Como publicado na coluna do Caderno B+, do Correio do Estado.
Billions é uma série que aqui no Brasil acompanhamos pela Netflix e que há seis nos encanta como uma espécie de Sex and the City com testosterona. Em vez de sapatos e relacionamentos é dinheiro que mobiliza as personagens e, em comum, uma Nova York fascinante, com restaurantes e chefs famosos, verdadeiros, nos dando um escape imaginário da vida dos bilionários.
Há poucos meses compartilhei nessa coluna a tristeza e a surpresa da despedida de um de seus protagonistas, Bobby Axe Axelrod, vivido pelo sempre carismático Damian Lewis. Pois a série está de volta, com um episódio da 6ª temporada já exibido nos Estados Unidos (se não quer spoiler, não olhe as redes sociais), o que significa que se não começa essa semana na Netflix, muito em breve poderemos acompanhar a série novamente. E é isso, é quase uma série diferente pois não há como preencher o vazio da saída de Damian Lewis. O ator Corey Stoll tem coragem de encarar o desafio.
Como vimos, Axe não poupou esforços para tentar descobrir os esqueletos do armário do rival e sim, descobriu que o clichê de “toda grande fortuna nasce de um crime” tem mesmo fundamento. Afinal, Mike só chegou onde está por dar um golpe no melhor amigo, que se matou de desgosto. Ao fim da 5ª temporada, Axe foi finalmente derrubado por Chuck, que contou com a ajuda de Mike Prince.
Gostamos do resultado?
Não.


Não, porque aparentemente Axe nos deixou de vez (ainda desconfio de uma volta no episódio final) e Chuck encontrou um novo nome para sua obsessão. Mas, no final das contas, quem é Michael Prince (Corey Stoll)?
Michael Thomas Aquinius Prince, segundo consta, é um bilionário que surgiu de uma pequena cidade em Indiana para dominar o mercado financeiro em Nova York. Sua fortuna surgiu quando vendeu parte das ações de sua companhia para a Microsoft. É voltado para a economia verde, prega buscar salvar o meio-ambiente (sem deixar de enriquecer) e quer “devolver para sociedade” parte do que arrecadou. Como diz o ator que o interpreta, Mike acredita em cada palavra que diz, algo que irrita profundamente Axe, que o considera um hipócrita.
O ex-atleta e herói de sua cidade, no entanto, não é um jogador despreparado. Ele encarou de frente o desafio de Axe, que pareceu um grosseiro perto dele. Isso mesmo, o nome da personagem é perfeito. “Mike” (que também dubla microfone) revela alguém que gosta de falar e ser ouvido e “Prince”, obviamente um príncipe no papel, com classe e liderança. Mike Prince é exatamente isso.



Mike Prince passou a perna em todos que estavam no seu caminho, sem cometer um crime ou perder a linha. Chuck agora o quer atrás das grades. Sem Axe para ajudar? Boa sorte.
O problema do holofote em Mike Prince está mais ligado à saída de Axe. Claramente os pontos fracos ainda não foram revelados e Carey Stoll comenta que a transição de “vilão” para protagonista tem sido desafiadora, mas, pelo menos no primeiro episódio já exibido nos Estados Unidos, ele segue sem dar respostas para nossas dúvidas. É um dos antagonistas mais estranhos dos últimos anos.
A personagem de Bobby Axelrod parece ter sido inspirada em Steven A. Cohen, dono do time de baseball New York Mets, que fundou um fundo de hedge bilionário, mas que foi alvo de uma das maiores investigações do Governo americano, sendo condenado por fraude. Só de multa, pagou cerca de 2 bilhões de dólares. Uma pechincha para quem estima-se ter 16 bilhões de dólares no banco. Mike Prince se parece fisicamente com Cohen, é igualmente esportivo e colecionador de Arte. Será um cara do bem ou do mal? Fazer com que Chuck e Axe concordem sobre um assunto seria algo inimaginável, mas os dois desgostam dele, o que sinaliza a possível resposta.
Será um cara do bem ou do mal? Torcemos por Mike Prince como torcíamos por Axe?