Quando o livro Anatomia de um Escândalo, de Sarah Vaughan (não confundir com a cantora de Jazz), foi publicado em 2018, foi um sucesso. Traduzido em 22 idiomas, o primeiro thriller da jornalista logo ivrou best seller e os direitos foram comprados pela Netflix. Transformado em série, é um dos grandes sucessos de abril da plataforma, com uma produção liderada por Sienna Miller, Rupert Friend e Michelle Dockery no elenco.


Dividida em seis episódios, o tema da série transita entre dois polos: consentimento e falsidade. Quando uma mulher dá consentimento para sexo e você efetivamente conhece as pessoas que estão com você há tanto tempo? “Alinhada com os tempos pós #metoo“, a trama discute a reputação de um político de destaque (Rupert Friend), cuja amante o acusa de estupro. Para a esposa (Sienna Miller), mais do que lidar com a traição, é mais sobre descobrir quem realmente é seu marido de mais de 20 anos e revelar segredos do passado que pode destruir vidas, e salvar outras.
Narrativa conduzindo para “surpresas”
Primeiro vamos falar do que funciona na série. Com bons atores, o elenco faz milagre com uma trama que forçosamente quer nos surpreender a cada momento. Com uma produção bem cuidada em detalhes, a perfeição das vidas dos Whitehouses chega a distrair de tão linda e é essa a intenção, nos deixar confusos de como algo tão bonito e perfeito pode estar longe do que parece. Assim como Big Little Lies, igualmente produzida por David E. Kelley, o cenário calmo, luxuoso e lindíssimo esconde uma verdade de violência e crimes..
A discussão sobre o que é consentimento em uma relação sexual, tão óbvia para uma mulher, é algo quase didático na história de Anatomia de um Escândalo, mas esconde um segredo ainda maior. Para homens tóxicos criados em uma sociedade machista, a negativa era frequentemente cinzenta, mas não mais. Só que, SPOILER ALERT, há uma vingança maior conduzindo os fatos, revelada mais à frente.
Para curtir a série, é preciso se deixar levar e ignorar os rombos da lógica na narrativa, para que tenhamos a “virada” que faz a surpresa final. Não acho que vale tanto a pena, mas todo o resto, sim. Fica em aberto uma continuação e Sarah Vaughan já vendeu os direitos de outro best seller, Reputation, portanto é o começo de uma franquia!
