas filhas ficaram doentes, com a pequena Sofia morrendo de tifo.

A morte de sua primogênita engatilhou uma profunda depressão na jovem imperatriz e desenvolveu em paralelo um distúrbio alimentar – bulimia – que provocou imensa magreza (em tempos em que o padrão de beleza não era esse). Com mais de 1m70 de altura e apenas 50 quilos, com logos cabelos abaixo da cintura, Sissi nunca mais engordou e fazia jejum prolongado, com exercícios diários, para manter a figura magra. Se pesava três vezes ao dia para manter o controle e também virou vegetariana.

Além do peso, Sissi era obcecada com sua pele e cabelos. Levava, segundo consta, até 3 horas para se pentear. Os penteados, com tranças e coques, era feitos pela cabeleireira da Ópera de Viena, Franziska Feifalik. Era Franziska que lavava quinzenalmente as madeixas da imperatriz com ovos e conhaque, um processo que tomava o dia completo. Nesses períodos de embelezamento, Sissi estudava idiomas e história. À noite, em um colchão de metal para ajustar a postura, sem travesseiro, ela colocava carne crua ou morangos amassados no rosto. Toalhas encharcadas de vinagre eram colocadas na cintura. O dia começava com banho gelado e encerrava com um banho de azeite para dormir. Sério… odores à parte, apenas aqui daria um longa metragem.

Para preservar sua imagem jovem, proibiu qualquer pintura ou foto após os 32 anos.

Franz Joseph era apaixonado pela esposa, mas historiadores consideram que ela nunca o amou na mesma proporção. Ambos tiveram muitos amantes, entre os dela estariam o Conde Gyula Andrássy, que teria colaborado pelo envolvimento de Sissi com a causa húngara, e o britânico George “Bay” Middleton (sem parentesco com Kate!), pai da futura esposa de Winston Churchill, Clementine.

Após o nascimento de Rudolf, Sissi se afastou do marido. Ela o achava tedioso e mandado pela mãe. Seus problemas de saúde, cada vez mais sérios e perceptíveis, foram usados como razão para que Sissi deixasse a Áustria por mais de um ano, enquanto se recuperava.

Já adulta, ganhou voz e brigou abertamente com o marido e a sogra quando se tratava da educação do sensível e introvertido Rudolf. Mas foi sua caçula, Marie Valerie, que Sissi se dedicou ao ponto de obsessão.

Décadas se passaram e quando tudo parecia ir bem, a trágica – e até hoje suspeita – morte de Rudolph (que foi encontrado com a amante em um aparente pacto de suicídio ou assassinato) abalaram Sissi. O incidente ficou conhecido pelo nome do palácio onde os corpos foram encontrados, Mayerling e a imperatriz voltou à uma profunda depressão com a notícia. Ela começou a perder as pessoas das quais era mais próxima: o pai, o filho, as irmãs, a mãe e o conde Andrássy, todos praticamente um ano após o outro. Passou a usar apenas a roupa de luto (preto) e se esconder para evitar ser vista em público.

Ao final de sua vida, passou a ter maior amizade pelo marido. Apesar de ter sido alertada de possibilidades de atentados, aos 60 anos, Sissi ignorou o perigo. Já viajava escondida, mas foi reconhecida em uma hospedagem na Suíça. Quando caminhava por Geneva, o jovem italiano e anarquista Luigi Lucheni se aproximou, aparentando ter tropeçado mas na verdade aproveitou o gesto para esfaquear a imperatriz. Ela não era seu alvo inicial, mas não perdeu a oportunidade. O corte não foi profundo, mas fatal. Em poucas horas Sissi estava oficialmente morta.

Seu assassino foi localizado, preso e condenado. Se matou na prisão. Franz Joseph manteve a memória de sua esposa viva com várias homenagens, com estátuas e quadros. Ele morreu 18 anos depois. A neta de Sissi, filha de Rudolf, herdou todas as jóias da avó e tem uma história fascinante também. Mas fica para outro post.

A série The Empress, da Netflix, está prevista para contar a história de Sissi em apenas 6 episódios, focando nos primeiros meses de Sissi na corte austríaca e quando, por um período, o casal se entedia. A postura mais relaxada da jovem será mostrado como uma tentativa de modernizar a monarquia e que vai encontrar resistência na sogra.

Seguindo os passos de Romy Schneider, a atriz alemã Devrim Lingnau está escalada para viver Elizabeth e o ator Philip Froissant, Franz Joseph. As filmagens estão em andamento e previsão de lançamento é abril de 2022.

Há também a série Sissi, da TVNow alemã, e o filme Corsage, com Vicky Krieps.

4 comentários Adicione o seu

  1. cleci fernandes medeiros disse:

    amei ter estes dados sobre a imperatriz Sissi a qual sou fã desde anos 60 qdo vi a triologia

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