A pouco mais de um mês da esperada série de Danny Boyle sobre os Sex Pistols, a musa e Rainha do Punk, Jordan Mooney faleceu em Londres, aos 66 anos. Na série Pistol, ela será interpretada por Maisie Williams e a personificação – pelas fotos e trailer – parece perfeita. As duas conversaram e a atriz teve a benção da musa para criar o papel. “Sua imagem e sua essência transcenderão seu tempo aqui. nunca mais haverá alguém como você, mas muitos tentarão”, escreveu a atriz em sua homenagem.
Jordan, cujo nome verdadeiro era Pamela Rooke, foi uma jovem criativa e inconformada, creditada por muitos, incluindo Adam Ant, ter “inventando o punk rock”. Paradoxos sempre formaram sua personalidade. Cresceu perto de Londres, curtindo ballet clássico e sendo capitã de uma equipe de hockey até que, aos 18, “descobriu o punk”.
Fundadora, junto à Siouxsie Sioux e Billy Idol, do grupo que ficou conhecido como o Bromley Contigent, Jordan também flertou com uma rápida carreira de atriz, aparecendo no filme Jubilee, de Derek Jarman. Para fugir da dependência química, que tirou a vida de amigos como Sid Vicious, ela passou boa parte de sua vida adulta longe da agitação, trabalhando como enfermeira em uma clínica veterinária e criando gatos. Muito diferente da adolescente que quase chegou a ser presa pelas roupas transparentes (consideradas um atentado ao pudor), assim como o grande consumo de drogas.
O nome artístico foi escolhido por Pamela por ser fã da personagem do livro The Great Gatsby, a golfista Jordan Baker. Seu estilo original, ousado e não conformista logo chamou a atenção de outra mulher que se destacava por ser diferente, Vivienne Westwood. Jordan era criativa nas roupas, que mesclavam couro e correntes, e também na maquiagem, sempre imaginativa. Para muitos, suas peças e sua atitude ajudaram a definir a estética e estilo do punk. “As pessoas tinham medo de mim”, reconheceu em uma entrevista.
Outro que se encantou com ela foi Andy Warhol, que foi o responsável por incluí-la em Jubilee, um filme sobre o movimento punk. Com Vivienne, trabalhou no Sex Shop de King Road, que vai aparecer na série Pistol.
“Não me importava com o que os outros pensavam”, ela reconheceu anos mais tarde em uma entrevista sobre suas escolhas fashion. Até o final de sua vida se manteve com o visual punk. “Nunca quis pertencer, do ia que deixei a escola sabia que faria algo diferente com a minha vida”, explicou. Segundo Jordan, sua paixão por moda nasceu em casa, observando a mãe, costureira. Outra influência foi David Bowie, cujo estilo avant garde a inspirou a cortar os cabelos e descolori-los. Quando conseguiu o emprego de vendedora no Sex Shop, se encontrou.
Quando se casou, aos 26 (embora tenha dito sempre que era contra casamento) com o músico Kevin Mooney, do grupo Adam and the Ants, foi demitida por Vivienne justamente pela inconsistência de seu discurso moderno e contra as regras da sociedade.
No início dos anos 1980s, tentando romper o padrão da dependência química, deixou Londres para ter uma vida mais simples, na fazenda, se alimentando melhor e evitando festas. Foi aí que começou a criar gatos e trabalhar em uma clínica veterinária. “Sei que soa brega, mas a normalidade salvou a minha vida”, confessou.
Segundo seu parceiro, Nick, Jordan estava doente há algum tempo, com um câncer raro e morreu cercada por sua família. Sua memória certamente será eternizada na obra de Danny Boyle.
No post no qual se despede de Jordan, a atriz agradece o carinho e apoio da musa. “Jordan me deu seu tempo e sua crença. As pessoas me perguntam como eu me preparei para interpretá-la e, sinceramente, foi tudo Jordan. Desde a forma da colmeia, o ritmo do meu discurso, até a posição em que segurei meus ombros, Jordan esculpiu tudo e muito mais”, ela explicou. “Não somos apenas gratos por sua visão e contribuição para a criação de Pistol, mas devemos a ela nosso respeito pelo impacto que sua visão teve na libertação dos corpos das mulheres”, disse.
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