Falta muito pouco para And Just Like That encerrar sua primeira temporada. A segunda ainda não foi anunciada, mas dificilmente será excluída. Já podemos dizer que foi irregular e não alcançou a mítica de Sex and the City, porém ainda pode engajar.
Há basicamente três dramas de adaptação aos tempos atuais como espinha dorsal dramática: separação/morte, identidade e honestidade. Carrie está de luto, recomeçando sua vida aos poucos, mas ainda querendo o reconhecimento como escritora (foi meio patético sua relação com sua vizinha). Além de perder Mr. Big, o drama para Carrie é entender que envelheceu.
Charlotte estaria à frente com as questões de adolescentes . Rose quer ser Rock e se vê como menino e Lilly, apesar de tímida, tem um lado sexual aflorado e escondido. Charlotte é o elo fraco do trio. Seu romantismo já era desconexo aos 30, mas aos 50? Patético. Sua relação sexual saudável com Harry é outra surpresa dado que Miranda, muito mais aberta em tese, é a que tem problemas com Steve.
Grande parte da ação da temporada ficou em cima de Miranda e sua descoberta sexual com uma mulher, a ótima Che. Mas, além das incoerências de oito temporadas de Sex and The City e dois filmes onde suas crises com Steve até pairavam sobre sexo, mas jamais porque ele tinha algum problema, Miranda é que tinha perdido o interesse. Agora, hiper sexual, colocou a culpa de suas escolhas nos ombros do único personagem masculino que sustentava a constância e dedicações que as mulheres sempre projetaram em uma relação. Não há como levantar essa questão. As mulheres, pelo visto, dizem uma coisa que não querem. Foi assim com Aidan, com Stevie e até Mr. Big (no segundo filme).
A injustiça com Stevie é um dos dramas irreversíveis e duros da série, mas isso dificulta simpatizar ou torcer por Miranda e Che. Uma pena. Elas têm química, mas o amor delas está construído na destruição de uma personagem que merecia mais. Perderam a oportunidade – com a pandemia que a série menciona, mas decreta terminada em 2022 (ou 2023?) – que poderia ter dado à série algumas coisa: atualidade, tristeza e esperança para Miranda, redescobrindo a vida ao lado de uma mulher.
A ver como será daqui pra frente. Stevie saiu, mais uma vez, com classe. Mas há no ar que Che possa ser uma Mr. Big de saias… será?
E Carrie, fantasiada para poder fumar sem deixar cheiro no cabelo ou roupas? Não dá nem para sorrir…
O episódio dessa semana foi encarar as verdades, mesmo que dolorosas. Charlotte tentou ter um papo sobre sexo com Lilly. Miranda finalmente falou com Steve. Mas ignorou solenemente o impacto de sua escolha na vida do filho, Brady, que ela não leva em consideração em nenhuma de suas decisões. A vida no Brooklyn definitivamente é cada um por si.
O protagonismo de Miranda, apressado, forçado e incoerente, é um dos pontos negativos do reboot. Pronto, encarei a verdade. E não tem nada a ver com sua descoberta sexual, apenas a condução de sua evolução. And Just Like That prometia mais.

