A atemporalidade do drama e da tragédia de Titanic

*como publicado na coluna de CLAUDIAdia 15/04/22

Eu sei que volta e meia eu abro a porta para nostalgia. Hoje é um desses dias. É porque em 15 de abril de 2022, completam 110 anos do naufrágio do Titanic. Isso mesmo. E há 25 anos, o filme de mesmo nome do diretor James Cameron chegou aos cinemas fazendo história. Datas redondas combinam com nostalgia.

Hoje é até cômico, mas, na virada final dos anos pré-digitais, o épico romântico Titanic gerou uma febre inenarrável para os dias de hoje. Nunca me esqueço que a Isadora, filha da minha colega Cecília, do Telecine, foi assistir – no cinema – pelo menos umas 6 vezes. Sabia os diálogos de cor e chorava pelo “Leo” (aposto que hoje renega!). O filme dominou as bilheterias de forma humilhante. Ganhou nada menos do que 11 Oscars e transformou as vidas de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet para sempre.

Hoje qualquer mistério sobre o transatlântico que afundou naquela noite de 15 de abril de 1912 parece algo irrelevante. Porém, o navio era tido como o máximo da tecnologia na época e foi afundado, literalmente, pela ponta de um iceberg. Cameron era obcecado com essa história, que custou a vida de 1, 517 pessoas (na maior parte pobres imigrantes e homens), um conto que une tragédia, arrogância e incompetência. Quando a carcaça do RMS Titanic foi finalmente encontrada, em 1º de setembro de 1985, o navio estava no fundo do mar há 73 anos. Ficou embiaxo d’água muito mais tempo do que em cima. Como bom roteirista, ele sabia que tinha uma história emocionante para contar.

Hollywood, claro, já tinha tentado antes. Minisséries e longas usaram a trágica viagem como pano de fundo, mas o que mais chegou perto de ser um sucesso foi o excelente docudrama britânico Somente Deus Por Testemunha (A Night to Remember), de 1958. Eu adoro esse filme, muito mais fiel ao que aconteceu do que o longa de 1997, mas Titanic tem um apuro aos detalhes como ter os pratos exatamente iguais aos do navio, ter as pessoas posicionadas ao redor das personagens exatamente como nos relatos e fotos, assim vai.

James Cameron criou a história da rebelde Rose DeWitt Bukater (Kate Winslet) e do decidido Jack Dawson (Leonardo DiCaprio), mas os cercou de pessoas que efetivamente estavam no Titanic. Sim, houve um Jack Dawson que morreu naquela noite, um irlandês que fazia parte da tripulação, mas isso foi coincidência. Já Rose foi inspirada em uma jovem rica da sociedade americana, Beatrice Wood, que viveu até os 105 anos e que se rebelou contra seus pais e a sociedade, mas que não viajou no Titanic. Toda narrativa de sua história serviu como base para o roteiro de Cameron, que a convidou para a estreia do filme.

Sobre o naufrágio, às 23:40 da noite de 15 de abril de 1912, o Titanic e seus mais de 219 metros de comprimento, bateu de lado em um iceberg estimado em pelo menos 91 metros de comprimento, rompendo imediatamente o casco de aço e afundado em apenas duas horas em um mar congelante. Para piorar, com mais de 1.500 pessoas a bordo, só havia 20 botes salva-vidas, com capacidade para apenas um terço das pessoas a bordo do transatlântico. Mulheres e crianças (ricas) tiveram prioridade e os passageiros e a tripulação morreram afogados ou de hipotermia. Os destroços  do navio foram encontrados a mais 3800 metros de profundidade em 1985, em avançado grau de decomposição, impossibilitando sua retirada. A decisão de deixá-lo no local também foi em respeito às vítimas.

Hoje a lista dos atores e atrizes que “quase” fizeram Titanic parece crescer a cada ano. Gwyneth Paltrow alega ter recusado o papel (ela nem era uma estrela na época), mas foi Claire Danes que não topou ser Rose porque depois de ter feito Romeu + Julieta com DiCaprio não quis repetir a dobradinha. Melhor para Kate Winslet que pulou no papel com unhas e dentes e garantiu sua segunda indicação ao Oscar no seu terceiro filme. (Perdeu para Helen Hunt em Melhor Impossível).

Se nessa Páscoa a nostalgia tiver espaço na sua agenda, Titanic está disponível no acervo do Starplus. Só terá que tolerar Céline Dion cantando My Heart Will Go On, se ficar para ver os créditos. Ah! E nesse aniversário de 110 anos, a Blue Star Line chegou a anunciar para esse ano, 2022, a inauguração do Titanic II, uma réplica do original, com espaço para 2,4 mil passageiros e 900 tripulantes. A data exata, porém, não foi anunciada ou confirmada ainda, seria certo considerar que perdeu o prazo original. O que, convenhamos, não parece ser um bom sinal né?

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