Para quem acompanha filmes e séries britânicas, Olivia Colman sempre foi um destaque, mas ela só ficou internacionalmente famosa quando ganhou o Oscar por A Favorita. Olivia passeia pelo drama e pela comédia com igual facilidade, seja em The Crown ou Fleabag. E tê-la no elenco é sinônimo de qualidade, portanto Maggie Gyllenhaal sabia o que estava fazendo ao escalá-la para sua estréia como diretora em A Filha Perdida (The Lost Daughter). Sei que Kristen Stewart está com a campanha mais forte, porém será injustiça não conceder o segundo Oscar como Melhor Atriz para Olivia. Ela está incrível.

O filme, uma adaptação do livro de mesmo nome de Elena Ferrante, analisa uma questão muito séria e ainda tabu: o que fazer quando a maternidade é mais sufocante do que prazeirosa. Ter uma mulher infeliz com a maternidade é colocá-la no papel de vilã, mas as frustrações são compreensíveis e dolorosas. É o que A Filha Perdida nos mostra. Nele, Olivia é Leda, uma professora universitária de férias sozinha na Grécia. Lá ela começa a observar uma (barulhenta) família que invade seu espaço, prestando atenção especial em uma jovem mãe (Dakota Johnson), com quem se identifica. Entre os flashbacks de momentos cruciais em sua vida, Leda revisita a dor e a felicidade, provocadas por suas escolhas, que causaram conflitos e traumas.

O roteiro e a direção de Maggie, ambos premiados em festivais e com chances de indicação ao Oscar, são precisos. É uma diretora de grande talento que desponta com temas femininos e atuais. A Filha Perdida é sufocante, mas vai falar diretamente com os corações femininos.

Um ótimo filme, com destaque para as atuações de Dakota, Jessie Buckley (vinda do teatro), Ed Harris, Peter Sarsgaard e Jack Farthing (em um papel completamente diferente do que fez em Spencer, como Príncipe Charles).

Vale conferir antes do Oscar, mas se estiver procurando conteúdo mais leve, espere um pouquinho mais para vê-lo.