Decifrando Daemon Targaryen: vilão e herói

Daemon Targaryen é uma personagem controversa: livro ou TV. Violento, ambicioso e egoísta, e sem surpresa divide fãs, diretores e roteiristas. Jamais obvio, jamais unânime ele é uma das personagens preferidas de George R. R. Martin que o chama de um “golpista” ou rebelde. Ele é ambos.

Falar dos defeitos de Daemon é fácil e ele não se importa com o que pensam dele. De todos eles talvez o meno citado talvez é seja o vital: sua superioridade. Ser um Targaryen, montar dragões, lutar bem e poder ser eventualmente Rei são para Daemon algo natural que o põe acima do resto. Porém essa arrogância o expõe aos inimigos porque se recusa a jogar as artimanhas políticas.

Como irmão caçula, ele idolatra seu irmão mais velho, Viserys talvez a única pessoa que realmente sinta “amor”. É a aprovação dele, a intimidade com ele, a confiança dele que movem Daemon e ele se sente injustiçado por jamais alcançá-las.

Não é que Viserys não ame Daemon, mas o Rei reconhecia que seu temperamento o impedia de lidar com as questões do reino. Quem manipulou esse sentimento foi Otto Hightower, que entendia que Daemon o via claramente e que jamais o deixaria ter a influência necessária para ter poder. Nisso ele se aproximava de Rhaenyra, sua sobrinha e por quem tinha genuíno afeto.

As críticas de Daemon ao irmão eram corretas. Um sonhador, Viserys tinha aversão à conflitos e confrontos, mas o preço frequentemente era ceder riquezas e poder a outras Casas, indiretamente, como os Hightowers.

A série decidiu explorar a história de Daemon com poucas palavras (em um episódio, na verdade, chegou a não dizer nenhuma) e conseguiu isso graças ao talento e carisma de Matt Smith, perfeito no papel. Sua preguiça das bajulações ou obviedade dos que buscam aprovação chegava a ser cômica. Decididamente é um homem de ação.

Em sua arrogância, Daemon adora ver o circo pegar fogo. Ele tem verdadeira afeição por Rhaenyra, o que até se aproxima de amor, mas o que ele gosta nela é seu reflexo, não o que Viserys a ensinou. Os dois se uniram – de corpo e alma – pelo futuro da Casa Targaryen, um objetivo comum que virá com a coroa da princesa… ou assim esperavam.

No livro, Viserys está velho, mas nem de longe tão acabado como na série por isso os Pretos não estavam prontos para sua morte. Na série ficou parecendo incompetência e até inocência deles de não anteciparem que os Verdes tentariam impedir a ascensão de Rhaenyra. Atrasados em TUDO, cabe a Daemon manter o foco e usar toda sua tristeza pela morte do irmão de tentar respeitar sua vontade: ver Rhaenyra rainha dos sete reinos.

E aqui alguns fãs se surpreenderam com. a”frieza” e agressividade de Daemon.

Em defesa a ele, os tempos eram outros. Mulheres tinham mais 50% de chance de morrer a cada parto e cabia a ele, mais uma vez, manter o legado Targaryen. Em circunstâncias “normais” ele, que perdeu uma esposa de parto, poderia sim reagir ao risco novo com distanciamento. Ainda mais com duas filhas, dois filhos e três enteados. Para piorar, como sabemos, os Verdes deram um golpe de Estado e estavam armando a morte de todos em Dragonstone. Se Rhaenyra morresse, eles precisavam estar prontos. Viva, ainda mais. Portanto, sem Ser Corlys Velaryon entre eles, cabia apenas à Daemon manter o foco e traçar os planos de ação.

O enforcamento, bom, não defendo e era uma reação tripla de surpresa, revolta e frustração. O fato de que Viserys jamais compartilhou o principal segredo do Trono de Ferro comprovava que o irmão não apenas não o via como sucessor, mas não confiava nele. Ao mesmo tempo, ver Rhaenyra perder a impulsividade que os unia para adotar a estratégia pacífica de Viserys era letal para todos.

O carinho que Daemon tratava os enteados é algo interessante. Ao contrário e Otto, ao ter seus filhos legítimos, não o vimos pressionar Rhaenyra para mudar a ordem sucessória dela. Isso também é amor. A morte de Lucaerys era o que ele precisava para “resgatar” a Rhaenyra guerreira, e ele vai usar esse sentimento a seu favor.

Chegamos ao fim. da1ª temporada com um Daemon aparentemente “domesticado”, tendo vivido 10 anos com Rhaenyra em Dragonstone, sem conflitos. Felicidade é um conceito que não está em seu vocabulário e é de se esperar que ainda nos surpreenda.

No livro, após a morte do filho, a relação de Rhaenyra e Daemon não é mais física. Ele vai voltar a se relacionar com Mysaria e vai ter algo especial com Nettles. Vamos descobrir se é amor ou se ela é uma filha bastarda, como alguns acreditam. Seja como for, Daemon é essencial para a vitória dos Pretos. Vai nos dar medo e nos fazer chorar em iguais medidas. Matt Smith ainda vai dominar House of the Dragon.

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