Ted Lasso está de volta pela última vez e temos que celebrar e curtir porque é nossa despedida. E teremos, obviamente, o problema com Nate (Nick Mohammed). É o dilema da série pois fomos levados a acreditar na bondade e ascensão do fraco assistente, mas o que vimos foi a destruição de uma alma vulnerável que sofreu com o que muitos chamam de “felicidade tóxica” de Ted (Jason Sudeikis). Isso mesmo, o brilhantismo da narrativa da série não pode jamais deixar de ser elogiado. Tudo que parece ser e não é: leve, simples, clichê. Nós facilmente podemos virar Nates.
Sim! É a teoria dos espelhos, defendida pelo psiquiatra Jacques Lacan, que diz que só conseguimos enxergar características em outras pessoas que também existam, ou já existiram algum dia, dentro de nós mesmos. Se Ted é tudo de positivo e “bom”, Nate reage da maneira oposta. No coração é ainda sobre aceitação, reconhecimento e amor. Isso gente, Ted Lasso é tudo, menos raso.
No primeiro episódio, Coach Beard (Brendan Hunt) está lendo o livro “A Pirâmide Invertida”, que é o nome do episódio final da segunda temporada. O livro, escrito pelo britânico Jonathan Wilson e que traça a história do futebol e as táticas de jogo. A “pirâmide invertida” é o esquema que tem apenas um homem na linha de frente. E esse homem é? Claro, Ted Lasso, mas Nate se considera o merecedor.


Como chegamos lá? Bom Nate é um filho de emigrante, com pai opressor e que lida com racismo e muito bullying, mas que ao ter alguma atenção, fica ainda pior. Entre os que fazem bullying – embora inconscientemente – está até o próprio Ted. O fato é que muitas vezes a falta de sensibilidade não vem acompanhada por falta de atenção e a carência e expectativas atrapalham o processo.
Ted tem seus problemas, que são muito graves, mas não os compartilha. Primeiro, o divórcio, Segundo, a razão pelo qual se preocupa tanto com o bem estar dos outros: o fato de não ter conseguido identificar os sinais de depressão de seu pai antes que ele tirasse a própria vida. Segredos que fazem de toda iniciativa de Ted serem mais significativos, porém ineficazes em alguns momentos. Ele ajudou Rebecca Welton (Hannah Waddingham), Roy Kent (Brett Goldstein) e Jaime Tartt (Phil Dunster), mas subestimou justamente Nate.


Os sinais de sua virada para o mal estavam lá, mas custamos a vê-las, segundo o ator já alertou em entrevistas. Nós sabemos a dor dele, nos identificamos, mas em grande parte, negamos a possibilidade de virar o que virou. Mas eu entendo. Mais do que não prestar atenção à carência de Nate e colocá-lo no lugar, Ted seguiu displicente com o trabalho, ainda errando com as regras básicas mesmo depois de tanto tempo. É muito desrespeito com Nate, que sempre salva o dia com estratégias que deveriam vir do próprio Ted. Cansado da popularidade de uma pessoa que ele considera “falsa”, Nate expõe Ted da pior maneira, revelando os ataques de pânico do ex-mentor e sem dar uma pausa para tentar ajudá-lo ou descobriu a razão para a crise.
Para piorar, Nate aceita um cargo de treinador no competidor mais feroz do AFC Richmond, o time comprado pelo ex-marido de Rebecca. Ele está sofrendo e quer ver o eternamente positivo Ted com dor porque é a única forma de poder que entende e aprendeu em casa. A bomba que joga contra Ted demonstra que Nate sabe mais do que aparenta: “por que não volta para casa [Estados Unidos] e fica com seu filho?”. Esta é realmente a questão que vai atormentar Ted na 3ª temporada.
A derrocada de uma boa pessoa nem sempre é bem aceita, os viúvos de Daenerys Targaryen que o digam, mas em Ted Lasso não houve atalhos. Houve um certo relapso, não entendo como Roy e Beard não deram uma real para Ted do que estava rolando nos bastidores. Mas enfim, na primeira parte da história era sobre a dinâmica dentro dos clube, a segunda temporada passou para os problemas pessoais de cada um e por fim, como agem como equipe.
Mal podemos esperar!!!

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