Quem ganha: Otto Hightower ou Twyin Lannister?

Como gosto de lembrar, em um universo de vilões incomparáveis como Game of Thrones, é de se assustar quando há um destaque. A tirania de Joffrey Baratheon, a psicopatia de Ramsay Bolton, a sagacidade de Littlefinger, a ira de Cersei Lannister e claro, o comando silencioso do Night King. No entanto, dois Mãos dos Reis Targaryen lideram a discussão de anos sobre “quem é o pior”: Otto Hightower ou Twyin Lannister?

Meu voto é para Twyin, mas Otto – que veio antes dele na história – não perde por muito. Em House of the Dragon foi possível ver as semelhanças e objetivos comuns. Na série, o irmão de Alicent Hightower não teve destaque, mas obviamente em um tempo machista, a menina só tinha um uso para o pai: um meio de aliança política via casamento. E Otto ganhou o jogo de lavada na 1ª temporada.

Como sabemos, Otto Hightower serviu como Mão do Rei para mais de um Targaryen: começou com Jaehaerys I e continuou como o conselheiro de maior confiança do rei quando Viserys I ascendeu. Por conta de sua aberta aversão à Daemon Targaryen, havia um pequeno ruído entre ele e o Rei, mas em geral suas palavras encontravam ouvidos abertos às críticas do irmão, portanto Otto se manteve com força no Conselho e em Westeros até que seu jogo ficasse mais claro.

Primeiro, com a morte de Aemma Arryn e o único herdeiro homem de Viserys, Otto foi rápido: melhor nomear Rhaenyra como sucessora para evitar que Daemon possa vir a ocupar o trono. Alicent já era a maior confidente da princesa e assim os Hightowers estariam “assegurados”, mas não era o suficiente. Se antecipando ao que viria em seguida – a cobrança de um novo casamento para o Rei – Otto imediatamente recomendou que sua filha secretamente “consolasse” Viserys, ainda nos primeiros dias de viuvez. A aposta deu certo porque as candidatas eram muito jovens (Laena Velaryon tinha apenas 12 anos) e ninguém efetivamente entendia a tristeza da perda como Alicent, que já tinha perdido sua mãe. Deu certo: Alicent se tornou rainha e logo providenciou um filho homem, Aegon II. Só que, para surpresa de Otto, Viserys I estava determinado em manter sua palavras: a rainha após ele seria Rhaenyra

Ao ter que forçar a mão, Otto se expôs. Rhaenyra estava facilitando com um comportamento rebelde e irresponsável, mas, ao insistir na troca da sucessão para Aegon II, colocar na mesa a sugestão de casá-lo com a irmã e também continuamente tentar arruinar o nome da princesa, Otto não apenas irritou ao Rei como Rhaenyra também. Sua estratégia ficou óbvia, Viserys entendeu que seu casamento com Alicent fazia parte de um plano e demite o sogro. Em 13 anos, no entanto, quando perde o substituto – Ser Lyonel Strong – Viserys acaba cedendo à esposa e traz Otto de volta. A essa altura, Otto só quer derrubar Rhaenyra e finalmente consegue colher o que plantou em Alicent. Depois de alimentar a filha com insegurança em relação às vidas de Aegon, Helaena e Aemond (e também o fato de que os filhos da princesa são claramente bastardos), Otto encontra em Alicent o apoio para agir. Nos despedimos dele como Mão do Rei de seu neto, Aegon II, o usurpador.

Otto é calculista, é prático e ambicioso, mas não foi ele quem matou Ser Lyonel (foi Ser Larys) e portanto está mais para um Littlefinger do que Twyin, mas é preciso aguardar. A interpretação ambígua de Rhys Ifan trazem momentos em que ficamos na dúvida se ele tem amor por Alicent ou se a manipula sem sensibilidade, não é claro. Ele curte os netos (em especial a neta) e de alguma forma parece acreditar que está fazendo o melhor para Westeros. Será?

A mesma dúvida não temos na Casa Lannister. Twyin era tão cruel que a canção escrita para ele – Rains of Castamere – canta como ele eliminou seus inimigos os afogando sem dó. Entre os filhos, só gostava de Jaime e mesmo assim, com ressalvas. Twyin tinha horror à Tyrion pela aparência física e devassidão moral. Tinha impaciência com as ambições de Cersei, que considerava menos inteligente e que só tinha utilidade como peça política trocada em casamentos. E os netos? Detestava Joffrey e mandava em Tommen, só não o vimos com Marcella.

Politicamente a acensão de Twyin para a posição de Mão do Rei lembra em alguns momentos a de Otto Hightower. Como primogênito de Tytos Lannister e Jeyne Marbrand, Tywin foi ainda jovem para a corte, servindo como copeiro na corte do Rei Aegon V e ficando muito amigo do Príncipe Aerys. Apaixonado por sua prima, Joanna Lannister, que era dama de companhia da princesa Rhaella, Twyin se revelou exímio cavaleiro e ótimo estrategista.

Com a ascensão de Aerys II ao trono, foi escolhido como a nova Mão do Rei depois da crueldade demonstrada na revolta de Reyne-Tarbeck. Se provando também como um administrador brilhante, os primeiros 10 anos do reinado de Aerys foram prósperos. Mas um conflito pessoal entre amigos azedou a relação. É que alguns alegam que o Rei também passou a se interessar por Joanna, já casada com Tywin, e ela foi dispensada da Corte. Em Casterly Rock, nasceram os gêmeos Jaime e Cersei, e quando o pai de Twyin morreu, ele herdou a fortuna de sua família.

Depois de uma década se entendendo como irmãos, Aerys e Tywin começaram a bater de frente, com o Rei desfazendo dos comandos da Mão, insultando publicamente Joanna, negando a sugestão de casar o príncipe Rhaegar com Cersei e recusando a renúncia de Twyin da posição. Quando Joanna morreu ao dar à luz Tyrion, Tywin passou a culpar o filho pela tragédia e ficou mais taciturno. Logo o destino o ajudaria.

Quando Rhaegar “sequestrou” Lyanna Stark e provocou a Rebelião de Robert, Tywin foi ambíguo. Ignorou os apelos às armas dos dois lados até que Robert Baratheon matou o príncipe herdeiro. Se unindo ao usurpador, que aceitou se casar com Cersei como parte da aliança entre suas casas, Twyin enganou nem precisou lutar porque Jaime matou Aerys e Robert virou rei.

As mortes diretamente executadas por Twyin só não maiores em números do que as que deu ordens: como os assassinatos de Elia Martell, e seus dois filhos pequenos, Rhaenys e Aegon, mandou violentar e matar Tysha, a camponesa com quem Tyrion tinha secretamente se casado, ordenou a execução de Robb Stark e seus seguidores no Casamento Vermelho, ia condenar Tyrion por um crime do qual era inocente e seguiria fazendo mais atrocidades se o seu caçula não o tivesse matado com uma flechada no coração.

O destino de Otto – depois de a vitória passageira de Rhaenyra – será a execução, o que foi um fim bem mais nobre do que o de Twyin. Mas, como Mãos e avós de Reis, os dois têm uma ligação, mesmo que seja negativa.

Será que mudaremos de opinião na segunda temporada de House of the Dragon?

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