A nova versão de Ligações Perigosas

Pierre Choderlos de Laclos publicou Les Liaisons Dangereuses em 1782. Foi um escândalo. Embora fictícia, a história das manipulações do casal narcisista e amoral, seduzindo, chantageando e destruindo a vida de pessoas apenas por prazer continua impactando o mundo mesmo 239 anos depois.

Eu li o livro que é feito como se fosse a compilação das cartas trocadas entre amantes e vítimas. É atemporal porque trata de sentimentos e anseios da alma humana. Vale um post apenas sobre ele.

Pois o canal Starz anunciou que já está filmando uma série inspirada no livro para 2022, contando como Valmont e Merteiul se conheceram. Interessante!

Embora o livro original fosse um clássico na França, o cinema levou cerca 177 anos para fazer sua primeira adaptação, com o filme de Roger Vadim, de 1959, com Jeanne Moreau como a temida Merteiul. A versão mais popular, no entanto, é a adaptação da peça de mesmo nome do livro, de Christopher Hampton, do final dos anos 1980s, em Londres. Uma febre de bilheterias e prêmios, foi montada em Londres e Nova York com o mesmo elenco, fazendo de Alan Rickman uma estrela.

Ligações Perigosas, o original, tinha Alan como Valmont, Lindsay Duncan como Merteiul e Juliet Stevenson como Madame de Tourvel. A peça é de 1987 e imediatamente foi levada para o cinema, com o filme sendo um dos fortes indicados ao Oscar em 1988. O elenco foi marcado por estrelas americanas, com Glenn Close em uma de suas atuações mais marcantes (e injustiçadas), John Malkovich como Valmont e Michelle Pfeiffer como Tourvel. A direção de Stephen Frears foi elogiada, mas, originalmente, Milos Forman era para ter feito o filme. Ele divergiu quanto ao foco da história e fez a sua versão, Valmont, com Colin Firth, Annette Bening e Meg Tilly, sem alcançar o sucesso do filme de 1988.

Nos anos 1990s houve uma nova produção, com elenco jovem e moderno, Cruel Intentions, com Ryan Philippe, Reese Witherspoon e Sarah Michelle Gellar, um filme que também virou clássico e referência. Pois então, o anúncio da Starz de que está trabalhando uma nova versão da história gerou expectativa.

A série promete “reimaginar” a versão original do livro, incluindo uma prequel em que veremos como Merteiul e Valmont se conheceram. Na peça e no livro, os dois já falam dessa etapa da história no passado, com olhares bem diferentes sobre o affair que os uniu. Aliás, é de fato o elemento mais importante da história pois é essa mágoa que conduz a marquesa em sua vingança e traz o elemento trágico da conclusão.

Alice Englert e Nicholas Denton vão dar vida aos anti heróis da história. O elenco reúne Lesley Manville, Carice van Houten, Paloma Faith, Michael McElhatton, Kosar Ali, Nathanael Saleh, Hakeem Kae-Kazim, Hilton Pelser, Mia Threapleton, Colett Dalal Tchantcho, Lucy Cohu, Fisayo Akinade, Maria Friedman e Clare Higgins.

Um ponto positivo é que a série tem uma mulher por trás do roteiro e direção. Harriet Warner, de Call the Midwife, The Alienist Mistresses será a showrunner. É importante porque a Marquesa Merteiul é uma mulher moderna e ciente de seu papel em uma sociedade machista. Ela usa suas armas para vencer e subir e, dependendo da visão, pode ser facilmente estereotipada e julgada. Estou animada!

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